Tribunal do Júri de Piaçabuçu julga acusado de matar filho de policial militar
Acusado de assassinar o adolescente Reinaldo Matos de Azevedo, em outubro de 2013, Alisson Ferreira Leite Gonçalves está sendo julgado, nesta terça-feira (26), na cidade de Piaçabuçu. A juíza Laila Kerckhoff, titular da Comarca, preside o júri popular na sede da Câmara de Vereadores. A previsão é que a sessão termine por volta das 20h.
De acordo com o Ministério Público de Alagoas (MP/AL), o crime foi motivado por vingança, pois o réu acredita que seu pai foi assassinado pelo pai da vítima, que é policial militar.
Segundo o advogado de defesa, Welton Roberto, o crime não foi motivado por vingança. Para ele, os jurados devem analisar as provas e dar ao réu a oportunidade de Justiça. “Existe uma lenda processual que diz que ele cometeu esse crime para vingar a morte do pai, mas não está comprovado nos autos. Foi uma coisa que acabou surgindo com conversa de rua, mas nenhuma testemunha efetivamente veio a dizer isso no processo”, disse.
Ainda de acordo com o advogado, a vítima teria provocado o réu no dia do crime. A defesa pede que Alisson não seja condenado por homicídio qualificado (mediante vingança e recurso que impossibilitou a vítima), mas por homicídio simples.
“Eles tinham combinado de sair com duas garotas e uma delas acabou não indo, então a vítima quis ficar com a garota do réu. Eles acabaram discutindo, entraram em luta corporal, ele estava com uma faca e acabou golpeando a vítima, por isso que a tese da defesa não é absolutória, mas uma tese que tenta justificar a questão do assassinato não isentando ele de culpa, mas tirando as qualificadoras que foram colocadas pelo Ministério Público”.
A promotora de Justiça Neide Maria Camelo da Silva afirmou que o MP/AL tem convicção de que o crime foi praticado por motivo torpe e que deve haver punição. “O réu armou uma isca para que a vítima inocentemente caísse”.
Durante depoimento, o réu confirmou que, no dia do crime, discutiu com a vítima. “Ele parou a bicicleta e veio para cima, então, peguei o facão e atingi o braço dele. Quando ele estava desandando, dei dois golpes e quando caiu dei mais um. O facão eu deixei lá”, narrou.
M. S. S., de 17 anos, também depôs. Ela namorou a vítima por cinco meses. A jovem, que se tornou amiga do acusado antes do crime, contou que conversava com ele sobre diversos tipos de assunto por meio das redes sociais e que, algumas vezes, ele falou sobre seu desejo de vingança.
“O Alisson sempre tinha essa ideia de se vingar da morte do pai e eu dizia que uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Aí ele dizia que já tinha esquecido isso e que eu não precisava ficar preocupada”, afirmou.
Maurício Costa Gonçalves contou que soube do assassinato apenas no dia seguinte. “Fiquei surpreso porque ele [o réu] era um menino calmo acostumado a andar com a gente na rua, não era de briga, nem nada”.
Silvanira da Silva, dona de um estabelecimento comercial onde o réu costumava comprar rações para animais, disse que Alisson era uma pessoa tranquila e não acreditou quando as pessoas comentaram que ele teria cometido o assassinato. “A única coisa que ele falava era que o pai tinha sido assassinado quando a mãe dele estava grávida dele. Fiquei muito surpresa. Não acreditei quando soube”.
Paulo Roberto Santos Farias, outra testemunha, disse que o réu apenas havia comentado com ele o quanto gostaria de ter conhecido o pai. “Quando Alisson falava do pai só dizia coisa boa, que queria conhecer ele. Quando estava com a gente era um rapaz tranquilo, não costumava arrumar confusão”, afirmou.
O caso
O crime ocorreu em outubro de 2013, no município de Piaçabuçu. A vítima caminhava pela rua quando foi abordada pelo acusado, que lhe desferiu facadas na cabeça, nas costas e nos braços. Reinaldo Matos, de 14 anos, não resistiu aos ferimentos.
Matéria referente ao processo nº 0000596-21.2013.8.02.0026
TJ/AL