Vitória aparece em 1º lugar em bem-estar urbano entre as capitais
A capital capixaba soma 0,9 no ranking. Quanto mais próximo de 1,0, melhor é a condição de bem-estar urbano apresentada pela cidade. Vitória é seguida por Goiânia, com 0,8742, Curtiba, com 0,874, Belo Horizonte, com 0,8619 e Porto Alegre, com 0,8499. A última capital do ranking é Macapá, com 0,6413.
A pesquisa analisou mobilidade, condições ambientais urbanas, habitacionais, atendimento de serviços coletivos e infraestrutura. O levantamento dividiu opiniões entre os especialistas de cada área e a população.
Pontos excluídos
Para o professor e arquiteto do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Tarcísio Bahia de Andrade, dividir os indicadores em apenas cinco categorias deixou outros pontos de fora da pesquisa.
“A análise não leva em conta a área cultural, não fala sobre o problema da violência, não se aprofunda na questão do pó preto, que entra nas considerações ambientais de forma geral. Acho complicado você ter um índice sobre bem-estar sem esses dados”, pontuou.
A ausência de uma avaliação relacionada à segurança na capital também incomodou o motorista Oscar Palmeira, de 57 anos. Morador de Maruípe, ele concorda com o ranking por Vitória ser uma cidade bonita, mas reclama que ainda há muito a ser feito.
“Não tem segurança aqui. Você vai de um bairro a outro ou fica duas horas no ponto e é assaltado. Está faltando muita coisa ainda”, reprova.
Por outro lado, a também arquiteta do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, Martha Machado, defende que a utilização de apenas algumas variáveis foi pensada pelos pesquisadores.
Segundo ela, isso aconteceu devido à inexistência de alguns dados do censo demográfico, publicado em 2010 e que deu base à pesquisa. Machado argumenta que cabe aos demais professores “levar adiante trabalhos similares, que possam complementar o entendimento sobre as cidades”.
Comparação com outras capitais
A pontuação do Ibeu foi organizada da seguinte forma: quanto mais próximo de 1,0, melhor a situação de bem-estar. Depois de Vitória, com a nota 0,9, estão as cidades de Goiânia (0,8742), Curitiba (0,874), Belo Horizonte (0,8619) e Porto Alegre (0,8499).
O fiscal de segurança de alimentos, Leandro Macedo, não considerou um placar merecido. “Não acho justo a nota 0,9, pois a pesquisa deve ser mais por comparação a outras cidades e não retrata uma boa condição do município”, disse o morador da Ilha do Príncipe.
Especialista em engenharia no tratamento de água e professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Ufes, Ricardo Franci considera o mesmo. “A cidade não atende às expectativas em relação ao esgoto sanitário, mas está muito melhor se compararmos com as outras capitais em geral”, falou.
A análise do sistema de esgoto e limpeza, segundo o Observatório, foi acrescentada à categoria de condições ambientais urbanas, que também é composta pela arborização existente no entorno dos domicílios. O esgoto também foi considerado na categoria serviços coletivos urbanos, que avaliou ainda o atendimento adequado de água, energia e coleta de lixo.
Índices relativos
A relatividade de alguns indicadores também foi algo contestado pelos especialistas. Em relação aos utilizados na avaliação das condições habitacionais, a especialista em estruturas ambientais urbanas e coordenadora do Laboratório de Planejamento e Projeto da Ufes, Cristina Engel De Alverez, afirmou que eles podem ter sido injustos.
“Quando eu cheguei a Vitória, havia pouco barraco de madeira, as poucas casas que tinha eram feitas de alvenaria. Não ter casas de madeira melhora o índice, mas isso não significa que a condição de moradia seja muito melhor”, opinou.
As diferenças nas condições de moradia dos bairros de Vitória foram lembradas pelo vigilante Edmar Machado Santos, de 41 anos. “Eu concordo com a pesquisa, mas tem alguns pontos que precisam ser analisados. Na periferia é muito diferente. Onde eu moro existem ruas com iluminação pública ruim”, desaprovou o morador de São Pedro.
A divulgação da pesquisa explica que as condições habitacionais analisou a razão número de pessoas no domicílio e número de dormitórios, além das condições materiais da estrutura habitacional e aglomeração dos domicílios. Em relação à infraestrutura urbana, o ranking considerou a iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio/guia, bueiro ou boca de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros.
A reportagem do G1 tentou contato com o responsável pela pesquisa, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.