Promotor diz que suspeitos de desvios em Canapi têm ”graduação em crime”
Em 37 páginas de depoimentos, documentos, quebra de sigilo e dados bancários, o promotor de Justiça Cláudio José Moreira Teles sustentou no pedido de afastamento do prefeito de Canapi, Celso Luiz, ao Poder Judiciário. Segundo ele, o gestor é o ”mentor e o maior beneficiado” do esquema de corrupção que desviou cerca de R$ 10 milhões cofres públicos do município. O representante do órgão ministerial declarou ainda que, apesar de algumas pessoas envolvidas no esquema não apresentarem formação, elas já apresentam “graduação na universidade do crime”.
De acordo MPE, as investigações apontam que muitas são as pessoas sem qualquer patrimônio ou grau de escolaridade supostamente envolvidas no desvio de recursos, mas na universidade do crime parecem já possuir graduação elevada na medida em que se prestaram a integrar organização criminosa com todas as características empresariais.
“(…) porquanto dotada de hierarquia entre os participantes, cuja chefia somente pode ser imputada à pessoa do prefeito Celso Luiz, havendo divisão de tarefas e um modus operandi peculiar, sistemática e cautelosamente elaborado e estruturado para fazer escoar, de modo disfarçado, dinheiro que pertence aos cofres do município e, em última análise, a toda a coletividade daquela pobre cidade, carente de tantas benfeitorias colhidos em audiência”, escreveu o promotor em um trecho da petição.
O promotor sustentou ainda que as provas colhidas até o momento mostram que todo o “rio” de recursos públicos acabou desembocando em suas próprias águas (prefeitos e supostos laranjas), por meio do recebimento, por algumas pessoas previamente cooptadas para tanto supostamente pelo próprio prefeito, de quantias expressivas, sem qualquer amparo legal, “apesar da fantasiosa maquiagem que se tentou conferir a tais desvios, mediante documentos frágeis, que não resistem a uma mínima análise técnica e contábil, ainda que perfunctória”.
“(..) Em verdade, possivelmente por crença na impunidade, o esquema foi operado por meio de diversos núcleos, com modus operandi similar, mediante estratégias relativamente simples, mas onde se observa o nítido propósito de se afastar o dinheiro desviado de seu maior beneficiário, in casu, o prefeito de Canapi, Celso Luiz. Foram apresentados contratos referentes à locação de veículos e documentos de pagamentos que buscam justificar tais despesas, porém, como se verifica, não são compatíveis com os valores efetivamente creditados”, ressaltou.
O promotor destacou o afastamento do cargo do gestor é necessário para dar um basta “a essa farra que vem sendo operada com o uso de dinheiro público, restabelecendo a legalidade nos domínios da Prefeitura Municipal de Canapi”.
*Com Gazeta Web