Em 6 pontos: Tudo o você precisa saber sobre as eleições americanas
Em janeiro de 2017 os Estados Unidos terão um novo líder, que será escolhido em 8 de novembro após uma longa e custosa campanha. E as últimas semanas antes da votação prometem ser agitadas, com os dois candidatos viajando o país para convencer eleitores.
Quando escolhem um presidente, os americanos não definem apenas o chefe de Estado, mas também o líder do governo e o comandante do maior exército no planeta. Ou seja: a responsabilidade é grande.
Mas afinal, como funcionam as eleições presidenciais americanas? Em seis pontos, entenda o processo:
1. Quem pode ser presidente?
Tecnicamente, para se candidatar à Presidência dos Estados Unidos basta ser um cidadão “nascido” no país, ter ao menos 35 anos de idade e ser residente por 14 anos. Parece simples, certo?
Na realidade, porém, quase todos os presidentes escolhidos desde 1933 foram também governadores, senadores ou generais de cinco estrelas.
A eleição deste ano chegou a ter, em determinado momento, dez governadores ou ex-governadores e dez senadores ou ex-senadores na briga, mas a maioria deixou a corrida.
Os partidos Republicano e Democrata escolhem um representante cada para a eleição presidencial.
2. Como Hillary Clinton e Donald Trump se tornaram os candidatos?
Uma série de eleições são realizadas em cada Estado americano, a partir de fevereiro, para determinar o candidato presidencial de cada partido.
O vencedor de cada eleição coleta um número de “delegados” – membros do partido com poder de votar naquele candidato nas convenções dos partidos em julho, quando os escolhidos são confirmados.
Quanto mais Estados um candidato conquistar, mais delegados votarão nele na convenção.
A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump foram os vencedores em 2016. Consequentemente, foram nomeados por seus partidos nas convenções de julho.
Na ocasião, os vice-presidentes também foram anunciados – o senador Tim Kaine da Virginia para Hillary Clinton e o governador Mike Pence de Indiana, para Donald Trump.
3. Quais foram (até agora) as controvérsias da campanha?
Uma série de controvérsias foram motivadas por Donald Trump desde o lançamento de sua campanha, época em que o candidato, por exemplo, descreveu os imigrantes mexicanos como “estupradores e criminosos”.
A candidatura do empresário de Nova York foi marcada por diversos tumultos. Ele travou discussões com um juiz, uma Miss Universo, uma âncora da Fox News e a família muçulmana de um soldado morto. Teve ainda que se defender da não publicação de seu imposto de renda e de especulações de que não pagou impostos por 18 anos, além de questões em torno de sua instituição de caridade.
A última bomba estourou no dia 7 de outubro com a publicação de um vídeo de 2005. Nele, Trump é ouvido se referindo às mulheres em termos sexualmente ofensivos durante uma filmagem.
O furor que se seguiu obrigou o candidato a se desculpar e tentar convencer os eleitores de que as palavras do vídeo “não refletem quem eu sou”. Não foi suficiente para impedir a deserção de dezenas de republicanos, gerando uma guerra civil dentro do partido.
Agora, outras seis mulheres acusam Donald Trump de abuso sexual, e ele se defendeu vigorosamente, acusando-as de serem mentirosas e não atraentes o suficiente para chamar sua atenção.
Hillary Clinton também teve seus momentos de tensão. O estrago causado pelo uso de seu e-mail pessoal para tratar de questões de Estado foi significante. Além disso, questões foram levantadas em relação às doações estrangeiras para a Fundação Clinton.
Donald Trump também explorou o papel que Hillary teve em afastar a mulher que alegou ter tido um caso com seu marido Bill. E o WikiLeaks tem revelado e-mails hackeados que expõem conversas constrangedoras entre membros de sua equipe.
Em boa parte dos debates, os candidatos usaram essas controvérsias como motivos para os ataques mútuos.
4. Como a eleição funciona?
O candidato com mais votos em cada Estado se torna o candidato que aquele Estado vai apoiar para presidente.
Trata-se de um sistema chamado colégio eleitoral, um grupo de pessoas que escolhem o vencedor – no caso, 538. Metade deles – 270 – é o necessário para fazer um presidente.
Mas nem todos os Estados são iguais – a Califórnia, por exemplo, tem uma população mais de dez vezes maior do que a de Connecticut, então eles não têm o mesmo peso.
Quantos os cidadãos votam em um candidato, eles estão na verdade votando nos eleitores, que estão comprometidos com um candidato ou outro.
Aqui é que a coisa fica interessante. Em quase todos os Estados (com exceção de Nebraska e Maine), o vencedor fica com tudo – quem tiver mais votos em Nova York, por exemplo, fica com todos os 29 eleitores do Estado.
Na corrida para chegar ao número mágico – 270 – o que mais importa geralmente são os chamados “swing states”, Estados em que a expectativa é de disputa acirrada.
5. O que são os “swing states”?
Então temos o seguinte cenário: dois candidatos em busca de 270 votos no colégio eleitoral.
Os dois partidos pensam que podem vencer com maior facilidade em determinados Estados. Os republicanos contam com o Texas e por isso não gastam tanto dinheiro fazendo campanha lá. Já a Califórnia normalmente opta pelos democratas.
Os demais são chamados de “swing states”, onde qualquer resultado é possível. A Flórida, em particular, com seus 29 votos, decidiu a eleição de 2000 a favor de George W. Bush, que perdeu na contagem popular nacional, mas venceu no colégio eleitoral após decisão da Suprema Corte.
Outros “swing states” incluem Ohio, Virginia, Colorado, North Carolina, Nevada.
6. Quando o novo presidente começa a trabalhar?
Nos dias e semanas após a eleição – se o voto for decisivo – o candidato vitorioso vai montar seu gabinete e começar a traçar linhas mais contundentes de sua agenda política.
Enquanto isso, o presidente em exercício, prestes a se despedir, trabalha para dar forma ao seu legado e começa a empacotar seus pertences.
De acordo com a Constituição dos Estados Unidos, o presidente toma posse no dia 20 de janeiro do ano seguinte à eleição.
Fonte: BBC Brasil