Especialistas preveem queda de 0,5% no consumo com horário de verão
O horário de verão deste ano começará à meia-noite deste sábado (15) para domingo (16), e especialistas ouvidos pelo G1 avaliaram que a medida gera vantagens para o país e para o setor elétrico.
Entre essas vantagens, dizem, estão a queda no consumo de energia, estimada em 0,5% (4,5% no horário de pico), e, consequentemente, a redução no consumo de água dos reservatórios.
Pelas estimativas do governo federal, com o horário de verão, será possível economizar R$ 147,5 milhões, valor referente ao custo que será evitado com o acionamento de usinas térmicas para complementar a geração de energia. O horário de verão vai até 19 de fevereiro do ano que vem.
O horário diferenciado vale para os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, além do Distrito Federal.
Entre os objetivos está a redução da demanda durante o horário de pico, que vai normalmente das 18h às 21h. Com o horário de verão, a iluminação pública, por exemplo, é acionada mais tarde, deixando de coincidir com o horário de consumo da indústria e do comércio.
Quando o horário de verão começar a valer, os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverão adiantar os relógios em uma hora (ou seja, quando for meia-noite, o relógio terá de ser ajustado para 1h).
Análise dos especialistas
O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, por exemplo, diz que, mesmo com o atual cenário de sobra de energia no sistema elétrico do país, o objetivo do horário de verão é reduzir o consumo no horário de pico.
“Espalhar o consumo ao longo do dia faz com que a demanda máxima [de energia, pelos consumidores] seja mais baixa, o que exige menos investimentos e menos custos operacionais, como o acionamento de usinas termelétricas”, afirmou Sales ao G1.
Na mesma linha, o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, concorda que o horário de verão causa efeito positivo no setor.
Ao G1, ele destacou que, apesar dos reservatórios das hidrelétricas estarem em uma situação melhor em relação ao ano passado, ainda estão em níveis abaixo da média. Dessa forma, diz, o horário de verão ajuda a economizar energia e, consequentemente, o consumo de água dos reservatórios.
“[Com] qualquer redução do consumo de energia, no fundo, estamos economizando água dos reservatórios, o que é bom para o país”, disse.
Mello destacou ainda que, como o sistema do setor elétrico é interligado, a economia gerada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste poderá ajudar a economizar água dos reservatórios do Nordeste, que podem chegar ao fim de outubro com 9,5% da sua capacidade total.
O horário de verão
No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo então Presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estreia durou quase seis meses, vigorando de 3 de outubro de 1931 a 31 de março de 1932.
No verão seguinte, a medida foi novamente adotada, mas, depois, começou a ser em períodos não consecutivos. Primeiro, entre 1949 e 1953, depois, de 1963 a 1968, voltando em 1985 até agora.
O período de vigência do horário de verão é variável, mas, em média, dura 120 dias. Em 2008, o horário de verão passou a ter caráter permanente.