Acusado de assassinar pai do cantor Geraldo Cardoso senta no banco dos réus nesta quarta-feira (16)

Por Carlos Alberto Jr.

Lima Filho
Lima Filho réu confesso do assassinato do pecuarista José Cardoso de Albuquerque, pai do cantor Geraldo Cardoso. Crédito Reprodução.

O júri popular do ex-policial militar, Manoel Bernardo de Lima Filho, conhecido como “Soldado Lima”, réu confesso do assassinato do pecuarista José Cardoso de Albuquerque, pai do cantor Geraldo Cardoso, foi adiado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas e acontece nesta quarta-feira (16). O motivo, segundo a assessoria de imprensa do TJ/AL, até então, teria sido impedimento por parte da juíza Luana Freitas, responsável pela condução do julgamento.

A magistrada, ainda segundo o TJ/AL, foi chamada para um mutirão da Semana da Justiça pela Paz. Por conta dessa convocação, não teria havido tempo hábil para informação aos advogados. “Soldado Lima” é apontado como um dos integrantes da chamada “Gangue Fardada”, um grupo de policiais civis e militares responsáveis por crimes de pistolagem, roubos de carros e assaltos no estado de Alagoas. O militar já havia sido condenado por outros homicídios, além das investigações apontarem-no também como integrante de um bando de extermínio em outros Estados do Nordeste.

O julgamento será realizado na sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). A acusação será feita pelo promotor Fábio Vasconcelos, com assistência do advogado Thiago Pinheiro.

Manoel Bernardo de Lima Filho será o único acusado a sentar no banco dos réus, devido às mortes de outros envolvidos no crime, entre eles o delegado Ricardo Lessa.

O ex-policial foi preso em 30 de outubro de 2008, em São Paulo, após longo tempo foragido e próximo da prescrição do crime.

O Ministério Público requisitou auxílio da 17ª Vara Criminal para o caso, em razão dos indícios de que se tratava de uma organização criminosa. De acordo com os autos, os autores intelectuais do crime, revelados após a prisão do réu, seriam o ex-prefeito de Quebrangulo Frederico Maia Filho, conhecido como “Mainha” e sua esposa Cleusa.

O CASO

Por volta das 16h30 do dia 27 de setembro de 1989, na loja Bilá Auto Peças, quando o agropecuarista foi assassinado a tiros de forma brutal, pelas costas e sem chance de defesa na cidade de Palmeira dos índios, após as investigações, foram denunciados os delegados Ricardo Lessa (falecido) e Manoel Bernardo de Lima Filho (ex-soldado PM e integrante da já conhecida “Gangue Fardada”), além do Policial Militar José Belaildo dos Santos, posteriormente impronunciado. Outros criminosos também participaram do delito.

local do crime
Agropecuarista foi assassinado a tiros de forma brutal, pelas costas e sem chance de defesa na loja Bilá Auto Peças na cidade de Palmeira dos índios. Crédito: Arquivo.

Segundo as investigações, um dos réus, o delegado Ricardo Lessa e sua equipe, teriam ido à cidade de Palmeira dos Índios a mando do então secretário de Segurança Pública de Alagoas, Rubens Quintella, executar a vítima, a qual naquele momento transportava gado, exercendo sua atividade habitual.

Os autores intelectuais do crime, seriam o chefe político e ex-prefeito de Quebrangulo, Frederico Maia Filho, conhecido como “Mainha,” e sua esposa Cleusa, ambos já falecidos.

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Os autos do processo relatam que o bando integrava um grupo de extermínio que derramava sangue no Estado de Alagoas, sob o comando do então delegado Ricardo Lessa, morto em 1991. Lima Filho como o falecido delegado foram, de acordo com as investigações, os autores materiais do homicídio do pecuarista José Cardoso de Albuquerque, crime de grande repercussão à época.

Advogado Thiago Pinheiro
Advogado de acusação, Thiago Pinheiro.

O advogado de acusação, Thiago Pinheiro, afirma que o delegado Eduardo Maia chegou a ser denunciado pelo Ministério Público pelo crime de prevaricação. Isso por não ter evitado o crime, bem assim restar configurada sua completa omissão nas investigações policiais que lhe cabiam, deixando mesmo para um dos acusados, delegado Ricardo Lessa, a confecção do Inquérito Policial. “Como pode o acusado elaborar o documento em que ele mesmo era o próprio executor do homicídio, verdadeiro absurdo”, afirma o advogado Pinheiro.

LISTA CRIMINAL

Na capital paulista, o réu usava nome falso de Valderon Pereira da Costa, e segundo informações policiais permanecia em sua atividade criminosa.

Lima Filho, sustentou que agiu em legítima defesa, não sabendo explicar, contudo, a quantidade excessiva de tiros que atingiram a vitima.

Indagado de sua participação da cúpula da segurança pública no crime, o réu preferiu o silêncio.  Manoel Bernardo Lima Filho já foi condenado por outro homicídio e responde a mais seis ações penais. O réu é acusado da morte de um vereador do PT em Novo Lino e de mais duas pessoas, cujos corpos foram decapitados, além da morte de um casal homossexual na cidade de Campestre.

Ainda segundo a polícia, Lima Filho responde também por roubos de carro e de cargas na divisa entre Alagoas e Pernambuco.

AMEAÇA

Geraldo Cardoso (Reprodução)

O cantor e compositor Geraldo Cardoso, filho da vitima, José Cardoso, disse que se sente fortalecido e esperançoso por saber que finalmente ocorrerá o júri popular. “Após 26 anos cheguei a desacreditar da Justiça, tive que sair da minha terra natal após a morte de meu pai com meus nove irmãos, a maioria menores de idade, interrompendo minha carreira artística em razão das investidas dos quadrilheiros que, usando o Estado, desejavam ardentemente me silenciar para que eu não buscasse justiça”, desabafou o cantor.

Jose Cardoso e filhos
José Cardoso deixou esposa e mais dez filhos, dentre eles, nove menores de idade.

Geraldo Cardoso revelou ainda que no ano passado recebeu uma carta de um parceiro de cela do ex-policial Lima Filho, revelando os planos para matá-lo. “Além de ter perdido meu pai, ter ido embora com minha família, ainda ser ameaçado? Essa situação é muito triste. Entrego minha vida nas mãos da justiça, porque a carta já  foi apresentada a ela”, e cópias estão nas mãos de outras pessoas. finalizou.

carta

 

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