Teatro Deodoro: 105 anos de história, arte e representação cultural em Alagoas

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Há exatos 105 anos, o cenário cultural alagoano ganhava mais representatividade e importância em âmbito local e nacional. Foi com a proposta de garantir a população contato direto com as mais diversas manifestações artísticas, além de possibilitar o aparecimento de autores, diretores e atores locais, que em 15 de novembro de 1910, foi inaugurado o Teatro Deodoro. O espaço iria se tornar um dos equipamentos culturais mais presentes da história de Alagoas.

A Praça Marechal Deodoro foi o lugar escolhido para receber a conhecida sala de espetáculos. O estilo neoclássico característico do final do século XVIII inspirou o arquiteto Luiz Lucariny, também autor do projeto “Teatro 7 de setembro”, na cidade de Penedo, a dar vida ao teatro. Até hoje, o ambiente é marcado pelo seu irreverente palco italiano, camarotes que relembram a vida social da época e uma arquibancada criada para comportar cerca de 650 espectadores, entre frisas, camarotes e poltronas.

Foi esse modelo arquitetônico com a plateia em ferradura e palco italiano, inclusive, um dos maiores pontos de avanço da prática do teatro em Alagoas. O Teatro Deodoro foi o primeiro espaço público capacitado para oferecer oportunidades aos realizadores de espetáculo, ajudando a colocar Maceió na rota de circulação de importantes espetáculos nacionais. E se nas ARTES CÊNICAS, o teatro teve um papel significativo para inclusão de artistas locais, na vida social ele foi um sonho para as elites alagoanas, como lembra o historiador, Ronaldo de Andrade.

“A inauguração do Teatro Deodoro é um dos grandes representantes do cotidiano das elites da época. O Governo de Alagoas decidiu criar dentro de um espaço urbano, um equipamento para e elite se completar no desejo de divertimento, urbanidade e civilização. A própria disposição dos lugares na plateia transparecia a situação econômica da década de XX, mas apesar de evidenciar as diferenças econômicas o teatro não deixava de ser um espaço comunitário cultural, onde as três categorias sociais podiam desfrutar da mesma atração”, conta Andrade.

Em 1988, uma reforma forçou o teatro a fechar suas portas por um longo período. Dez anos depois, na gestão de Juarez Gomes de Barros, então presidente da Diteal (Diretoria de Teatros de Alagoas), o espaço estava mais uma vez preparado para movimentar a vida cultural do Estado com programações contínuas e atrações variadas para todos os públicos.

O espaço voltou definitivamente a ter força e representatividade no cenário nacional quando Paulo Pedrosa, mais conhecido como Paulo Poeta, assumiu a presidência do Teatro, em 1999.

“O Teatro Deodoro é o maior templo cultural para os artistas, é o espaço de ingresso do ator na sua profissão. O seu fechamento foi um período de dor para nós, mas nessas últimas épocas ele conseguir ressurgir como uma fênix com uma programação que tem nos encantado. Não é pouca coisa você persistir e estar presente na vida cultural do povo por 105 anos, ele uniu a comunidade artística pela sua arquitetura, por tudo que aconteceu e promoveu na cultura alagoana”, destaca o ator e diretor alagoano, Homero Cavalcante.

Desde então, o Teatro Deodoro foi palco de grandes espetáculos produzidos por companhias regionais e até nacionais. Em mais de cem anos de história, renomados atores e atrizes como Bibi Ferreira, Paulo Autran, Arlete Sales, Glória Menezes e Tarcísio Meira já se apresentaram no espaço, que também recebeu grandes nomes da música popular e erudita brasileira, a exemplo de Roberto Carlos, Ivan Lins, Caetano Veloso e Gal Costa.

Mas não apenas a arte conquistou espaço no teatro. Ao longo dos anos, no salão Nobre do Teatro já funcionaram a Biblioteca Pública Estadual, a Câmara dos Vereadores de Maceió e a Justiça Federal. Bailes oficias da atual Prefeitura de Maceió, banquetes e recepções do Governo do Estado eram realizados no local, tido como ambiente de prestígio entre as personalidades de destaque e a sociedade alagoana.

“Na época, Maceió era uma cidade muito pequena; havia uma grande competição pelo espaço do comércio de espetáculos e o Teatro Deodoro passou a protagonizar essa oferta. Nesses mais de 100 anos de história, ele conseguiu se transformar no centro da vida artística social do Estado. Foi ali que grupos de teatros amadores da década de 40 e 50 apresentaram seus espetáculos, mas foi também por muito tempo o centro de movimentos sociais como palestras, eventos políticos e até carnaval. O teatro assumiu uma diversidade de funções, deixando de ser apenas uma casa de espetáculo deARTE CÊNICA para atender outras necessidades da cidade”, revela o historiador Ronaldo de Andrade.

Teatro de Arena

Idealizado pelo ator alagoano, Bráulio Leite Júnior, o Teatro de Arena Sérgio Cardoso ampliou a oferta cultural já oferecida pelo Teatro Deodoro. Foi em 1972, que o antigo Bar Deodoro cedia lugar para uma sala de espetáculos mais privativa e que posteriormente teria um importante papel para a vida artística em Alagoas, projetando novas gerações de artistas no cenário cultural do Estado.

Depois de se restringir a poucos grupos de teatro amador de Maceió logo no período de sua inauguração durante a ditadura militar, o Teatro de Arena vive hoje uma realidade diferente. A proposta ampliou e atualmente o espaço recebe pequenas apresentações de artistas locais com uma capacidade estrutural para receber 180 pessoas.

Complexo Cultural Teatro Deodoro

Completando o tripé cultural alagoano, em dezembro de 2014, foi inaugurado o Complexo Cultural Teatro Deodoro: um dos maiores e mais completos equipamentos culturais do país. Instalado ao lado do centenário teatro, o espaço conta com ambientes estratégicos para acomodar grupos permanentes da Orquestra, do Balé e da Companhia de Teatro do Deodoro e uma galeria de arte para exposições de artistas de diversas áreas.

 

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