Olho Vivo: violência em Palmeira; quem será a próxima vítima?

Não necessita ser qualquer perito em estatística, para afirmar que o índice de criminalidade em Palmeira dos Índios está mergulhado no patamar da intolerância para qualquer sociedade que compõe uma cidade de porte médio.

No momento, deslembramos qualquer notícia produzida por nossa parte, na qual fizemos determinada referência a algum ato de prisão executado por obra de homicídio na terra dos Xucurus. E que não seja considerado como ato falho de nossa parte. Se prisões acontecem por assassinatos, a sociedade não está tomando ciência, e muito menos a imprensa. Arrisquemos fazer um treino de consternação, denominando os assassinatos ocorridos no nosso município, incluindo àqueles cujos cadáveres foram desovados em Pernambuco, ou em municípios vizinhos. O saldo deste treino com certeza é intimidante, tanto no que se refere a desregra de conduta de parte sociedade, como também ao número de encarcerados envolvidos nas proporções dos delitos.

Com isto, estamos confessadamente assegurando que há um descaso das autoridades para com o cumprimento fiel das leis. É como se cada crime não apurado e muito menos julgado, tivesse o significado de um troféu para policiais e juízes. A impunidade impera no meio da nossa sociedade. A população anda armada e não há medidas de repressão, as pessoas se matam por uma briga ocasionada por som alto, outros com suas motos e capacetes disparam em pais e filhos, e muitos se aventuram ao roubo abertamente a estabelecimentos comerciais, e o que no máximo ocorre, é o comentário na cidade que não ultrapassa a três dias, porque já temos novidades em se tratando de novos crimes.

É claro que ocasionalmente se prende um ladrãozinho vagabundo, pequenos viciados em drogas, um faminto que mata um cavalo,  e entre mil, um homicida perdido numa noite suja.

Não é isto que a sociedade ambiciona! Precisamos de segurança para as nossas famílias. Carecemos que se afastem de nós os bandidos, e que hajam medidas persistes de repressão.

Dados afiançados nos mostram que a apreensão de armas no município de Palmeira dos Índios abrandou assustadoramente nos últimos três meses. Fórmulas que vinham dando certo, de repente se decompuseram em descuido policial, e mau sonho para a sociedade.

Dentro do mesmo tema, até como se fosse uma prolixidade, vale reler umas linhas escritas há meses atrás;

Parece que aqui se mata e fica por isso mesmo

crimesTem sido um exercício constante, porém danoso, o fato do jornalismo brasileiro se prender tão somente a propalar o acontecimento. As implicações, um dos principais elementos da linguagem jornalística (o que, onde, quem, e por que), se forem detectadas até o momento da composição da notícia, ou mesmo, uns três ou quatro dias depois, tudo bem! Volta-se ao tema mais uma vez nas agitadas redações de jornais, e portais de notícias do nosso Brasil.

Percebemos que a continuidade na busca do esclarecimento final do fato, é o objeto capital do jornalismo investigativo, umas das áreas mais nobres da arte de se produzir notícias. O problema consiste no custo desta particularização, e não na ingênua vontade  dos veículos de comunicação.

“O jornalismo investigativo envolve expor ao público questões que estão ocultas – seja deliberadamente por alguém em uma posição de poder, ou acidentalmente, por trás de uma massa desconexa de fatos e circunstâncias que obscurecem o entendimento. Ele requer o uso tanto de fontes e documentos secretos quanto divulgados. A cobertura convencional de notícias depende amplamente – e, às vezes, inteiramente – de materiais fornecidos pelos outros (por exemplo, pela polícia, governos, empresas, etc.); ela é fundamentalmente reativa, quando não, passiva.”

Desde quando nos entendemos como gente, se é que o somos, sempre fomos atraídos por notícias sobre acidentes, sequestros, roubos de bancos, e principalmente de assassinatos, sejam eles à bala, golpes de faca-peixeira, facão, machadada, e o raio que nos parta. Para cada episódio deste, obrigatoriamente tem um componente causador; um motorista alcoolizado, um motoqueiro insensato, uma mulher que atraiçoe o marido, um traficante que não recebeu o bronze, um assassino encarregado, e o bambambã que se preza.

Num tempo de meditação jornalística, chegamos a nos interrogar sobre o quanto somos “mancos” na apuração de um fato,  ou o quanto são “capengantes” os órgãos policiais, quer sejam de nossa cidade, estado, ou até mesmo do nosso país.

Qualquer menino do bucho grande sabe nominar de A a Z, os crimes acontecidos em Palmeira os Índios (vamos começar por nossa própria casa), neste últimos dois anos. No entanto, nenhuma pessoa é capaz de assegurar com integral confiança, quem foram os delituosos, e onde estão eles.

Dizem, que “o que aqui se faz aqui se paga”. Esta máxima é falaciosa, porque existe uma prática onde os que aqui chacinam, aqui não pagam. Na desconfiança, inicie a pensar nos crimes brutais ocorridos em Palmeira dos Índios nos últimos cinco ou dois anos, e tente lembrar se os autores foram encarcerados, julgados, condenados, ou absolvidos.

Até nos pinta a ideia de que; se um bandido executar o seu ofício na nossa terra, e alcançar cruzar a fronteira do estado, em Paulo Alfonso ou Porto Real de Colégio, que o crime seja dado como apurado, porque a partir daí, neste país de vasta dimensão geográfica, e residido por milhões de bandoleiros, a captura torna-se humanamente impraticável, salvo utilizando as redes sociais.

A falha da imprensa, até mesmo pela dinâmica de constantes crimes, talvez esteja na deficiência de um jornalismo investigativo dentro das redações, enquanto que, a falha da polícia possa está na limitação da busca, consequência da falta de infraestrutura no seu aparato, ou no apertado quadro de investigadores.

Assim como a Polícia Militar apresenta contas das suas ações, é necessário que a Polícia Civil, em particular de Palmeira dos Índios, encontre também, uma maneira de informar  o cotidiano de suas atividades, naturalmente ocultando, aquilo que possa atrapalhar a linha da investigação.

Austrelino Bezerra

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