Governo enfrentará todas resistências a reformas, diz Temer
Na reunião com empresários e ministros da área econômica na manhã desta terça-feira, no Palácio do Planalto, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que “vai enfrentar todas as resistências” para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista.
“Mesmo se tiver manifestações contra, que são da democracia, vamos enfrentar”, disse o presidente em exercício. Ele deu a mesma declaração nos dois encontros realizados pela manhã, primeiro com os empresários, muitos do Nordeste, que integram o Conselho Nacional do Sesi, e depois com pelos menos oito ministros, alguns da área econômica.
Na reunião com a equipe econômica, Temer pediu a todos os ministros presentes que, em quinze dias, apresentem medidas para “buscar ativos” em cada pasta para que se possa fazer parcerias, concessões ou privatizações que possam representar recursos para o governo fazer investimentos. No dia 22 de junho, quando fez a primeira reunião do núcleo econômico, Temer já havia pedido uma “agenda de trabalho concreta” aos ministros para “animar a economia”. Passado quase um mês, o presidente estendeu o prazo em mais quinze dias.
Apesar de o encontro não ter discutido especificamente os cortes no Orçamento que estão previstos para serem anunciados até sexta-feira, a questão de venda de dívidas ativas da União no mercado que poderiam ajudar a evitar o contingenciamento entrou na discussão, quando o ministro das Relações Exteriores, José Serra, falou sobre inúmeros projetos que tramitam no Congresso sobre isso. Não foi citado, no entanto, nenhum número que poderia ser arrecadado com a venda de ativos.
O governo comemorou ainda a notícia de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão para a economia brasileira pela primeira vez após uma sequência de cinco revisões para baixo. A expectativa agora é que o Produto Interno Bruto (PIB) do País este ano encolha 3,3% – em abril, a estimativa era de queda de 3,8%.
Para 2017, o FMI agora prevê que a economia brasileira voltará a crescer. O órgão estima um avanço de 0,5% no PIB, contra uma projeção de crescimento nulo feita nos dois últimos levantamentos do órgão. O presidente em exercício quer um pacote de medidas para “animar a economia e o ambiente de negócios” no País.
Contingenciamento – O corte no Orçamento será discutido em outra reunião. A equipe econômica e o núcleo político do governo de Michel Temer estão em uma nova queda de braço sobre o tamanho do bloqueio de recursos. A Fazenda quer um bloqueio linear de gastos, mas a área política de Temer quer que seja seletivo, com objetivo de preservar, principalmente programas sociais, já que estamos às vésperas da votação do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado e das eleições municipais.
O valor do contingenciamento deve ser enviado ao Congresso até sexta-feira. Se depender da área econômica, será perto de 20 bilhões de reais. O núcleo político, no entanto, trabalha para que essa cifra fique na casa dos 5 bilhões de reais. No Palácio do Planalto, auxiliares de Temer afirmam que ele fará de tudo para poupar programas como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, num momento em que tenta ganhar popularidade.
Na conversa com os empresários, o presidente em exercício ouviu reivindicações do setor. Os empresários falaram das “grandes dificuldades” que as indústrias estão enfrentando, discurso que já vem ouvindo de outros setores. Temer salientou que é importante trabalhar “questões estruturais” e assumiu compromissos de enfrentamento destas questões consideradas fundamentais, como viabilizar as reformas previdenciária e trabalhista. A terceirização foi outro pedido dos empresários e Temer falou que vai discutir o assunto.
Participaram da reunião da equipe econômica com Temer, para discutir medidas para animar a economia, Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (interino do Planejamento), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), José Serra (Relações Exteriores), Blairo Maggi (Agricultura), Alberto Alves (interino do Turismo), Marcos Pereira (Indústria, Comércio e Serviços), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria do governo), além do secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Moreira Franco, e do líder do governo na Câmara, André Moura.
(Com Estadão Conteúdo)