Na abertura da Paralimpíada, uma festa de coração

esporte-cerimonia-abertura-paraolimpiadas-20160907-037Comparada com a bela cerimônia da Olimpíada, a abertura da Paralimpíada do Rio de Janeiro foi menor, tanto em duração quanto em número de participantes. Mesmo assim, agradou e emocionou, sobretudo a partir do momento em que o hino nacional soou, lenta mas seguramente, nas teclas do piano tocado pelos dedos semiparalisados do maestro José Carlos Martins. O sempre longo e entediante desfile dos atletas desaqueceu o clima, mas o público voltou a pulsar junto com o coração (aquele que bate dentro do peito, não o feito pelas mãos juntas) que o artista plástico Vik Muniz, um dos idealizadores da cerimônia, montou no piso do Maracanã.

Como é quase impossível dissociar a Paralimpíada da palavra superação, a abertura foi, para muitos participantes, uma prova de força de vontade. Mas quem não se emocionou com o impecável pas de deux dos dois dançarinos cegos, quem não bateu palmas para a loira atleta americana que rebolou com categoria sobre duas próteses? Do impressionante salto de um cadeirante sobre uma rampa em alta velocidade à projeção do nadador e maior medalhista brasileiro em Paralimpíadas, Daniel Dias, atravessando o gramado com suas braçadas, o estádio se curvou aos atletas que vencem suas deficiências e aprendeu a entender melhor o que virá pela frente nas competições.

Da cerimônia de quatro horas ficarão lembranças fortes e carinhosas. Mas do que mais vai se falar, quando ela vier à baila nas conversas, é da sonora vaia que balançou o Maracanã três vezes. No início se ouviu gritos de “Fora Temer”. No meio, quando o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, não soube conter o público diante de uma menção ao governo e deixou o buuuu se arrastar, ao vivo e a cores, por longuíssimos 85 segundos. No fim, quando o presidente Michel Temer pronunciou os Jogos abertos (para sorte dele, o microfone falhou durante parte da fala). No mais, uma festa simpática e calorosa. Viva os atletas paralímpicos.

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