Joanna Maranhão registra ocorrência em DP após insultos na internet

1A nadadora Joanna Maranhão registrou queixa nesta sexta-feira (12) após receber insultos na internet ao ser eliminada dos Jogos Olímpicos. A atleta esteve na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) depois que usuários de redes sociais disseram que ela deveria ser estuprada, dentre outras ofensas.

O advogado de Joanna, Fabiano Machado, disse que foram coletados mais de 200 comentários antes que fossem apagados. De acordo com ele, as mensagens atacavam a honra da atleta e citavam o crime de estupro.

A nadadora disse que resolveu fazer a denúncia depois de recebeu o apoio de outras mulheres pela internet.

“Eu acho que tem pessoas que são agredidas na internet e resolvem não se posicionar porque cada um recebe esse tipo de agressão de uma forma e quem sou eu para julgar, mas me sinto forte o suficiente e tive muito apoio de muita gente, recebi mensagens maravilhosas”, afirmou a atleta.

“É por essas pessoas e por esse apoio que eu estou aqui também. Preta Gil já passou por isso, Maju, Letícia Sabatella, quantas mulheres vão sendo agredidas porque as pessoas quando estão atrás de um computador elas se acham no direito, acham que estão impunes e não é bem assim”.

Depois que Joanna fez o desabafo por ter recebido essas ofensas no início da semana, alguns internautas encontraram uma postagem feita por ela no Twitter em 2011, no qual era citada uma participante do Big Brother Brasil daquele ano. “Pronto, Ariadna, pega os 2 mil e paga seu funeral… porque pra você se passar por mulher só morrendo e nascendo de novo!”, escreveu.

Nesta sexta, Joanna reconheceu novamente que cometeu um erro, fez uma piada de mau gosto e mais uma vez pediu desculpas, além de ter criticado a homofobia.

Dez autores identificados

O depoimento da atleta na DRCI levou 1h30 e acabou por volta das 14h. “Acredito na punição dessas pessoas, mas estou aqui também porque não quero que outros casos aconteçam. A vontade de fazer a diferença e de me sentir útil é muito grande”, destacou a nadadora, na saída da DP.

Joanna, que recebeu mais de 200 comentários com ofensas e agressões em sua fanpage numa rede social, afirmou que algumas das postagens a assustaram pelo nível de agressividade.

“A questão do estupro e a tentativa de desqualificar as pautas progressistas que defendo me chocaram muito. As pessoas me atacam também pelos posicionamentos políticos que eu tenho e vou continuar tendo”, disse ela, ao deixar a delegacia.

A nadadora também contou que as agressões ocorreram durante o período de concentração para os Jogos, mas ela preferiu encerrar sua participação na Olimpiada até fazer a denúncia – ela só deixou a Vila dos Atletas na quinta-feira (11).

Delegada comenta investigação

A titular da DRCI, Daniela Terra, disse que a investigação agora buscará identificar todos os autores das postagens ofensivas e intimá-los a depor. De acordo com ela, dez autores de ofensas já foram identificados.

“Será pedida a quebra de sigilo de dados dos autores e intimaremos todos a depor. Cerca de dez deles já foram identificados e estão enquadrados nos crimes de injúria, ameaça e difamação”, explicou.

A delegada também afirmou que a investigação poderá ser demorada porque a fanpage de Joanna é aberta, ou seja, é possível haver suspeitos que não sejam do Rio.

“As pessoas que cometem esses crimes se valem de um suposto anonimato, mas mesmo que sejam usados perfis falsos nós temos condições de identificar os autores.”

Advogado cita processos nas esferas cível e criminal

De acordo com o advogado de Joana Maranhão, Fabiano Machado, a decisão de procurar a polícia não se baseia apenas na intenção de punir os agressores, mas também na proposta de discutir a questão do preconceito como um todo.

“Pode não haver punição pesada do ponto de vista penal, mas o combate à intolerância na sociedade é parte importante dessa luta. O Marco civil da internet traz justamente essa possibilidade de qualquer cidadão buscar seus direitos”, declarou Machado, acrescentando que pelo menos 30 postagens se destacam pelo tom bastante agressivo.

O advogado também afirmou que, após a polícia individualizar os agressores, todos serão processados nas esferas cível e criminal.

 

 Fonte: G1

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