Júri de Elize Matsunaga entra no 3º dia; veja as questões mais polêmicas
O julgamento de Elize Matsunaga, acusada de matar e esquartejar o marido Marcos Kitano Matsunaga em maio de 2012 entra nesta quarta-feira (30) em seu terceiro dia no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Seis testemunhas já foram ouvidas: duas babás, um detetive, um delegado, o irmão da vítima e um funcionário da empresa Yoki. Ainda faltam ser ouvidas 13 testemunhas, entre eles peritos que analisaram o local do crime e o corpo esquartejado de Marcos.
1) Marcos Matsunaga estava vivo quando foi esquartejado?
Acusação: A promotoria sustenta que a vítima morreu depois que teve o pescoço cortado pela mulher. “Se ele não tivesse respirando, esse sangue não desceria para o pulmão, e isso foi a causa da asfixia. Então você junta o tiro com a ingestão do sangue que causou a asfixia. É essa a nossa sustentação de ordem rigorosamente técnica”, diz o promotor José Carlos Cosenzo.
Defesa: Para os advogados de Elize, o corpo de Marcos foi cortado horas depois de ele ter morrido. “As três qualificadoras que o promotor colocou são absolutamente incabíveis. Elas são manifestamente contrárias às provas que estão no processo. Colocar essas qualificadoras para ela é querer vingança pública absolutamente inadmissível nos dias de hoje”, afirma o advogado Luciano Santoro.
2) Elize premeditou o crime?
Acusação: Para a promotoria, a ré forjou uma viagem para Curitiba para deixar o marido livre para sair com uma amante. Contratou um detetive para obter o flagrante. Comprou uma serra elétrica na véspera do crime. “Há elementos que nos trazem convicções de que o crime foi premeditado”, diz Luiz Flávio Borges d’Urso, assistente da promotoria.
Defesa: A defesa alega que Elize agiu sob forte emoção e não premeditou o crime. E que a serra elétrica foi comprada a pedido de Marcos, e nem foi usada para cortar o corpo da vítima. Se o crime era premeditado, para ela usar uma serra elétrica, por que que ela não usaria? Então, nao tem lógica nesse argumento da acusação”, diz Luciano Santoro, advogado de Elize.
3) Qual foi a distância do tiro dado por Elize no marido?
Acusação: A promotoria sustenta que o tiro foi dado à queima-roupa, entre 15 e 20 centímetros de distância. “O tiro foi disparado de cima pra baixo, da esquerda para direita e de frente pra tras. O que seria impossivel se ele tivesse na posição que ela diz que estava a um metro e meio de distância”, diz o promotor José Cosenzo. “Só atira de cima pra baixo, uma pessoa menor em uma maior , se ela tava esperando a pessoa chegar”.
Defesa: A defesa alega que a distância foi de mais de um metro e meio. “Quem premeditou, vai usar a propria arma? Não tem lógica nesse argumento”, diz Santoro.
4) A vítima teve chance de reagir?
Acusação: A promotoria diz que Marcos não teve chances de reagir. Alega que ele entrou no apartamento segurando uma pizza com uma mão e a porta com a outra e Elize já esperava com a arma apontada.
Defesa: A defesa alega que Marcos era muito mais forte que Elize e que ela atirou depois de ter levado um tapa do marido.
5) O casal tinha bom relacionamento?
Acusação: Segundo depoimento de Mauro Matsunaga, irmão de Marcos, o empresário tratava a esposa “como uma princesa” e a família não sabia que ela tinha sido garota de programa. Mauro disse que Marcos “endeusava” Elize e que era completamente apaixonado por ela. Relatou que eles viajavam muito e tinham padrão de pessoas ricas. A casa tinha padrão financeiro alto e ele gastava mais dinheiro com Elize do que com ele mesmo.
Defesa: O delegado Mauro Dias, que conduziu a investigação, diz que investigação mostrou que relação do casal estava “péssima”. Segundo ele, Marcos humilhava constantemente a ré. O delegado contou que Elize lhe disse que era chamada por Marcos de “vagabunda, prostituta, puta de quinta categoria, que só servia para abrir as pernas e ele já tinha o que queria dela, que era uma filha.”
6) Elize teve ajuda de mais alguém?
Acusação: “Eu sou promotor de justiça, eu não invento laudo. Eu trabalho com laudos. O perito me dá o laudo que tem duas ou mais pessoas na cena do crime. Primeiro que quem fez os cortes nos membros superiores e no pescoço não conhece nem um pouco de técnicas de anatomia. Aquele que fez o abdômen e o joelho é profundo conhecedor de anatomia. Quem faz um corte de anatomia, que consegue segurar os órgãos nobres é evidente que não pode fazer sozinho. Tecnicamente não faz sozinho”, disse Consenzo após o primeiro dia de julgamento.
Defesa: “Ela esquartejou sozinha. O promotor está a quatro anos e meio tentando encontrar essa terceira pessoa e até agora não achou vai ficar muito claro com o depoimento do delegado que não a terceira pessoa”, disse o advogado Santoro.
7) Qual foi o motivo do crime?
Acusação: Para a Promotoria, Elize matou o marido para ficar com o dinheiro de um seguro de vida no valor de R$ 600 mil. Elize descobriu que estava sendo traída e não queria acabar o casamento e não queria ficar pobre. Diz que só confessou o crime depois que se descobriu depois que esteve no local onde os corpos foram achados. Além disso, enviou e-mails depois de ter matado o marido fingindo se passar por ele. E premeditou o crime, segundo a promotoria.
Defesa: Agiu sobre violenta emoção para se defender das agressões dele e não aguentou ser humilhada pelo marido, de acordo com a defesa. “Ela matou o Marcos em um momento de intensa discussão, em uma briga, no desenrolar de um fato que ela não esperava. Ela não desejava matar o seu marido, mas infelizmente, de acordo com aquela discussão tão elevada que houve, a agressão já estava ocorrendo há meses na sua casa”, disse Luciano Santoro, advogado de defesa.
Crime
Elize e Marcos eram casados na época do assassinato, em 19 de maio de 2012. Ela tinha 30 anos e ele, 42. O crime teria ocorrido durante uma discussão do casal.
Ela contou que flagrou a traição de Marcos com uma prostituta após contratar um detetive particular. Elize também havia sido garota de programa quando conheceu o empresário.
O casal tem uma filha, atualmente com 5 anos, que está sob cuidados de familiares do pai.
Após atirar na cabeça do marido, Elize contou que esquartejou o corpo dele, o ensacou e jogou as sete partes em terrenos de Cotia, na Grande São Paulo.
A família de Marcos denunciou o desaparecimento dele no dia 21 daquele mês. Duas semanas depois, Elize foi presa e confessou ter matado o marido.
Em São Paulo, a filha de Elize está sob a guarda provisória dos avós paternos por decisão da Justiça.