Manifestantes e mulheres de PMs se enfrentam no ES

Grupos de moradores foram até as portas de Batalhões da Polícia Militar do Espírito Santo, na tarde desta terça-feira (7), para tentar convencer as mulheres de PMs a encerrarem os protestos que impedem o policiamento das ruas. Atos desse tipo acontecem em Vitória, Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim.

Em Vitória, o Exército precisou ir ao local para controlar a manifestação e restabelecer o trânsito. Houve confornto entre manifestantes e o Exército usou gás de pimenta para acabar com o tumulto. Além disso, um mortorista tentou passar pela multidão e foi abordado por soldados armardos. O homem é um policial, que estava à paisana. Ele apresentou o distivo e foi liberado.

Manifestantes colocaram fogo em pneus e chegaram a  interditar os dois sentidos da Avenida Maruípe, nesta tarde.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp) foi questionada sobre a estimativa de número de manifestantes, mas não respondeu. Em Vitória, uma das organizadoras do protesto de moradores estima que 200 pessoas participam do ato.

Desde sábado, familiares dos PMs – a maioria mulheres – protestam em frente aos batalhões impedindo a saída dos militares. Os manifestantes pedem reajuste salarial e melhorias na carreira; entenda.

Sem a polícia nas ruas, uma onda de crimes tomou conta da Grande Vitória e de cidades do interior onde os protestos também acontecem.

Nesta terça-feira (7),  grupos de moradores decidiram ir até o 10º Batalhão, em Guarapari, o 9º Batalhão, em Cachoeiro de Itapemirim, e o Quartel de Maruípe, em Vitória, para convencer os manifestantes a desobstruírem as unidades. Eles querem a volta do policiamento e pedem mais segurança.

Vitória
Em Vitória, um grupo fechou a avenida Maruípe, em frente ao quartel. Os manifestantes também querem o fim do ato dos familiares de PMs e a volta do policiamento nas ruas. Eles colocaram fogo em pneus e impediram a passagem dos veículos.

“Os policiais precisam ir para a rua trabalhar. Ninguém aguenta mais. É escola fechada, posto fechado, supermercado assaltado, pessoas sendo assaltadas, sendo mortas e agredidas. Nem que seja 10%, 20% [do efetivo], nós queremos eles na rua”, disse a vendedora Luciana Rafael.

Homens do Exército chegaram ao local para controlar o protesto. Eles desobstruíram a rua, limparam a via e restabeleceram o trânsito no local.

Cronologia do protesto na capital:

– Às 16h30, moradores começaram a protestar em frente ao Quartel de Maruípe, em Vitória, pedindo a volta do policiamento.

– Às 16h45, os moradores bloquearam duas vias da Avenida Maruípe, impedindo a passagem dos carros.

– Às 17h, os moradores espalharam lixo pela avenida e atearam fogo em pneus.

– Às 17h12, homens do Exército chegaram ao local para controlar o ato. Eles limparam a via e restabeleceram o trânsito.

– Às 17h45, grupo favorável ao ato dos familiares dos PMs entraou em confronto com os moradores contrários à paralisação dos militares. O Exército precisou intervir novamente e usou gás de pimenta para dispersar as pessoas.

– Às 17h55, Exército abordou carro descaracterizado que estava com marca de tiros no vidro da frente. O carro foi revistado e os homens foram liberados. O carona mostrou o distintivo de policial aos homens do Exército.

– Às 17h59, moradores jogaram pedras nos homens do Exército.

– Às 18h27, o Exército continuava em frente ao Quartel de Maruípe.

– 18h33: Manifestantes invadiram a pista e foram reprimidos com gás lacrimogêneo pelo Exército.

– 18h56: Ocorreu um confronto entre moradores e militares do exército próximo ao bairro Itararé.

– 18h57: Avenida Maruípe foi totalmente interditada.

– Às 19h12, a Polícia Militar informou que a Rotam, o 4° Batalhão – Vila Velha, o 9° Batalhão – Cachoeiro de Itapemirim e o 12° Batalhão – São Mateus voltaram ao trabalho. O policiamento começa a ser reestabelecido nesta noite.

– Às 19h15, soldados estavam posicionados no meio da avenida Maruípe, entre os grupos que se manifestam contra e a favor ao ato que impede a saída dos policiais militares do quartel. Cada grupo ocupa um lado da calçada. O trânsito flui normalmente.

Guarapari
Em Guarapari, para evitar um possível confronto entre os manifestantes, um grupo de homens se posicionou em frente aos familiares que protestam na porta do batalhão. A informação é de que eles seriam policiais militares à paisana.

O professor Darcy Trabach, 26, um dos organizadores do protesto, diz que a população não vai sair de lá.

“Desde ontem à noite estamos convidando as pessoas. Graças a Deus, muitas aderiram ao nosso protesto. Mas em relação ao número de moradores do município, ainda é pequeno. Nossa intenção é aumentar, e não vamos sair enquanto algo não for resolvido”, disse.

O tenente-coronel Pessanha saiu do batalhão, pegou o microfone de um carro de som usado pelos manifestantes e garantiu que a partir das 19h os policiais militares vão para as ruas. Ele disse que esses militares estão chegando de troca de turno e que não vão entrar no Batalhão. Segundo o tenente-coronel, eles vão direto para as ruas.

Cachoeiro de Itapemirim
Na frente do 9º Batalhão, em Cachoeiro de Itapemirim, dezenas de pessoas também pedem a volta dos policiais militares às ruas.

Protestos das famílias dos PMs
Os protestos de familiares de PMs acontecem em toda a Região Metropolitana de Vitória, Guarapari, Linhares e Aracruz, Colatina e Piúma. Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Sargento Renato, há manifestantes inclusive em frente à cavalaria, BME, batalhão de transito e Quartel General da PM.

Além do reajuste salarial, os familiares pedem o pagamento de auxílio-alimentação, adicional noturno e por periculosidade e insalubridade. Também são denunciados o sucateamento da frota e falta de perspectiva de carreira.

Eles protestam pelos seus familiares porque os policiais militares são proibidos pelo Código Penal Militar de protestar, fazer greve ou paralisação. A pena para o PM que tomar parte em atos desse tipo pode chegar a dois anos de prisão.

Entenda a crise na segurança no ES

– Os PMs reivindicam aumento nos salários (reposição da inflação e ganho real de 10%), pagamento de benefícios e adicionais e criticam as más condições de trabalho.

– Como os PMs não podem fazer greve, as famílias foram para a frente dos batalhões para impedir a saída das viaturas policiais.

– O bloqueio começou no sábado (4) e atinge a Grande Vitória e cidades como Linhares, Aracruz, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma.

– Desde então, a Grande Vitória registrou 75 mortes violentas, ante 4 em todo o mês de janeiro, segundo o sindicato da Polícia Civil.

– Escolas, postos de saúde e parte do comércio estão fechados desde segunda-feira (6), quando ônibus também pararam de circular. Os coletivos voltaram a rodar na manhã desta terça (7), mas serão recolhidos novamente às 19h.

– 1.000 homens das Forças Armadas fazem policiamento na Grande Vitória desde segunda; 200 integrantes da Força Nacional começam a atuar nesta terça.

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Exército
No início da noite desta segunda-feira (6), o Exército começou a atuar nas ruas da Grande Vitória. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a partir desta terça, 1,2 mil homens das Forças Armadas e Nacional estarão nas ruas de todo o Espírito Santo.

Ao cruzarem as ruas da Grande Vitória, os soldados foram aplaudidos pelos moradores, que passaram dias sem segurança.

 

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