Entrevista: Tenente Coronel Fátima Basílio fala sobre preconceito, trabalho e objetivos

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A tenente-coronel Maria de Fátima Basílio de Lima do Valle tem 24 anos de profissão.

Filha de um médico veterinário e uma professora surpreendeu os pais ao decidir ingressar na carreira militar. Natural de Maceió, estudou no colégio Madalena Sophia,  Santa Terezinha e graduou-se em Direito no Cesmac.

Sua trajetória na PM é marcada pela quebra de tabus. Fátima foi a primeira oficial feminina a integrar o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Regimento de Policiamento Montado (Ramón), conhecida popularmente como Cavalaria.

Esposa de militar, o tenente-coronel Walter Do Valle, mãe de três filhos adolescentes e dona de uma personalidade forte, ela evidencia que o apoio familiar é fundamental para o exercício de seu trabalho.

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Sua trajetória no efetivo do serviço na PM é marcada pela quebra de tabus. Primeira mulher a a atuar como comandante de um Batalhão Operacional no interior alagoano. Chegar ao posto de tenente-coronel da Polícia Militar do Estado, penúltimo degrau na hierarquia da corporação.

Ela já comandou o 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em União dos Palmares e a 4ª Companhia Independente sediada em Atalaia.

Atualmente a tenente-coronel comanda o 10º BPM, que coordena 11 municípios, dentre eles, Palmeira dos Índios, Minador do Negrão, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas e Igaci, além das cidades de Quebrangulo, Paulo Jacinto, Tanque D’arca, Belém, Mar Vermelho e Maribondo.

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Com pouco mais de um mês a frente do BPM, a tenente coronel comanda 180 homens. Em entrevista ao portal Estadão Alagoas Fátima Basílio fala sobre  preconceito, vida militar e objetivos profissionais.

E.A: Desde que idade a senhora pensou em seguir a carreira militar e quem a influenciou?

Fátima Basílio: Desde os 20 anos de idade. Prestei o concurso em 1991. O ex-comandante da polícia Cel. Rocha me incentivou através das suas ações a entrar na polícia.

E.A: O curso de Direito teve relação com a carreira militar?

Fátima Basílio: Ajuda bastante. Sou graduada em direito com especialização em ensino superior e direito penal pelo Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac), e possuo diversos cursos na área operacional, tais quais: operações policiais de alto risco, treinamento tático em dupla e treinamento no combate armado com táticas de fuga e perseguição.

E.A: Enfrentou preconceito nos quartéis?

Fátima Basílio: Antigamente a situação era mais delicada. Não ia para batalhão operacional, essas coisas a gente não fazia. Esse quadro mudou de uns oito anos pra cá. Driblo o preconceito com minha capacitação técnica sendo essa a principal arma contra o machismo.

E.A: Como foi conciliar o namoro com o seu esposo, sendo ele também um militar?

Fátima Basílio: Quando entrei na academia ele já tinha chegado, ele já vinha de um treinamento no Barro Branco em São Paulo. Eu estava no Segundo ano de academia, ele já era aspirante. Ele foi meu instrutor e começamos a namorar.

E.A: Qual o próximo objetivo profissional da senhora?

Fátima Basílio: Fiz faculdade de psicologia, enfermagem, zootecnia e não conclui nenhum deles, pois meu tempo no período diurno é muito complicado. Estou muito focada na Polícia Militar.

E.A: A senhora já foi assaltada? Um fato pitoresco na sua carreira?

Fátima Basílio: Nunca! Ainda bem. O fato pitoresco foi que em uma das operações comandada pelo Do Valle em Arapiraca, ele mandou mensagens me informando como tinha ocorrido a ação. Pois não é que ele enviou mensagem dizendo que tinha sido abatido. Essa notícia quase me mata! Mas de imediato liguei e fui informada do equívoco. (rs)

E.A: Qual a sua avaliação da criminalidade em Palmeira dos Índios?

Fátima Basílio: Além de o espaço ser extenso,  aqui tem muita rota de fuga. Muitos menores envolvidos com tráfico. Homicídios acontecem constantemente por causa do tráfico de drogas. Temos dificuldades para combater, nosso efetivo é pequeno. Tinha que ser uma força tarefa grande. As prefeituras tinham que ajudar através do Conselho Tutelar, Vigilância Sanitária. A gente chama, mas até agora eles se esquivam. Estamos fazendo a nossa parte com o policiamento ostensivo.

Redação

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