Joaninha leva a prata nos 50m livre e celebra, enfim, poder falar com a filha

3Na prova mais rápida da classe S5, os 50m livre, Joana Neves brigou pelo ouro até as últimas braçadas. A medalha dourada não saiu, mas a prata garantida com o tempo de 37s13 foi muito comemorada pela nadadora brasileira e pela torcida presente no Estádio Aquático. Para a atleta, representava sua melhor colocação em um evento individual em Paralimpíadas. Após o pódio, o sorriso exibia também a alegria de quem finalmente voltaria a ouvir a voz da filha. Para focar 100% na competição, Joaninha cortou o contato com Janile Vitória, de apenas 8 anos, um dia antes de juntar-se à delegação brasileira.

– Eu tenho psicológico muito forte como atleta, mas como mãe sou um fracasso nesse sentido. Acho que se minha filha gritasse “Vai, mãe”, eu sairia correndo do bloco para abraçá-la. Preferi que não viesse ninguém (confira a reação da família, em Natal, no vídeo abaixo). Sei que estou sendo bem abraçada e aplaudida por quem está aqui.  Faz uns 20 dias que não falo com ela. Parei de falar um dia antes da viagem. Eu fico muito emotiva, choro com saudades, ela pergunta quando eu vou embora… Aí acho melhor não falar.  Vou falar com ela hoje porque só vou competir quinta e sábado. Depois só falo no sábado – disse Joaninha.

A grande rival da brasileira na prova foi a chinesa Lu Zhang, de 18 anos, que completou a distância em 36s87 e levou o ouro. O bronze ficou com a tcheca Bela Trebinova, que cravou 37s37. Para a Joaninha, sua saída do bloco de partida poderia ter sido melhor. Mas a sensação de subir ao pódio e ser aplaudida compensou qualquer eventual frustração.

– Foi uma experiência única, sensacional. Uma medalha de prata com gosto de ouro. Estou muito satisfeita com meu resultado, com a medalha. Acho que me desfoquei na saída, mas veio a medalha do segundo lugar. Acho que não fiz nada de errado ou deixei a desejar. Eu fico muito uma pilha e às vezes acaba me prejudicando, mas dessa vez não me prejudicou 100%. Foi vontade de Deus eu ter essa colocação.

Esta foi a segunda medalha de Joaninha no Rio. A atleta de 29 anos, que tem acondroplasia (espécie de nanismo), já tinha subido ao pódio com a medalha de prata no revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos, ao lado de Clodoaldo Silva, Daniel Dias e Susana Schnarndorf. Ela ainda disputa outras duas provas: o revezamento feminino 4x100m 34 pontos, na quinta-feira, e os 100m livre S5, no sábado.

– Ainda tenho duas provas. No revezamento feminino que vou estar ajudando minhas amigas a participar, vai ser uma emoção muito grande. Vai ser o primeiro revezamento feminino da história das Paralimpíadas. Estamos aí, afinal treinamos para nadar.

Além de Joaninha, o  Brasil teve outros três representantes no pódio da natação nesta segunda. Daniel Dias conquistou o ouro nos 50m livre da classe S5 no masculino, enquanto Andre Brasil e Talisson Glock ficaram com bronze nos 100m borboleta S10 e nos 200m medley SM6, respectivamente.

 

Gazeta Esportiva

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