Ex-militar é condenado a 14 anos pela morte de comerciante

Redação: Carlos Alberto Jr.

Fotos: Paulo Tourinho

Especial para Estadão Alagoas

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O ex-soldado militar Manoel de Lima Filho foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado pela morte do comerciante José Cardoso de Albuquerque, ocorrida em setembro de 1989. A sentença foi proferida pelo júri no início da noite desta quarta-feira, 16, em Palmeira dos Índios.

Além da prisão em regime fechado, ele foi condenado a pagar R$ 10 mil à família do comerciante por danos morais. A juíza Luana Cavalcante de Freitas arbitrou a pena, após o veredito do júri que o considerou culpado pela maioria dos votos por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa à vítima.

O júri reconheceu a materialidade do crime ao condenado, mesmo estando ele, conforme apurado durante as investigações, a serviço e ordens do então delegado Ricardo Lessa, já falecido, que foi acusado de ser um dos líderes da Gangue Fardada, quadrilha formada por policiais civis e militares.

A magistrada salientou ainda que o condenado teve uma conduta reprovável no crime, o que reforçou a sua condenação. Outro fator destacado pela juíza foi o fato do réu ser, à época, policial militar que deveria estar no uso das suas obrigações.

JUSTIÇA FEITA

O advogado assistente de acusação, Thiago Pinheiro, apesar da condenação, achou a pena suave, principalmente pela comprovação de homicídio duplamente qualificado.

“Vamos estudar recorrer da sentença. No entanto, a condenação trouxe um alívio para a família”, frisou.

Já o cantor Geraldo Cardoso, um dos filhos do comerciante assassinado, disse que a condenação celou “esse ciclo horrível na vida da nossa família e mostrou que ainda podemos confiar em nossa Justiça”, disse. “Achei os 14 anos poucos, mas foi uma condenação. Tiramos um peso grande e conseguimos limpar o nome do meu pai”, destacou, ainda sob muita emoção.

O CASO

O crime ocorreu no dia 27 de setembro de 1989, por volta das 16h30, numa loja de autopeças em Palmeira dos Índios, quando o agropecuarista foi atingido por diversos tiros de forma brutal, pelas costas e sem chance de defesa.

Após as investigações, foram denunciados os delegados Ricardo Lessa, já falecido, e os policiais militares e integrantes da chamada Gangue Fardada, Manoel Bernardo de Lima Filho, então soldado, e José Belaildo dos Santos, posteriormente impronunciado.

Outros criminosos também participaram do delito, boa parte deles já falecidos.

Segundo as investigações, o delegado Ricardo Lessa e sua equipe teriam ido à cidade de Palmeira dos Índios a mando do então secretário de Segurança Pública de Alagoas, Rubens Quintella, executar a vítima, a qual naquele momento transportava gado, sua atividade habitual.

Os autores intelectuais do crime, foram o chefe político e ex-prefeito de Quebrangulo, Frederico Maia Filho, conhecido como “Mainha,” e sua esposa Cleusa, ambos já falecidos.

Os autos do processo relatam que o bando integrava um grupo de extermínio que derramava sangue no Estado de Alagoas, sob o comando do então delegado Ricardo Lessa, morto em 1991. Lima Filho e o falecido delegado foram os autores materiais do homicídio do pecuarista José Cardoso de Albuquerque.

LISTA CRIMINAL

Na capital paulista, o réu usava nome falso de Valderon Pereira da Costa, e segundo informações policiais permanecia em sua atividade criminosa. Durante o depoimento ao júri, Lima Filho sustentou que agiu em legítima defesa, não sabendo explicar, contudo, a quantidade excessiva de tiros que atingiram a vitima.

Manoel Bernardo de Lima Filho já foi condenado por outro homicídio e responde a mais seis ações penais. O réu é acusado da morte de um vereador do PT em Novo Lino e de mais duas pessoas, cujos corpos foram decapitados, além da morte de um casal homossexual na cidade de Campestre.

Ainda segundo a polícia, Lima Filho responde também por roubos de carro e de cargas na divisa entre Alagoas e Pernambuco.

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