TRE recebe 192 pedidos de registro de candidatura de analfabetos funcionais

6A análise do perfil dos candidatos que disputam as eleições municipais este ano revela uma mudança significativa no quesito grau de escolaridade. Na comparação com a eleição de 2014, os dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que os postulantes a cargos públicos estão menos instruídos.

A Justiça Eleitoral recebeu 192 pedidos de registro de candidaturas que apenas saber ler e escrever. São os chamados analfabetos funcionais. Este é um dos requisitos mínimos para que alguém possa disputar uma eleição.

O número de analfabetos funcionais representa 2,69% das candidaturas, algo significativo, principalmente se comparado à eleição de 2014, quando não houve nenhum candidato com o mesmo grau de escolaridade. No pleito, foram disputadas vagas para os cargos de governador, senador e deputados federal e estadual.

Outra mudança está na média geral de escolaridade. Na última eleição, a maior parte dos candidatos informaram ter nível superior completo. Eles representavam 40% dos participantes do pleito. Nesta eleição, eles são 20%.

Logo em seguida apareciam os que tinham nível médio completo, que totalizavam 31% dos candidatos. Hoje, eles são 38% dos concorrentes. Já os que tinham nível superior incompleto somavam 10% e atualmente são 5%.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informou que o grau de escolaridade é informado no momento do pedido de registro de candidatura e que os postulantes a um cargo público devem apresentar a documentação que comprove as informações fornecidas. Mas, o TRE reconhece que não tem como checar a escolaridade dos inscritos.

Para o cientista político Ranulfo Paranhos, o grau de escolaridade dos candidatos pode impactar não apenas o resultado da eleição, mas também a campanha eleitoral. Segundo ele, o baixo grau de instrução formal pode resultar na apresentação de propostas incompatíveis com as funções postuladas e afetar, inclusive, o processo de formação dos eleitores.

“Os eleitores estão em processo contínuo de formação. Se o nível do debate de propostas é baixo, isso será replicado. E, se esses candidatos forem eleitos, vão ocupar cargos públicos. Mas como exercer bem sua função se não sabem ler e interpretar aquilo que leem?”, questiona.

*Com Gazeta Web

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