Prefeitos deixam reeleição de lado por causa da crise
Um dos líderes dos prefeitos alagoanos e cacique do PSDB no sertão, o prefeito do município de Pão de Açúcar, Jorge Dantas, oficializou ontem que não vai participar da reeleição em outubro. Os motivos, segundo ele, é a crise que deixa a maioria das prefeituras ingovernáveis no segundo semestre. Além dele, outros 19 prefeitos podem desistir da disputa.
“Eu pensava em desistir da reeleição há muito tempo, só não tinha feito isso porque tenho um mandato a cumprir e um grupo político para comandar. Mas hoje estou conversando com duas pessoas do meu grupo em Pão de Açúcar e devo apoiar um dos dois para me substituir”, revelou o prefeito tucano.
Dantas disse que além dele, 18 colegas prefeitos que podem ser candidatos já oficializaram a desistência da reeleição. “Os motivos são os mesmos: as crises política e econômica. A situação é muito grave. Eu tenho a impressão que o próximo mandato será muito difícil para os prefeitos. O momento hoje também é crítico. Eu terei que adotar medidas duras para chegar no final do ano cumprindo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, não deixar débitos para o próximo ano e manter a folha salarial em dia. Eu não posso dar pedalada fiscal”.
Entre as medidas que adotará na prefeitura é demitir servidores sem estabilidade, cortar gratificações e gastos. “Diante desta situação, concluí que realmente é melhor chegar ao final do ano com as minhas obrigações em dia e Pão de Açúcar elege outro prefeito”.
A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou que dos 5,5 mil municípios brasileiros 60% vão chegar ao final do ano sem conseguir fechar as contas. “Em Alagoas, a situação é pior. A maioria dos municípios não tem receita alternativa e dependem do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e nos cinco primeiros meses tiveram 5% a menos. Eu acho que em torno de 85% dos municípios do Estado devem ter dificuldades para fechar as contas, até porque a previsão para o segundo semestre é de mais crise”.
Jorge Dantas é prefeito há doze anos. Cumpriu dois mandatos, depois se afastou, se elegeu novamente e está concluindo o primeiro mandato. Ele contou que no primeiro semestre, os prefeitos fazem uma espécie de poupança para pagar os compromissos do segundo semestre. “Este ano, em maio praticamente não tinha nada em caixa para suportar a queda de arrecadação do segundo semestre. Sem reserva, não tem jeito. Terei de adotar medidas duras para deixar as contas zeradas”, explicou.
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