Em Velho Chico, Antonio Fagundes detona o trabalho de Rodrigo Santoro

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Não dá para acreditar no Antonio Fagundes em Velho Chico. Ele simplesmente destruiu toda a construção do Coronel Afrânio feita por Rodrigo Santoro na primeira fase da novela. Virou outro personagem. Santoro nos mostrou um Coronel complicado, soturno atormentado. Um sujeito que virou o que virou contra sua vontade. Ele era um sujeito, na juventude, ligado à contra cultura, queria viver na cidade grande e tal. Mas, por imposição de sua mãe, virou um coronel do interior da Bahia e passou a sofrer com isso. Rodrigo fez muito bem seu trabalho de nos mostrar o conflito interno do personagem. Pena que Fagundes tenha detonado isso já em seu primeiro capítulo, que foi nesta segunda (11) e continuou na terça (12).

O “novo” Coronel desta fase virou simplesmente um grosseirão, um bonachão. Uma espécie de Sinhozinho Malta muito piorado. Veja bem: no fim da primeira fase de Velho Chico, a história já havia percorrido mais ou menos uns vinte anos. Ou seja, o Coronel já não era um jovenzinho, já era um homem maduro e sabíamos bem como ele era. Ele continuava sendo um cara complicado e perturbado pelo que sua vida se transformou. Na fase atual, mais vinte anos se passaram e simplesmente não dá para alguém mudar desse tanto. Não dá para virar outra pessoa. O que Fagundes faz é esquecer o que Santoro fez e interpretar o personagem do jeito que ele acha que deve ser. Fora que Fagundes está totalmente no piloto automático, né? Esse é o mesmo personagem que ele já fez várias vezes em outras novelas. A voz do seu Coronel é a mesma que ele fazia, por exemplo, em O Rei do Gado. Triste.

Assim, nada faz sentido ali: a peruca que usa, a pintura no cabelo, o jeito todo espalhafatoso. Nada lembra o Coronel do passado. Ele até poderia ter uma ou outra destas características atuais, mas não ter nada do que foi é inadmissível.

Na boa, esta nova fase de Velho Chico começou muito mal e colocou por água abaixo o excelente trabalho dos atores do começo da trama. E Fagundes não é o único. Já falei sobre o estrago que causou à novela a entrada de Camila Pitanga como Tereza. O mesmo vale para Christiane Torloni, que transformou Iolanda numa perua, daquelas que a atriz sempre interpreta na TV. Detonou também o que Carol Castro mostrou com a personagem na fase inicial.

Enfim, a coisa foi por um caminho inesperado. Realmente uma pena.

 

Fonte: Odair Jr./R7

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