Está devendo para o banco? Saiba o que fazer para não ficar com nome sujo

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Fechar as contas todos os meses sem depender do cheque especial ou do cartão de crédito se tornou um desafio ainda maior para milhões de famílias brasileiras. Prova disso é que o País já tem mais de 59 milhões de pessoas em cadastros de inadimplentes. Porém, muita gente não se dá conta do nível de endividamento antes de ficar com o nome sujo.

Se você não consta em cadastro de inadimplentes, mas sente que a parcela do seu salário que vai para o banco mensalmente está pesada, está na hora de mudar esse cenário.

Sabia que é possível cortar mais do que a metade das taxas de juros que você paga ao banco apenas mudando a forma como pega o dinheiro emprestado? Sim, e é uma maneira de evitar que lá na frente você fique sem dinheiro para quitar a fatura.

A gerente da área de educação financeira do Itaú-Unibanco, Maria Eugênia Sosa, explica que há um momento em que a luz amarela precisa acender.

— É quando a pessoa começa a usar mais um terço da renda líquida dela para pagar prestação, ou quando está no cheque especial ou pagando o mínimo do cartão de crédito por três meses seguidos.

A alternativa para deixar de pagar os juros exorbitantes do cheque especial (em média 331,3% ao ano, segundo o Banco Central) e do rotativo do cartão de crédito (471,3% ao ano) envolve outra operação de crédito, que pode ser um empréstimo pessoal ou um consignado (veja o gráfico abaixo). Assim, você quita a dívida com os juros mais altos e continua pagando outra com taxas menores.

O diretor-executivo de Estudos Financeiros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, diz que a iniciativa de procurar o banco tem que partir do cliente.

— Vale a pena trocar uma dívida cara por uma mais barata, principalmente se forem essas de cartão de crédito e cheque especial, que rapidamente dobram de tamanho. Com essa taxa de juros, logo você vai estar devendo o dobro. O gerente do banco não vai bater na porta do cliente para dizer que ele está pagando muitos juros no cartão de crédito. Enquanto vai pagando, ele vai arrolando a dívida. A pessoa que tem que perceber se está pagando muito de juros e procurar outra modalidade de crédito.

Porém, esse acesso ao crédito do sistema bancário nem sempre está disponível para esses 59 milhões de brasileiros que estão com o nome sujo. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alerta para os riscos de alguns empréstimos.

— Na verdade, essa questão de que você não consegue crédito com o nome sujo é um pouco diferente. Você tem mais dificuldade em conseguir, mas você consegue. Depende muito do relacionamento que você tem com o banco. O acesso ao crédito continua, mas normalmente ele é mais caro. Eu acho pior a pessoa ter o acesso ao crédito mais caro quando está com o nome sujo do que não ter acesso. Um exemplo é o crédito para negativado, o valor dele é um absurdo.

O diretor-executivo da Anefac avalia o crédito para negativado como “impagável”. A pedido do R7, ele calculou quanto uma pessoa que empresta R$ 3.422,29 (valor médio da dívida do brasileiro, segundo o SPC Brasil) desse tipo de financeira pagaria ao final de um ano. Os juros mensais de 21,27%, cobrados por uma grande empresa do mercado, chegam a ser três vezes maior do que a taxa dos bancos para o empréstimo pessoal.

A parcela que o tomador desse crediário pagaria durante um ano seria de R$ 807,77. Ao final desse período, ele teria pago à financeira R$ 9.693,24, sendo que 6.270,95 seriam juros.

— Infelizmente, quem entra em uma situação dessas acaba não conseguindo pagar a dívida.

A modalidade de empréstimo mais recomendada pelos especialistas é o consignado, com desconto automático na folha de pagamento. Por ter a garantia de que o empregador repassará o valor da parcela, sem intermédio do funcionário, os bancos oferecem juros mais baixos (entre 27,7% e 43,9% ao ano).

Porém, nem todo trabalhador tem acesso. É mais comum que funcionários públicos e pensionistas do INSS consigam o consignado. Isso porque no setor privado, as empresas precisam ter convênio com algum banco para oferecer esse tipo de crédito. Recentemente, o governo aprovou que trabalhadores deem como garantia 10% do FGTS e 100% da multa rescisória para conseguir um consignado. A medida deve entrar em vigor em breve.

Quem já tem um empréstimo pendente e a parcela está pesando no bolso deve considerar três opções: trocar por um crédito com juros mais baixos, renegociar o saldo restante com o banco ou fazer a portabilidade dessa dívida para outra instituição financeira que ofereça taxas menores.

O primeiro caso seria, por exemplo, fazer um consignado para quitar um empréstimo pessoal. O primeiro tem taxas que chegam a ser três vezes menor do que o não consignado (129,9% ao ano). Assim, você começa a pagar tudo de novo, mas com parcelas menores.

Na segunda opção, vale tentar falar com o banco sobre a possibilidade de aumentar o prazo ou reduzir a taxa de juros contratada lá atrás. Mas a economista-chefe do SPC Brasil não é muito otimista em relação a isso.

— Poucas instituições são flexíveis antes de você atrasar o crédito. Até dá para você procurá-la, mas ela vai ter mais disponibilidade depois que você atrasar. Mas vale sim procurar a instituição financeira assim que o problema se instala, no primeiro dia.

Sem sucesso na renegociação, vale gastar um pouco da sola de sapato e procurar outros bancos que queiram comprar a sua dívida. Esse trâmite é conhecido como portabilidade e não tem custo para o cliente. Dessa forma, você fica com um contrato de empréstimo como um novo banco, no mesmo prazo estabelecido no contrato inicial, mas com uma taxa de juros menor.

Vale lembrar que você não precisa ter conta na instituição para procurar taxas mais atraentes. Mas provavelmente o novo banco com o qual você irá assumir a dívida peça que você abra uma conta corrente lá.

No site do Banco Central, é possível consultar as taxas de juros de cada banco das modalidades de crédito disponíveis no mercado.

Maria Eugênia Sosa, do Itaú-Unibanco, orienta que, após adequar a dívida bancária ao orçamento, o consumidor precisa fazer o dever de casa.

— Não adianta só fazer isso e não mudar o comportamento financeiro. Toda renegociação que a pessoa faça com o banco para buscar taxas menores tem que ser acompanhada de corte de despesas.

 

Fonte: R7

 

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