Ré na Lava Jato, Claudia Cruz é interrogada pelo juiz Sérgio Moro
A jornalista Claudia Cruz, esposa do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será interrogada pelo juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira (16). Ela é ré em um dos processos da Operação Lava Jato, acusada de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
De acordo com as investigações, Cláudia Cruz foi favorecida com parte de uma propina milionária supostamente recebida pelo marido. O dinheiro, ainda conforme a força-tarefa da Lava Jato, foi um pagamento ilícito pela viabilização da aquisição, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ela tinha consciência dos crimes que praticava e usou o dinheiro para pagar despesas de cartão de crédito no exterior em um montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos, entre 2008 e 2014.
Claudia Cruz tem o direito de ficar em silêncio e não responder aos questionamentos dos advogados, do representante do MPF e do juiz. O processo tem ainda outros três réus – dois já foram ouvidos. Para esta quarta-feira também está previsto o interrogatório do empresário Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira.
A denúncia
De acordo com as investigações, Cláudia Cruz foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina milionária recebida pelo marido.
“Dinheiro público foi convertido em sapatos de luxo e roupas de grife”, disse o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa (MPF), no momento que apresentou a denúncia contra Claudia Cruz.
Em agosto, Moro aceitou o pedido da defesa de Cláudia para que fosse devolvido o passaporte dela que estava retido com a Justiça.
A decisão do juiz contraria uma petição do Ministério Público Federal (MPF), que alertou sobre a possibilidade de risco de fuga da investigada.
Na decisão, o juiz observou que a entrega do passaporte à Justiça foi iniciativa da própria defesa de Cláudia Cruz, mas determinou que possíveis viagens realizadas por ela sejam previamente informadas oficialmente.
Eduardo Cunha afirmou, em outras ocasiões, que as contas de Cláudia no exterior estavam “dentro das normas da legislação brasileira”, que foram declaradas às autoridades e que não foram abastecidas por recursos ilícitos.
A defesa de Claudia Cruz afirma que a cliente “não tem qualquer relação com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas”.