Perícia confirma versão de policial em caso de morte de alagoano em blitz na Paraíba

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A reconstituição feita pelo Instituto de Polícia Científica (IPC) confirma a versão do policial sobre o caso em que o universitário Cícero Maximino da Silva Júnior, de 20 anos, foi morto durante uma blitz na orla de João Pessoa. A informação é do gerente operacional de Criminalística do IPC, Marcelo Burity. O universitário, que morava em Alagoas, morreu após ser baleado no pescoço por um policial militar durante uma blitz na Avenida João Maurício, na orla de Manaíra.

Segundo Burity, o laudo da reprodução simulada confirma a versão do policial que atirou contra o universitário e não é compatível com a versão do condutor da motocicleta. “Ele disse uma coisa e não foi isso que foi levantado”, disse. A perícia levou em consideração as duas versões do caso, as lesões no corpo de Cícero e algumas filmagens da região.

A versão da Polícia Militar é de que o disparo aconteceu em uma “ação de defesa”. Já o condutor da moto em que o jovem estava apresentou uma versão oposta à da PM.

Marcelo Burity explicou que a reprodução simulada, mais conhecida como reconstituição, compara duas versões conflitantes do caso com os vestígios encontrados no local do crime e aponta qual das versões é compatível. O laudo foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios, que vai concluir o inquérito.

A reconstituição do crime aconteceu na noite do dia 3, durou três horas e contou com a participação o policial militar que baleou o universitário na blitz e o condutor da motocicleta, amigo de Cícero Maximino Júnior.

Laudo cadavérico

Em novembro, o delegado Reinaldo Nóbrega, responsável pelo caso, já havia divulgado que o tiro que matou o universitário perfurou o pescoço da vítima pela frente. A informação tem como base o laudo cadavérico. “Na hora do disparo, a ação do policial foi coerente. O condutor da moto disse que o tiro foi pelas costas e, na verdade, o laudo demonstrou que o tiro foi pela frente”, acrescentou. De acordo com o delegado, não há dúvidas de que o motociclista e o universitário, que seguia no carona, viram o policial com a arma apontada.

Sobre a arma encontrada no local da blitz e indicada pela polícia como pertencente a um dos ocupantes da moto, Reinaldo Nóbrega explicou que está sendo feita uma análise no revólver para identificar a numeração da arma. “Foi necessário um exame químico metalográfico. Eles raspam a arma, o metal com produtos químicos, como fazem com carros adulterados, para encontrar o registro dessa arma”, explicou.

O laudo cadavérico também confronta a versão dada pelo motociclista sobrevivente, que disse que o universitário tinha sido baleado pelas costas quando eles já tinham passado pela blitz. “Se realmente ocorreu isso, o caso seria uma legítima defesa, mas estamos esperando o resultado da reconstituição do crime para poder nos posicionar de maneira mais concreta”, pontuou Reinaldo Nóbrega, acrescentando o fato da moto ter avançado contra o policial e um dos ocupantes ter feito menção de sacar uma arma.

Advogado do PM diz que pode ter sido acidental

O advogado do policial militar autor do disparo que matou o universitário, Harley Cordeiro, diz que o tiro pode ter sido acidentou. “Um rapaz invadiu a blitz, ultrapassou, e o policial já estava em uma outra abordagem, já estava na contenção de outro rapaz que tinha invadido, quando veio a moto para cima dele, e ele não teve outra alternativa que não agir no estrito cumprimento do dever legal”, detalhou.

Ainda segundo o advogado, o policial envolvido no caso não informou se os ocupantes da moto estavam armados. “A moto já veio para cima dele, o pessoal ficou gritando ‘a moto’, quando foi em cima dele, ele não teve como sair. Foi no reflexo o disparo, eu acredito até que tenha sido de forma acidental”, completou Harley Cordeiro.

Ainda de acordo com Reinaldo Nóbrega, segundo o que foi colhido, a guarnição da polícia se preocupou primeiro em atender e prestar socorro à vítima. “Pouco tempo depois, uma pessoa encontrou essa arma aqui, ao solo. O local exato onde essa arma foi encontrada a gente não sabe. Essa pessoa acionou o Ciop [Centro Integrado de Operações Policiais] e uma outra guarnição apreendeu essa arma e levou direto para delegacia de Homicídios. A gente não tem a gravação da ligação ao Ciop, só tem o registro da ligação. E como é resguardado o anonimato ao denunciante, a gente não sabe quem foi essa pessoa”, completou.

Fonte: G1

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