Papa pede ternura frente às dificuldades do mundo
O papa Francisco celebrou antes da meia-noite desta quarta-feira (24), na Basílica de São Pedro, a segunda Missa do Galo de seu pontificado, durante a qual pediu aos católicos que respondam com “ternura e doçura” às situações mais duras do mundo.
“Temos a coragem de acolher com ternura as situações difíceis e os problemas de quem está ao nosso lado, ou preferimos soluções impessoais, talvez eficazes, mas sem o calor do Evangelho?”, questionou o pontífice durante a solene homilia. “Quanta necessidade de ternura o mundo tem hoje!”, afirmou ele, diante dos cerca de cinco mil peregrinos que assistiam à cerimônia.
O papa também explicou o significado do nascimento de Jesus para os cristãos: “uma luz que irrompe e dissipa a mais densa escuridão”.
Transmitida ao vivo por televisão para vários países do mundo, a tradicional missa começou às 21h30 (18h30 em Brasília) e durou menos de duas horas.
Em seu pronunciamento, o primeiro papa latino-americano convidou os católicos a serem humildes, ternos, abertos, a não cederem à cólera em suas vidas e a mostrarem empatia pelos que estão em dificuldades.
Aos milhares de peregrinos e turistas que acompanharam a missa, o papa pediu ‘a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida’. “Senhor, conceda-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida; dê-me a graça da proximidade frente a toda necessidade; da doçura, não importa qual seja o conflito”, acrescentou.
Ao fim da Eucaristia, o sumo pontífice depositou a imagem do menino Jesus em uma manjedoura instalada na basílica vaticana.
A missa começou com a ‘Kalenda’, o tradicional canto gregoriano que recapitula a espera da chegada de um messias no Antigo Testamento. Depois disso, a basílica foi iluminada para simbolizar o anúncio do nascimento de Jesus Cristo.
Com cerca de 80 integrantes, o coro da Capela Sistina acompanhou a procissão ao canto de ‘Glória’, e os sinos de São Pedro ressoaram para anunciar a natividade.
“Também nós, nessa bendita noite, viemos à casa de Deus, atravessando as trevas que envolvem a terra, guiados pela chama da fé que ilumina nossos passos e animados pela esperança de encontrar a grande luz”, disse ele.
O papa pediu ainda aos fiéis que abandonem ‘atitudes de impasse’, assim como ‘a arrogância’ e a ‘soberba’, limitações que admitiu encontrar, inclusive, entre seus colaboradores no governo da Igreja.
A prece universal foi recitada em vários idiomas, incluindo chinês e árabe.
Na última segunda-feira (22), adotando um tom duro sem precedentes, ele já havia denunciado o ‘Alzheimer espiritual’, a ‘esquizofrenia existencial’, o ‘endurecimento mental e espiritual’ e a ‘indiferença’, que invadem o corpo da Igreja Católica – sobretudo, a Cúria Romana, seu governo central.
O papa Francisco está preparando uma encíclica sobre o meio ambiente, a celebração de um segundo sínodo sobre os desafios da família moderna e também lidera a reforma da Cúria, que gera muitas preocupações internas.
Do balcão da basílica de São Pedro, Francisco concederá nesta quinta (25), a bênção natalina, divulgando sua mensagem ‘Urbi et Orbi’. Nela, os papas costumam pedir paz.