Renzi anuncia renúncia após população rejeitar reforma da Constituição

REN04 ROMA (ITALIA) 24/06/2016.- El primer ministro italiano, Matteo Renzi, durante una rueda de prensa celebrada en el Palacio Chigi, Roma, Italia, hoy, 24 de junio de 2016. Renzi lamentó el resultado del "brexit", defendió que Europa es el futuro y abogó por la construcción de una Unión Europea (UE) "más humana y más justa". El Reino Unido votó a favor de abandonar la Unión Europea (UE) tras conseguir el 52% del respaldo ciudadano frente al 48% que apoyó la permanencia, en el referéndum celebrado este jueves sobre su relación con el bloque comunitario. EFE/Angelo Carconi

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, renunciou ao cargo após pesquisas de boca de urna divulgadas no final da noite deste domingo, 4, na Itália indicarem que a população rejeitaria a proposta de reforma da Constituição apreciada em um referendo realizado ontem. Segundo os prognósticos, o “não” venceria com entre 54% e 58% dos votos, contra 42% a 46% do “sim”. “Meu governo termina hoje”, afirmou Renzi após a divulgação dos primeiros resultados.

O veredicto veio após uma campanha que opôs reformistas contra líderes populistas, extremistas de direita, radicais de esquerda e uma parte da intelectualidade italiana.

A reforma constitucional, um tema altamente técnico, dividiu até mesmo constitucionalistas e cientistas políticos italianos. O texto previa entre outras medidas a reestruturação do Senado, que passaria de 315 a 100 senadores, e cujo perfil passaria a ser de representação regional, sem direito a derrubar o premiê. Além disso, a eleição do presidente da República pelo Parlamento seria simplificada. O espírito geral da reforma era redistribuir parte das atribuições do Estado, transferindo novas responsabilidades dos governos regionais a Roma, o que reforçaria os poderes do chefe de governo.

Esse ponto foi um dos que mais mobilizou a oposição de intelectuais italianos, preocupados com a possibilidade de que um governo extremista vencesse eleições futuras e tivesse poderes excessivos. Por outro lado, os próprios populistas e extremistas de direita haviam feito campanha pelo “não”, com o objetivo de minar o futuro político de Matteo Renzi.

Ao longo de uma campanha violenta, a opinião pública se mobilizou e fez com que o referendo constitucional se transformasse em um plebiscito informal sobre o governo de Renzi. Neste domingo, às 20h (horário de Brasília), quando as urnas ainda estavam abertas, o Ministério do Interior contabilizava uma alta participação, de 57,2% em média no país que conta com 46 milhões de eleitores.

A maior mobilização ocorreu em Veneza, onde 67,86% dos eleitores foram às urnas, à frente de Florença, com 67,45%. Em Roma, a participação ficou próxima da média, de 56,86%.

Ao longo do domingo, o populista Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), e Matteo Salvini, chefe do partido de extrema direita Liga Norte, provocaram polêmica ao denunciar supostas fraudes em razão de um lápis especial disponibilizado nas seções eleitorais. Segundo Salvini, a opção do eleitor poderia ser apagada e alterada. “Começam a chegar relatórios de lápis que podem ser apagados com uma simples borracha”, advertiu o extremista em entrevista.

As denúncias de fraude só aumentaram a tensão eleitoral que cercou o referendo nos últimos dias. Na sexta-feira, Beppe Grillo exortou os italianos a votarem “com as tripas” no que ele chamou de defesa “de suas liberdades e de sua independência”. O objetivo do M5S é forçar eleições antecipadas caso a vitória do “não” se confirme, uma hipótese que se reforçaria caso Renzi confirme sua intenção de se demitir do cargo, assumindo a responsabilidade pela derrota.

Para o cientista político Luigi Buonanato, da Universidade de Turim, a hipótese de que Renzi deixe a chefia de governo é pequena, mas seu futuro político pode ter sido comprometido caso a derrota nas urnas de fato se confirme. “Renzi acabará permanecendo primeiro-ministro qualquer que seja o resultado. Mas sua corrida à glória nas eleições de 2018 não vai acontecer”, disse. Analistas acreditam que o presidente do país, Sergio Mattarella, não dissolverá o Parlamento do país e não convocará eleições.

 

Fonte: Estadão

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