Aviões, Safadão e Roberto Carlos: astros da música são alvos de investigações

1A banda Aviões do Forró, agenciada pela A3 Entretenimentos, está sendo investigada pela Receita Federal e pela Polícia Federal por fraudes relacionadas à declaração de impostos da banda. Nesta terça-feira (18), foi deflagrada a operação For All, que apreendeu R$ 600 mil em dinheiro vivo com alvos da investigação. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os cantores da banda de forró, Xand e Solange Almeida, foram conduzidos coercitivamente para depor na Superintendência da PF em Fortaleza, no Ceará. Ao todo, 26 empresas do setor estão na mira da For All.

Segundo a investigação, as 26 empresas que patrocinam as bandas subfaturavam contratos, registrando valores correspondentes a 25% e até 30% do que era de fato acertado. A PF informou que o dinheiro sonegado era usado para ampliação patrimonial dos envolvidos, tais como compra de imóveis e veículos de luxo. A Polícia Federal e a Receita estimam que a sonegação de todas as empresas investigadas alcança R$ 500 milhões. “A corrupção não existe só onde estamos acostumados a ver, na política em Brasília”, disse um dos investigadores. Segundo a PF, a Operação For All revela dois caminhos, “um mundo oficial e um mundo clandestino, subterrâneo”.

2A banda Aviões do Forró emitiu um comunicado à imprensa nesta terça (18) para falar sobre o caso.— Informamos que estamos cientes e colaborando com as investigações da Polícia Federal Brasileira. A banda Aviões está à disposição da Justiça para esclarecimentos e segue com sua agenda de shows inalterada.

Em setembro deste ano, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na empresa AudioMix, em Goiânia. Parte da operação Maus Caminhos, a investigação visa desarticular uma organização criminosa que teria desviado cerca de R$ 112 milhões do Fundo Estadual de Saúde do Amazonas. Maior escritório de gerenciamento artístico do País, a empresa é responsável pelas carreiras Wesley Safadão, Jorge e Mateus, Guilherme e Santiago, Israel Novaes e outros. Segundo a PF, a AudioMix era utilizada pelo alvo principal do esquema desarticulado pela Maus Caminhos, o empresário Mohamad Mustafa, para lavar dinheiro oriundo dos desvios milionários da área de Saúde do Amazonas. Esse, no entanto, não é o primeiro caso que envolve investigações contra artistas e escritórios importantes do país. A relação do Estado com a contratação de show tem se tornado um alvo do Ministério Público e dos Tribunais de Contas nos últimos anos.

Wesley Safadão virou o centro de uma polêmica quando foi revelado que ele receberia R$ 575 mil por show em Caruaru, Pernambuco, em junho. O caso chegou a ir para a Justiça e a apresentação quase foi cancelada, mas aconteceu no dia 25 daquele mês. Segundo o jornal O Diário Pernambucano, a 1ª Vara da Fazenda Pública da Cidade exigia explicações sobre a diferença entre os cachês cobrados pelo músico em Caruaru e Campina Grande. Na cidade pernambucana, Safadão vai se apresentar por R$ 575 mil, enquanto no evento paraibano o cachê foi avaliado em R$ 190 mil.Para acabar de vez com os boatos e comentários, Safadão decidiu doar o dinheiro. Ao final do show, ele declarou para as mais de 100 mil pessoas que foram ao evento que devolveria o cachê para a cidade.— Se o problema é dinheiro, pode espalhar aí que o meu cachê está voltando para Caruaru, para ajudar quem realmente precisa. Em Caruaru eu toco até de graça. O que eu não quero é ficar de fora dessa festa.

A prefeitura de Jutaí, no Amazonas, precisou cancelar uma apresentação de Zezé Di Camargo e Luciano depois que vereadores discordaram do pagamento de R$ 450 mil para a dupla realizar um show na Festa da Sardinha. A decisão foi divulgada no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que determinou que municípios expliquem gastos de dinheiro público com a realização de festas no atual período de crise.

Em 2015, um show de Margareth Menezes em Pernambuco virou alvo de investigação do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE). A cantora teria cobrado cachê cinco vezes maior do que foi pago para ela tocar em Salvador. Os valores, respectivamente, são de R$ 30 mil e R$ 150 mil. A cantora se justificou em nota emitida à imprensa. ‘O cachê recebido de R$ 30 mil para apresentação no dia 13 de fevereiro de 2015, em Salvador, refere-se a uma participação especial em show da cantora Mariene de Castro, denominado Sete Vozes Negras, que contou com participação de outras cinco artistas. No show, Margareth Menezes cantou apenas duas músicas’.

Um suposto esquema de superfaturamento de cachês pode ter gerado um rombo da verba da pasta da cultura de Campo Grande (MS) entre 2013 e 2014. O MPE (Ministério Público Estadual) apontou prejuízos superiores a R$ 1 milhão. Contratos sugeriam que preço das apresentações chegavam a ser 137% superiores ao custo real. Alguns desses documentos desapareceram. Um exemplo de show contratado pela Fundac (Fundação Municipal de Cultura) foi o de Peninha; um ano antes o cantor fez show contratado pelo Executivo em R$ 20 mil. No ano seguinte, levou R$ 47,5 mil.

A distorção faz lembrar o Réveillon de 1995, quando artistas da MPB foram convidados para realizar uma apresentação em homenagem a Tom Jobim. À época, Paulinho da Viola rompeu relações com Caetano Veloso ao descobrir que iria receber apenas R$ 35 mil. Gilberto Gil, Gal Costa, Chico Buarque, Milton Nascimento e Caetano receberam R$ 128 mil cada.

Em Goiânia, o valor pago para o principal show do Revéillon impressionou. Leonardo e Eduardo Costa vão receber R$ 850 mil para apresentar o projeto Cabaré. O show foi realizado pela Goiás Turismo e será financiado pelo Tesouro Estadual. O Governo local justifica o pagamento com a promessa de arrecadar R$ 2 para cada R$ 1 investido na festa. Mesmo assim, o assunto gerou discussão nas redes sociais e cidadãos sugeriram que a verba poderia ser destinada ao Canto da Primavera e à Mostra Nacional de Teatro de Porangatu (Tenpo).

3Em abril deste ano, Roberto Carlos foi citado como acionista de uma empresa em Paraíso Fiscal na série de reportagens Panama Papers. A criação de offshores não é ilegal, desde que não seja usada para sonegar impostos e lavar dinheiro. A equipe do cantor se posicionou à época. ‘Para desenvolvimento e manutenção dessa íntegra e sólida carreira, das diversas atividades correlatas, e por questões estratégicas do negócio, o Sr. Roberto Carlos efetua investimentos em empresas no Brasil e no exterior, inclusive onde permanece de três a quatro meses por ano, aproximadamente, por força de suas turnês e compromissos com gravadoras, distribuidoras, empresas de mídia televisiva e impressa’, diz a nota.

Fonte: R7

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