Nadador confirma que não houve assalto, diz chefe da Polícia do Rio
Segundo Veloso, as responsabilidades de cada um serão analisadas antes de concluir se eles vão responder criminalmente. O chefe da Polícia Civil disse que ainda não é possível afirmar de que crimes os atletas podem ser acusados e disse que eles provocaram “atos de vandalismo” no banheiro do posto.
“Em tese, eles podem vir a responder por falsa comunicação de crime e dano ao patrimônio”, explicou o chefe da Polícia Civil. “O carioca viu nome da cidade manchado por essa versão fantasiosa. Seria nobre e digno pedir desculpas. Por hora, não houve [o pedido]“
Ryan Lochte seria o mais exaltado, segundo o depoimento de um dos nadadores. Veloso, no entanto, ressaltou que seria “prematuro” atribuir ao 12 vezes medalhista olímpico a invenção da mentira. Lochte é o único dos quatro que deixou o país, embarcando antes de ter o passaporte apreendido.
Gunnar Bentz e Jack Conger eram ouvidos na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), responsável pela investigação, na tarde desta quinta. Na quarta à noite, eles foram retirados de dentro do avião após um mandado judicial.
Para Veloso, não há necessidade de manter os dois detidos no Brasil e cabe à Justiça decidir quando os passaportes serão devolvidos aos nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger.
O quarto nadador, James Feigen, já manifestou, por meio de advogados, que vai colaborar com a investigação, de acordo com a Polícia Civil.
Mentira para namorada pode ter motivado versão
Segundo Veloso, uma das linhas de investigação é de que a versão fantasiosa contada pelos nadadores pode ter sido uma tentativa de enganar a namorada de um deles. Testemunhas contaram que eles ficaram com meninas na festa com os atletas. Outras hipóteses, no entanto, não estão decartadas.
Armas apontadas
A polícia deu mais detalhes também sobre o momento da confusão do post que funcionários foram ver o que acontecia e tentaram controlar a situação. A polícia confirmou que os seguranças sacaram a arma para conter os nadadores e que elas estão legalizadas.
“Se houve arma apontada para eles? Sim. Arma foi empregada para contê-los’, diz chefe da polícia”, explicou. “Nada indica que houve excesso do segurança ao usar força”, acrescentou. Veloso disse ainda que até o momento não há indícios que o segurança tenha usado a arma para extorquir os nadadores.
Ele confirmou que os seguranças do posto trabalham para forças de segurança, mas não quis especificar para qual delas.O delegado disse ainda que não há elementos até o momento que confirmem a teoria, levantada por um jornalista, de que, por não falarem português, os nadadores podem ter confundido a abordagem do segurança armado com uma tentativa de extorquí-los. Segundo Veloso, uma das testemunhas ouvidas pela polícia falava inglês e teria tentado intermediar o contato entre os seguranças e funcionários do posto e os nadadores.
Vídeo mostra tumulto
Imagens das câmeras de segurança do posto de gasolina mostram o tumulto entre os quatro nadadores e seguranças do estabelecimento. De acordo com a polícia, com base nas imagens e em depoimentos, foi excluída a hipótese de os atletas terem sido assaltados, como havia sido relatado por Ryan Lochte e James Feigen. Para os investigadores, eles inventaram o roubo.
O vídeo, obtido pela TV Globo, mostra os nadadores saindo do banheiro. Segundo a polícia e funcionários do posto, eles depredaram o local. Por isso, teriam sido impedidos por seguranças de deixar o estabelecimento que fica na Barra da Tijuca, no caminho entre a Lagoa, onde estavam em uma festa, e a Vila Olímpica.
As imagens mostram um dos nadadores levantando as mãos enquanto os segurança os abordam. Em entrevista a uma emissora de TV americana, pouco depois do episódio, na madrugada de domingo (14), Lotche teria dito que o grupo foi abordado por homens vestidos de policiais.
