Polícia conclui que professor da Ufal teria reagido a assalto
A Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP) apresentou, em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira (22), quatro suspeitos de participar de um grupo criminoso responsável pela morte do professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Daniel Thiele.
O mesmo grupo, segundo a polícia, também teria envolvimento em assaltos, tráfico e outros crimes cometidos na capital. De acordo com o delegado Felipe Caldas, o professor universitário foi morto após reagir à abordagem dos suspeitos, que roubaram o jogo de roda de seu veículo e um aparelho celular.
Ainda de acordo com o coordenador da Antissequestro da Deic, o suspeito identificado como Thiago Anderson Lima da Silva foi preso e apontado como o responsável direto da morte do professor. Thiago também seria o autor do assalto que deixou feridos o casal Leonardo Albuquerque e Jéssica Valéria Siqueira – o crime aconteceu no último dia 20, no Conjunto Santo Eduardo, parte baixa de Maceió.
As diligências realizadas pelas equipes da Deic apontam também que os suspeitos Thiago e Anderson da Silva Lima seguiram o professor da Ufal até um local ermo da capital, abordando-o para, logo em seguida, anunciar o assalto. Armados, os suspeitos conduziram o professor até uma área de mata na cidade de Rio Largo, região metropolitana de Maceió, onde ele foi executado, com os acusados – ainda segundo a polícia – fugindo com o jogo de roda do automóvel e o celular da vítima.
A investigação apontou também que outro veículo deu apoio aos suspeitos, quando estes seguiam o professor dentro do campus da Ufal. A polícia afirma acreditar que o professor foi escolhido como vítima ao passar com seu carro no local de trabalho. À imprensa, Felipe Caldas explicou que, apesar das diligências da equipe da Deic, não há como se afirmar, com exatidão, o local onde o professor foi abordado pelos criminosos.
“Foi uma tentativa de roubo, com reação da vítima que culminou, infelizmente, na morte do professor”, explicou Caldas, acrescentado que Anderson da Silva Lima foi quem efetuou o disparo contra o professor.
Uma terceira pessoa que também teve participação no caso encontra-se foragida. Já outros dois suspeitos, identificados como Fabiano da Silva Rocha e Luís Fernando Gonçalves, chegaram ao local do crime em uma motocicleta minutos depois para dar apoio à ação criminosa. Segundo o delegado, o material roubado do professor foi vendido pelos acusados, com a polícia tendo localizado o anúncio de venda, monitorando os autores do crime.
A polícia conseguiu recuperar o telefone celular e, por meio de fotos, localizou a pessoa que havia comprado o aparelho. O comprador, por sua vez, reconheceu Thiago, um dos suspeitos, como o vendedor. “O grupo é bastante conhecido por casos de roubo aqui em Maceió”, reforçou o delegado.
Outras quatro pessoas que fazem parte da mesma quadrilha, também foram apresentadas pela Segurança Pública. Foram elas: Jaciano Moreira dos Santos, Paulo Henrique Fernandes Bezerra, Elizeu Ramos da Silva e Marcos Vinicius Dantas de Oliveira.
Jogo de rodas e celulares
De acordo com o delegado Felipe Caldas, após roubarem os objetos da vítima, o grupo criminoso imediatamente decidiu vender os produtos. O jogo de roda – novo e avaliado em R$ 7 mil – havia sido revendido pelo preço de R$ 1 mil. O comprador, por sua vez, revendeu o produto pela quantia de R$ 1.500.
“A diferença de preço exorbitante nos chamou a atenção e o jogo de roda era idêntico ao do professor, conforme nos detalhou o irmão da vítima, que também nos apresentou a nota fiscal de compra. Ao identificarmos este vendedor, ele reconheceu, por meio de fotos, a pessoa que havia vendido para ele por mil reais”, explicou.
Sobre o aparelho celular, o delegado afirmou que os criminosos se desfizeram do chip e depois venderam o celular. Por meio de rastreamento, eles conseguiram localizar o aparelho, que já havia sido revendido outras duas vezes.
Prisão por engano
No início de outubro, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) convocou uma entrevista coletiva à imprensa para apresentar dois irmãos acusados na participação da morte do professor, inclusive, que havia sido descartada a hipótese de latrocínio. Émerson Palmeira da Silva e Anderson Leandro Palmeira da Silva eram apontados como autores do crime.
Cinco dias após a prisão, a advogada de defesa, Cláudia Xavier, entrou com um pedido de habeas corpus após apresentar provas de que os irmãos não tiveram participação no crime, inclusive com imagens de circuitos de segurança mostrando que eles estavam em locais distantes de onde ocorreu a morte do professor.
De acordo com o delegado Felipe Caldas, um dos irmãos encontrou o chip do professor e efetuou uma ligação e isso foi o necessário para apontá-lo como um dos suspeitos do crime. O pedido de prisão temporária teria sido o melhor mecanismo no momento para as investigações.
“A ligação que um deles fez para o irmão o colocava como um dos suspeitos e o outro como cúmplice. O pedido de prisão temporária era a melhor maneira de saber sobre o crime e possível participação deles. Após a advogada apresentar provas e um álibi, decidi pedir ao juiz a revogação da prisão”, finalizou.