Jornalista faz avaliação do eleitorado e pré-candidatos à prefeitura de Palmeira dos Índios

Em entrevista ao jornal “O Dia”, Com a Palavra: Grazi Duarte, diretora executiva do portal Estadão Alagoas fala sobre a perspectiva para as eleições 2016 em Palmeira dos Índios.

Como jornalista, como você está vendo o movimento dos pré-candidatos à Prefeitura de Palmeira dos Índios?

Como profissionais de comunicação temos sempre que analisar o processo de forma global e ao mesmo tempo detalhado, é um paradigma inevitável. Portanto, já há cerca de dois meses as movimentações nesse sentido se intensificaram. As alianças começaram a ser “costuradas”, algumas já quase “alinhavadas”, porém, até agora, nada de muito concreto. Por exemplo, os nomes para as vices candidaturas ainda são um enigma, mas temos conhecimento de que nos bastidores já existem previsões e inclusive pesquisas.

Quem leva a campanha a sério até o final? Quem vai juntar as candidaturas? Quem está apenas blefando?

A princípio, todos levam a sério. Ninguém vai se declarar “laranja”, é lógico. Porém o que temos conhecimento “extraoficialmente” é que o blefe existe. Há, por exemplo, pré-candidaturas postas de ex-assessores intimamente ligados ao prefeito James Ribeiro; outras estão ainda em regime de sondagem. Caso não decolem, com certeza, deverão desistir, mas isso, até o momento ainda é uma incógnita. Até porque, a cada eleição que passa, as campanhas propriamente ditas estão se acelerando mais tarde, obviamente inclusive por conta de gastos, que estão cada vez mais na “mira” da Justiça eleitoral. Para todos os efeitos, tudo está apenas começando.

E a população, que vai decidir essa disputa, como ela está?

Tenho notado muito claramente, por onde tenho andado e pelo que tenho visto e ouvido, que o eleitorado está muito silencioso, porém um fato que me chama atenção são algumas informações que me chegam sigilosamente acerca de eventuais pesquisas, além do que eu mesmo tenho constatado, é que a rejeição em torno de quase todos os nomes ora postos é enorme.

Qual é a tendência do eleitorado palmeirense?

Indiscutivelmente, ainda diante do que tenho visto e escutado, o que se pode ver é um sentimento de indignação, o que gera, consequentemente, anseios de mudanças, tanto no quadro político, quanto administrativo. A insatisfação com o momento, no País inteiro é em todos os sentidos; Palmeira não é diferente. Acredito que poderá haver surpresas.

O eleitor de Palmeira quer mesmo mudança?

Sem dúvida alguma. Daí a rejeição aos pré-candidatos – uns mais, outros menos – alardeada pelos quatro cantos da cidade, pelo menos onde se fala sobre política, além do que se comenta sobre as virtuais pesquisas, o que vem tirando o sono dos pré-candidatos.

Diante do atual cenário, qual é a chance de a política tradicional vencer a eleição?

Na verdade, ainda é cedo para tirarmos maiores conclusões, mas diante do quadro de insatisfação e rejeição que aqui já relatei, acho difícil que haja uma possível continuidade no comando do poder político em Palmeira. Famílias que tradicionalmente há anos detêm esse domínio, mesmo quando fora da prefeitura, hoje já se desentendem, divergem e já chegaram a “rachar”. É aí que se vê que nem os laços consanguíneos configuram lealdade e fidelidade quando se trata de dominar o que eles consideram o “seu” território. A sede pelo poder fala mais alto.

Estamos a três meses das eleições. Qual o sentimento do povo de Palmeira hoje? O povo levará esse sentimento para o momento do voto?

Com certeza, o sentimento que move o palmeirense no que se refere às eleições é o de indignação pelas lacunas que o poder público deixa em todos os sentidos. Entretanto, como é muito próprio da vocação do brasileiro, além de levar esse sentimento para as urnas, levará também o da esperança em dias melhores, como sempre, isso inevitavelmente faz parte da cultura de nosso povo.

Como jornalista, você tem sido uma “pedra do sapato” de alguns gestores. O que você descobriu nessas investidas?

(Risos) Não me considero uma “pedra no sapato” de nenhum deles. Sou uma profissional de comunicação e o meu dever de ofício é investigar, apurar e informar. Feliz ou infelizmente, não podemos agradar a todos, até porque nem todos merecem o nosso apreço e consideração no meio político. E, mais especificamente, os que realmente têm culpa no cartório se sentem incomodados, pois querem que o povo continue a ser imbecilizado por eles. E isso não faz parte de minha missão. Como jornalista e, principalmente, como cidadã, o meu compromisso é com a verdade.

O que pretende fazer com essas informações?

O que tenho feito regular e efetivamente: tornar públicas e transparentes ao meu público leitor e internauta. O povo tem o mais legítimo direito de tomar conhecimento do que é feito do seu destino pelas mãos de seus representantes, principalmente aqueles que se comportam com desonestidade.

A publicação de algumas matérias baseadas nas suas descobertas lhe rendeu algum problema?

Infelizmente sim. Principalmente por parte de alguns que se acham conhecedores de todos os segmentos de uma sociedade moderna, quando na verdade, apenas adotam o poder pelo poder, sem ao menos saber que o direito de ir e vir é sagrado. Conhecem as coisas do mundo apenas genericamente. Até cidadãos mais simples, sabem que toda sociedade é merecedora do direito à informação e que a liberdade de expressão e de imprensa é fundamental para o desenvolvimento social. Esses pobres de espírito e de conceitos aos pouco vão sendo desmascarados, e os pequenos entraves a que fui exposta já estão sendo devidamente esclarecidos e resolvidos, amigável ou judicialmente.

Por Deraldo Francisco/Jornal O Dia Palmeira