Segundo publica neste sábado o jornal de La Paz La Razón, a funcionária não fez nenhuma observação a seus superiores sobre o plano de voo do avião que devia cobrir a distância entre Santa Cruz (Bolívia) e Medellín (Colômbia) para que os jogadores da Chapecoense disputaram a final da Copa Sul-Americana.
De acordo com a denúncia, a funcionária acusada só reportou o relatório sobre o plano de voo no dia seguinte ao qual aconteceu o acidente, em 29 de novembro.
Neste relatório, a funcionária do Escritório de Notificação dos Serviços de Passagem Aérea da AASANA observou que a autonomia de voo do avião era igual ao trajeto e só estava indicado um aeroporto alternativo de aterrissagem e não dois, como exige a legislação.
Esta circunstância confirmaria que a causa do acidente foi a falta de combustível do avião.
Uma fonte da Promotoria de Santa Cruz explicou à Agência Efe que a cidadã denunciada ainda não enfrenta acusações específicas, já que a denúncia foi tramitada durante a tarde de sexta-feira e o Ministério Público ainda tem que analisá-la.
O governo boliviano anunciou anteriormente que vai investigar a AASANA, o órgão encarregado de supervisionar os planos de voo, e a Direção General de Aeronáutica Civil (CGAC), encarregada da supervisão técnica das aeronaves.
Precisamente o diretor do registro aeronáutico nacional da CGAC se chama Gustavo Vargas Villegas, enquanto o diretor-geral de Lamia se chama Gustavo Vargas Gamboa.
De acordo com a imprensa local, o diretor-geral da Lamia seria pai do diretor da DGAC, suspenso junto a todos as outras pessoas que tinham cargos no organismo desde quinta-feira.
O ministro de presidência, Juan Ramón Quintana, disse neste sábado em entrevista coletiva que o que lhe chama “poderosamente a atenção” é que o “filho do general Vargas (o diretor-geral de Lamia) seja responsável por outorgar as licenças” e se perguntou se houve tráfico de influência.
Quintana afirmou que investigar essa circunstância é “responsabilidade exclusiva do Ministério Público”.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o próprio Quintana, viajaram em 15 de novembro no mesmo avião que caiu para cobrir um trajeto entre as cidades do departamento de Beni (norte) de Rurrenabaque e Trinidad, segundo reconheceu o ministro.
Apesar disso, Morales disse na sexta que desconhecia que a Lamia fosse uma companhia aérea de matrícula boliviana.
Um técnico da Lamia que foi um dos sobreviventes do fatal acidente, Erwin Tumiri, chegou hoje à Bolívia pelo aeroporto de El Alto -o mais próximo a La Paz- em um voo de Avianca procedente da Colômbia e viajou depois para Cochabamba, onde vive sua família, segundo recolhem os meios de comunicação locais.
O procurador-geral do Estado, Ramiro José Guerrero, anunciou na sexta-feira pela tarde que convidou seus colegas da Colômbia e Brasil a se reunirem na cidade de Santa Cruz para analisar o acidente.
O avião da companhia boliviana Lamia caiu na noite de 28 de novembro perto de Medellín, um acidente que causou a morte de 71 pessoas entre jogadores, comissão técnica e diretores da Chapecoense, assim como vários jornalistas e tripulantes do avião, enquanto seis pessoas sobreviveram.