Depoimento de seguranças
A Globo teve acesso com exclusividade aos depoimentos dos funcionários do posto, que contaram detalhes do que viram na manhã de domingo:
– por volta das 6h da manhã, um táxi modelo sedã estacionou no interior do posto para o que os integrantes utilizassem o banheiro;
– desembarcaram do carro quatro homens, de grande porte físico e estatura, um deles chamou atenção por ter cabelos azulados quase brancos, que pela fotografia se reconhece como sendo Ryan Lochte;
– o segurança contou em determinado momento, o gerente ficou muito nervoso e preocupado, chamou o declarente a fim de que o ajudassse a controlar os visitantes que faziam “algazarra” nos fundos do estabelecimento;
– o gerente mostrou o banheiro onde homens haviam quebrado saboneteira, papeleira e uma placa de ferro com banner informativo. Imediatamente o declarante acionou o 190, sendo lhe solicitado que todos esperassem no local até a chegada de uma viatura da Polícia Militar a viatura não chegou;
– os quatro homens entraram no táxi na intenção de saírem do local, mas o taxista respeitou a solicitação dos seguranças e permaneceu parado
– os nadadores gritaram palavrões várias vezes
– os homens desembarcaram novamente e bateram a porta do veículo violentamente e que estavam muito alterados, agressivos e claramente bêbados
– um homem reconhecido pela fotografia como Joseph Gunnar Bentz mostrou uma nota de US$ 20, esticando-a com as duas mãos e falando debochadamente em português muito ruim: “Vinde dólares! Sessenta reais”
– que o declarante e seu amigo mostraram suas credenciais e se identificaram como agentes de segurança. Ryam Lochte e James Feigen saíram correndo.
– um dos seguranças disse que ele e o amigo pararam os outros dois e mostraram a plama da mão (posição de “pare”), indicando que não aceitariam os vinte dólares
– Lochte e Feigen retornanaram ao posto de gasolina, agressivos, em direção às costas do declarante;
– segundo o depoimento, outro segurança sacou a sua arma e gritou para que todos parassem e sentassem no chão;
– com exceção de Ryan Lochte, os demais obdeceram;
– outro segurança sacou a arma e gritou para que todos parassem;
– o declarante colocou a mão no peito de Lochte e o empurrou em direção ao chão,
fato respeitado pelo estrangeiro, que estão sentou-se;
– um funcionário da Unimed ofereceu ajuda na tradução;
– após alguns minutos de conversa com homens recebeu deste vinte dólares e mais cem reais em razão do dano causado no banheiro;
– o funcionário da Unimed falou com os estrangeiros que eles podiam ir;
– não tem certeza, mas acredita que os estrangeiros retornaram para o mesmo táxi no qual tinham chegado por volta das 6h20 ou 6h30 quando o táxi saiu do local;
– a viatura da PM; não havia chegado ao local até às 7h
– chamou a atenção dos homens falando em voz alta: “Vocês quebraram a placa”
– todos correram para a área de bombas, na frente do posto;
Em seguida, os nadadores se dirigiram ao táxi, mas o taxista obedeceu a ordem do segurança para aguardar a chegada da polícia. A polícia chegou a ser acionada, como demorou a chegar, os nadadores ficaram agressivos e um segurança teria apontado a arma para impedir que eles deixassem o local. Teria sido feito, então, um acordo para que os nadadores pagassem pelo prejuízo.
De acordo com Fernando Veloso, Chefe de Polícia Civil, os atletas devem desculpas aos cariocas. “A única verdade que eles contaram é que eles estavam bêbados”, disse Veloso.
Impedidos de embarcar
Na noite desta quarta (17), o advogado dos dois nadadores americanos impedidos pela Polícia Federal (PF) de embarcar para os Estados Unidos – Gunnar Bentz e Jack Conger – disse que há uma “confusão a respeito da participação” deles no suposto assalto. Bentz e Conger foram retirados de um voo na noite desta quarta.
