No primeiro dia, outras 20 pessoas ficaram feridas depois que um dos carros alegóricos do Paraíso do Tuiuti entrou torto na pista e imprensou pessoas que estavam junto ao setor 1. Uma delas ainda corre risco de vida. O acidente da Tijuca também foi no setor 1, área mais popular da Marquês de Sapucaí.
“É um ano catastrófico, um carnaval para se esquecer. Tenho 46 anos de desfiles e isso nunca aconteceu. Não há explicação para isso”, disse Jorge Perlingeiro, diretor artístico da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e apresentador da apuração.
A apresentação da Tijuca foi muito prejudicada, porque o carro quebrado empacou no começo da avenida, onde ficou boa parte do desfile, impedindo a passagem dos quatro seguintes. Depois, foi manobrado e participou do desfile, ainda que desfalcado. Para evitar o atraso na apresentação e não deixar buracos na avenida, integrantes das alas que vinham depois da alegoria deram a volta no veículo apressados. Ainda assim, a Tijuca estourou o limite de tempo em um minuto – o máximo passou de 82 para 75 minutos neste ano. A escola será penalizada em 0,1 ponto, conforme o regulamento deste ano.
O carro com problema representava a cidade de Nova Orleans no enredo sobre a música negra nos Estados Unidos e no Brasil, inspirado num encontro ocorrido em 1957, no Rio, entre Louis Armstrong e Pixinguinha. A evolução ficou parada e os componentes, que vêm acostumados com boas colocações nos últimos anos (desde 2010, foi campeã três vezes, e vice, duas) choraram, desolados e temendo o rebaixamento para a série A, a segunda divisão do carnaval carioca.
“Estou muito assustada. Estava na parte de baixo do carro. Ouvi um barulho de algo caindo e o cheiro de queimado. O público que avisou a gente”, disse a destaque Nivea Vieira, de 44 anos. “Foi um barulho muito alto, assustador”, relatou outro, o nutricionista André Luis de Carvalho, de 32. “É muito triste, mas vamos lutar. Não vamos perder a esperança. É a minha escola que eu amo muito”.
A secretária Suzane Pereira, de 38, viu da plateia do setor 1. “Foi horrível, caiu e agora está pegando fogo lá em cima (do carro). Tem gente ferida, um susto enorme”.
O carnavalesco Mauro Quintaes, de 58 anos, um dos cinco integrantes da comissão de carnaval da Unidos da Tijuca, suspeita que uma “fadiga” do ferro usado na estrutura do carro alegórico tenha provocado a queda. “Em 32 anos de carnaval nunca vi nada parecido. Fizemos ensaios desde dezembro em cima do carro e nunca houve nem indício de problema. Os bombeiros fizeram a vistoria e também aprovaram, sem suspeitar de nada. Foi uma fatalidade”, afirmou.
Depois de um pedido de oração puxado pelo presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, em homenagem às vítimas do Tuiuti, a segunda noite de desfiles já havia começado com um susto. A União da Ilha, que carnavalizou tradições e ritos de povos bantos, teve dificuldade para manobrar seu quinto e penúltimo carro, que era muito grande e acabou ficando mais próximo do que deveria do gradil do setor 1. O público ficou apreensivo.
No local, já havia sido instalada uma grade extra de proteção, no sentido de impedir que pessoas na primeira fileira da arquibancada se aproximassem da pista. O fim do desfile também foi tumultuado. O mesmo carro empacou na dispersão, foi empurrado e bateu (sem força) no estúdio de transmissão da TV Globo. A sexta alegoria, na sequência, não conseguia passar por conta disso. O outro incidente foi na Mocidade. Um queijo (local onde ficam destaques) desabou e a destaque caiu. Ela não se feriu porque a altura era pequena. Foi o único dos acidentes que não ocorreu no setor 1, e sim mais adiante na avenida.