Sem concorrência de outros esportes, futebol feminino abre a Olimpíada

626601-970x600-1Nem Usain Bolt, Michael Phelps, Novak Djokovic, Kevin Durant ou Neymar.

O mundo hoje estará de olho em Marta, Cristiane, Formiga e Barbara, jogadoras da seleção de futebol do Brasil que estreia na Rio-2016 contra a China, às 16h, no Engenhão —antes, 13h, Suécia e África do Sul abrem o torneio.

Por causa do calendário, o futebol começa dois dias antes da cerimônia de abertura e, desde Sydney-2000, sempre com as mulheres —o masculino começa na quinta (4).

Sem a concorrência das estrelas das quadras, piscinas e pistas, o futebol feminino acaba sendo o centro das atenções por um dia.

As brasileiras e o técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, admitem que, a partir de sábado, só serão lembrados com maior destaque se conseguirem avançar até a semifinal da competição, o que não aconteceu em Londres-12 —queda nas quartas de final.

“Sabemos da grande responsabilidade que temos, porque ninguém estará competindo nesse dia. Fomos premiados em estar sozinhos e vai ser um momento de muita divulgação”, disse Vadão.

Ele teme que atletas mais jovens sintam o fato de atuar em casa, em frente a muitos espectadores. Como o futebol feminino fica em segundo plano em relação ao masculino, os torneios no país têm públicos que muitas vezes não chegam a 500 torcedores.

“É uma das coisas que mais temos trabalhado, para que não crie uma ansiedade muito grande. Jogamos muito pouco no Brasil. Nossos jogos contra as potências são sempre fora. Essa expectativa de estar diante do público é grande”, afirmou.

Vadão tem no currículo passagens por Corinthians e São Paulo, mas fez carreira em clubes de médio porte e teve há pouco menos de dois anos sua primeira experiência com o futebol feminino. Ele confia que a experiência de jogadores como Marta, 30, ajude as novatas.

“É meio estranho entrar antes da abertura, todos olhando para a gente. Mas é o momento de mostrarmos que todo esse trabalho valeu a pena”, disse Marta.

Vadão e Marta concordam que a expectativa por medalha não pode ser crucial para o investimento no esporte. A CBF criou uma seleção permanente, com salário, mas faltam torneios de alto nível.

“Se ganharmos o ouro, no dia seguinte vai ter futebol feminino nas escolas? As prefeituras vão fazer escolinhas? Temos poucos lugares para jogar no Brasil”, disse Vadão.

Folha

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