Irmã de atirador em Goiás diz que ele foi agredido por candidato

16275396Uma das irmãs do atirador que matou o candidato a prefeito de Itumbiara José Gomes (PTB), 58, afirmou à Folha que seu irmão, Gilberto Ferreira do Amaral, 53, foi agredido pelo candidato, dias antes, com um tapa no rosto.

Por causa dessa briga, disse a mulher, ele teria “jurado” matar Gomes. Além do candidato, a ação de Amaral também matou o policial militar Vanilson Pereira, 36.

A servidora municipal aposentada Divina Ferreira do Amaral, 64, conversou com a reportagem neste sábado (1º). Segundo ela, seu irmão se sentiu ameaçado de morte após a suposta briga com Gomes.

Divina já prestou depoimento na Polícia Civil de Itumbiara e suas declarações são uma das principais linhas de investigação. Agora a polícia trabalha para confirmar ou desmentir a versão da briga.

Na entrevista, Divina foi contraditória em alguns pontos e argumentou que há testemunhas da agressão. Primeiro, disse que teria ocorrido no hospital municipal, depois corrigiu para o Nabs (Núcleo de Atenção Básica) da Secretaria Municipal de Saúde, onde Amaral era lotado.

A Folha esteve no Nabs na sexta (30). Uma servidora que acompanha o dia a dia do núcleo afirmou, porém, que não soube de briga e de nenhum atrito entre Gomes e Amaral.

Tanto a família de José Gomes quanto seus seguranças e apoiadores negam com qualquer tipo de agressão contra Amaral. Afirmam que não havia notícia de nenhuma rixa entre os dois.

Folha – Com José Gomes, o seu irmão tinha algum problema?
Divina – Não, nunca. Segundo o que eu O Zé Gomes bateu na cara dele lá no hospital municipal, dentro do serviço dele.

No Nabs [núcleo de saúde] ou no hospital?
No Nabs.

Como a sra. sabe que ele bateu?
Ué, tem testemunha.

A sra. ouviu isso dele?
Ele me contou a história. ‘Pois é, minha irmã, tô muito magoado com o Zé Gomes, eu gostava muito dele, ele gostava de mim. Mas ele me pisou, ele me humilhou’.

Quando ele disse isso à senhora?
Fui almoçar na casa. Eu estou até doente, ele disse ‘não, minha irmã, venha para cá’.

Então essa briga não teria ocorrido no dia do crime?
Não, meu irmão esperou passar. Meu irmão esperou a hora certa. […] Com o Zé Gomes ele não tinha contato, não. A revolta dele é que parece que o Zé Gomes tinha retirado os benefícios que os aposentados tinham. Ele é aposentado.

O que a senhora falou ao delegado?
Eu falei o que aconteceu, que o meu irmão tinha ‘jurado’ o Zé Gomes porque o Zé Gomes tinha batido na cara dele. Ele perguntou se eu tinha prova. Eu falei ‘uai, a prova, a prova tá todo mundo lá no serviço dele, bateu no serviço dele, uai’. É só você ir lá, você investiga todo mundo lá, que eles te contam. Ainda falei pro delegado, no depoimento: ‘Doutor, tapa na cara dói muito’.

O Gilberto lhe disse que ia fazer alguma coisa?
Não, falou, falou. ‘Eu decidi matar ele [Gomes]’. Eu disse: ‘Gilberto, releva isso, não mexe com isso, não, Gilberto’. Ele disse: ‘Não, eu vou fazer isso, mana. Tapa na cara dói muito’.

Quando ele disse isso à senhora?
Depois que aconteceu isso? Sete dias.

Estivemos lá no núcleo de saúde e ninguém lembra dessa briga.
Eles ficam com medo de se comprometer, né? A gente sabe como é.

A senhora conheceu alguma pessoa que viu a briga?
As [pessoas] lá todas comentam, comentaram o que ocorreu.

O que foi exatamente que o Gilberto quis do Zé Gomes?
O Zé Gomes estava querendo tirar os benefícios dele.

Mas o Zé Gomes não era mais prefeito, o que ele ia tirar?
O que ele é lá em Goiânia? Decerto tinha os poderes lá, você sabe, essas pessoas famosas sempre têm… Sei que o meu irmão conversou com ele: ‘Não, você me paga, você tem dinheiro suficiente, não vai fazer falta para você’.

Essa aposentadoria era pelo quê?
Era por tempo de firma.

Mas o Gilberto estava na ativa [na prefeitura].
Pois é, mas ele botaram ele para trabalhar. Eu também sou aposentada pela prefeitura [por doença]. Tenho problema na coluna, de hérnia de disco.

Como era o Gilberto, ele…
Eu moro na esquina da casa dele. Comigo tinha uma convivência muito boa, eu vou falar a verdade porque é a verdade mesmo.

Ele era bravo, já tinha brigado na vida?
Não, não. Ele não era de briga, ele não gostava. Aliás, ele me falou, né? ‘Olha, estão me caçando, eles vão me matar, eu sei que eu vou morrer’. Eu falei ‘O que você fez, pelo amor de Deus, Gilberto’. Ele disse ‘dei uns tapas na cara dele. Eu não gosto de traição, ele me traiu’.

Quer dizer que ele também acertou o Zé?
Acho que sim.

UOL

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