“A delegacia diz que eles são testemunhas, e o despacho do juiz diz outra coisa. Enquanto isso não for solucionado, eles não vão prestar depoimento”, afirmou o advogado Sérgio Riera, como mostrou o Bom Dia Rio. Ele diz que os clientes estão “muito assustados” e sem entender por que não conseguiram embarcar no voo.
O Comitê Olimpíco dos EUA divulgou uma nota na manhã desta quarta-feira dizendo que os três nadadores que estão no Brasil (Gunnar Bentz, Jack Conger and James Feigen) cooperam para agendar novos depoimentos às autoridades brasileiras. “Todos são representados por um advogado e são apoiados pelo comitê olímpico e pelo Consulado dos EUA no Rio”, diz o texto.
Bentz e Conger estavam juntos com outros nadadores americanos – Ryan Lochte e James Feigen – na saída de uma festa na Lagoa, Zona Sul do Rio, mas não haviam prestado depoimento na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat). A ação criminosa ocorreu após esta festa, segundo relataram à polícia Lotche e Feigen.
Lochte deixou o país na última segunda-feira (15), informou a Polícia Federal. Feigen segue no Brasil, mas não teve sua localização revelada pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Segundo a Polícia Civil, o inquérito sobre o caso pode ser concluído ainda nesta quinta (18).
Impedidos de embarcar para os Estados Unidos, os atletas se calaram ao serem levados à delegacia do aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, para prestar depoimento na noite desta quarta-feira (17).
Após quase 4 horas na delegacia, Gunnar Bentz e Jack Conger foram liberados no início da madrugada desta quinta (18), por volta de 1h20, e se hospedaram em um hotel próximo ao Galeão. Bentz e Conger chegaram a entrar no avião para voltar aos EUA, mas foram retirados por policiais civis e agentes da Polícia Federal.
Pouco antes, a Justiça mandou apreender o passaporte dos dois, para que prestassem depoimento, como testemunhas.
Em nota divulgada nesta manhã, o Comitê Olímpico dos EUA afirma que três nadadores (Gunnar Bentz, Jack Conger and James Feigen) estão cooperando para agendar horários e locais para novos depoimentos a autoridades brasileiras. “Todos estão sendo representados por um advogado e estão sendo adequadamente apoiados pelo comitê americano e pelo Consulado dos EUA no Rio”, diz o texto.
Versões diferentes
Após deixar o Brasil, o nadador Ryan Lochte deu uma entrevista à rede de TV norte-americana NBC. O atleta reafirmou ter sido assaltado, junto com três colegas da equipe de natação olímpica americana, mas deu detalhes diferentes das duas versões anteriores: a que ele contou em uma entrevista de TV no domingo (14), horas após o caso, e a que ele relatou em depoimento à polícia do Rio.
Lochte disse também que, ao depor na polícia no Rio, foi tratado com muita cordialidade, que os policiais fizeram poucas perguntas e não pediram que ele ficasse para as investigações. O nadador reclamou que está sendo tratado como suspeito, quando é vítima.
Interrogatório por carta
A polícia vai enviar por ofício ao FBIuma relação de perguntas para que o 12 vezes medalhista olímpico Ryan Lochte responda, dos EUA, por carta precatória.
As duas decisões de proibir a saída dos nadadores foram do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, a pedido da Deat. A Polícia Federal notificou o Consulado dos EUA e o Comitê Olímpico americano para impedir a saída dos nadadores, mas não havia recebido resposta até a noite.
Em nota, o Comitê Olímpico Americano informou que o time de natação deixou a Vila logo após o fim das competições e que, por questões de segurança, não poderia confirmar a localização de cada atleta.
Instigados a dar mais detalhes do assalto, Feigen e Lochte disseram que não se lembravam porque estavam muito bêbados após deixarem a festa. Os agentes ainda procuram o taxista que teria levado os nadadores da Lagoa à Vila Olímpica.