Irmão de Janene chamou de “maluco” deputado que sugeriu exumação

cats“Isso é coisa de ‘Comendador’ [o personagem do novelista Aguinaldo Silva], coisa de [novelista] Janete Clair; é uma colocação estapafúrdia, de tão descabida. O que deve haver é grandes motivos para se desviar o foco da CPI”. O desabafo, misto de raiva e deboche, é do empresário Faiçal Jannani, 67 anos, de Londrina (PR). Irmão mais velho do ex-deputado federal José Janene, Jannani contou ao Terra, nesta quinta-feira, que o telefone não para de tocar desde ontem – quando o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga desvios na Petrobras, deputado Hugo Motta, cogitou a exumação do corpo do ex-parlamentar.

Janene morreu em setembro de 2010 por complicações decorrentes de uma cardiopatia grave após 42 dias internado no Instituto do Coração (Incor) de São Paulo. foi velado e sepultado em Londrina no cemitério islâmico da cidade – e sob um rito religioso de purificação corporal que incluía não um caixão, mas uma mortalha branca sem costura.

“O homem [Janene] ficou internado em coma numa das maiores instituições hospitalares da América Latina, chamada Incor, que tem todos os prontuários da doença, do coma, da morte, aí os caras vêm com uma m* dessas?”, disse, irritado.

Ontem, o presidente da CPI chegou a anunciar que pediria a exumação do corpo de Janene após supostamente ter recebido informações de que a viúva, do, Stael Janene, desconfiaria de que ele estivesse vivo. Após reação de Stael em nota, contudo, Motta recuou.

“Falei com ela [Stael], que jura de pé junto que esse deputado [Motta] é maluco, pois diz que nunca o viu e que não conversou com ninguém de CPI alguma, que não declarou nada a pessoa nenhuma. Ela estava até separada do meu irmão quando ele morreu – e foi uma separação meio traumática”, resumiu. “Agora: me parece que querem esconder alguma coisa criando uma cortina de fumaça dessas, não tenho dúvidas disso. Meu irmão não viajou e morreu em uma voagem, ele esteve em coma e entrou em parada cardíaca dentro de uma instituição do tamanho do Incor. Como que se fala uma besteira dessas?”

A exumação foi cogitada pela CPI em meio à citação do nome de Janene no esquema do ‘Petrolão’. No curso das investigações, julgadas pela Justiça Federal do Paraná, o ex-deputado foi apontado pelo doleiro Alberto Yousseff como quem teria organizado o esquema de corrupção na Petrobras e o orientado a repassar dinheiro a “agentes públicos, agentes políticos” por intermédio de outro doleiro, Carlos Habib Carter, em Brasília. Teria sido Janene, ainda segundo Yousseff, quem teria indicado Paulo Roberto Costa, em 2004, à diretoria de Abastecimento da Petrobras. Empresários também citaram o ex-deputado em depoimentos da comissão.

“É um festival de mentiras essa CPI, inclusive na delação. Tem muito dinheiro escondido ainda levado por uma meia dúzia”, queixou-se o irmão de Janene, que confirmou que Yousseff era compadre do irmão. “Beto é padrinho de um dos filhos dele”, afirmou, sem entrar em detalhes sobre o doleiro.

Jannani disse que a família pretende “acionar judicialmente” integrantes da CPI pelo dano que a suposta exumação, afirma, causou à família. “Por que ninguém vai ao Incor ver os prontuários médicos? Gozado, né? Não era uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] 24 horas – era a mais seria instituição de saúde da América Latina. Eu, mesmo, passei 27 dias em São Paulo por conta dessa internação”.

“Até, na época, chegamos a achar estranho ele ter morrido dentro do Incor: sofreu duas paradas cardíacas sendo que estava em uma UTI [Unidade de Terapia Intensiva] para trocar o marcapasso. Confesso que achamos, em um primeiro momento, que alguém tivesse protagonizado aquilo, ficamos seriamente desconfiados disso. Mas como era um corpo clínico muito respeitável, aceitamos”.

Janene deixou cinco filhos – duas do primeiro casamento e três do segundo, com Stael. Citado em ações civis públicas de improbidade administrativa por fraude em licitações em Londrina, Jannani, que nega as acusações, atua hoje em uma empresa voltada à “atividade agrícola, rural, ambiental, em todos os volumes”, disse. “Isso é coisa de novela”, encerrou.

 

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