“Para o pai da criança e pastor principal, ele confessou o crime e mostrou arrependimento, mas na delegacia, provavelmente orientado pelo advogado, mudou a versão e disse que não fez nada e que confessou porque estava pressionado. Para a Polícia Civil, ele não confessou e não demonstrou arrependimento”, conta Karine Maia.
Sinais de algo errado
Ainda segundo as investigações, para tentar intimidar a menina, o investigado afirmava que sabia onde ela morava e estudava. Após acompanhamento psicológico, os pais perceberam que ela apresentava alguns sinais de que algo errado estava acontecendo.
“Depois que o caso veio à tona a criança passou a ficar muito doente. Após os pais tomarem conhecimento, observaram que ela estava arredia, principalmente com a figura masculina, estava tendo dificuldades, inclusive, de ficar sozinha com o próprio pai em casa. É importante que os pais monitorem, prestem atenção nos sinais que as crianças dão”, destaca a delegada.
Karine Maia afirma que a Delegacia de Mulheres conta com uma estrutura especializada para atender casos de abuso sexual. No caso de crianças, elas são primeiramente atendidas por uma psicóloga em um espaço lúdico.
“O pai da criança procurou a delegacia denunciando e isso realmente é louvável, porque apenas 10% das vítimas de violência sexual denunciam. A denúncia é uma forma de evitar que o abusador continue cometendo crimes”, destaca.
Como a menina ainda está muito fragilizada, não foi possível que ela fosse entrevistada pela psicóloga da Polícia Civil. Por isso também, a delegada também diz que não sabe se irá pedir o exame de corpo de delito neste caso.
“O abuso sexual nem sempre deixa vestígios físicos, por isso existe a psicóloga na delegacia, para fazer a análise psicológica dessa criança. Muitas vezes o abusador, sabendo que se houver penetração vai deixar um vestígio evidente, ele pratica outros atos libidinosos. É importante denunciar, porque temos outras formas de provar”, ressalta.
O advogado do suspeito, Pedro Barnabé Carlos, diz que não concorda com a prisão do cliente, pois não existem elementos que comprovem o crime. “Não concordo porque ele esteve sempre na cidade, conforme foi reivindicado pela própria delegada. Ela solicitou que se ele fosse sair da cidade, avisasse, mas não foi impedido de transitar”, explica.
Desdobramentos da investigação
A partir da decretação da prisão temporária de João da Silva, a Polícia Civil irá ouvir outras pessoas e investigar se mais crianças foram vítimas. A PC quer ainda levantar outras informações sobre o homem, que morava em Aracaju (SE), é separado e tem dois filhos. Ele já atuava como pastor e está em Montes Claros há seis anos.
Quem quiser denunciar pode procurar pela Delegacia de Mulheres na Rua Pires e Albuquerque, 356, no Centro, ou ligar no 181 ou 190.