Investigação em cemitério do Perus encontra ossadas de 139 pessoas
A ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, apresentou nesta sexta-feira (12) os resultados parciais das análises dos restos mortais encontrados no Cemitério Dom Bosco, em Perus, na Zona Norte de São Paulo.
Um grupo formado por antropólogos forenses da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e de especialistas internacionais analisou 112 das 1049 caixas de ossos e concluiu que as ossadas correspondem a 139 pessoas – 27, porém, não são identificáveis.
As ossadas foram descobertas em uma vala clandestina em 1990. Inimigos do regime militar brasileiro foram enterrados no local como indigentes. Desde então, as análises já passaram por duas universidades brasileiras, e perícias da polícia científica do Instituto Médico Legal (IML).
Em 2013, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República anunciou a retomada das buscas no cemitério, e o protocolo foi firmado com a Unifesp. Segundo a ministra, o primeiro ano das investigações teve um investimento de quase R$ 1,5 milhão.
“Este ano nós gastamos algo em torno de R$ 1 milhão com os peritos e a Unifesp utilizou quase meio milhão. A estimativa para o ano que vem vai depender da quantidade de DNA que nós vamos ter que analisar. De qualquer forma, nós temos no orçamento o que vem do MEC, Unifesp, Secretaria dos Direitos Humanos e parlamentares, algo em torno de R$ 3 a 4 milhões”, revelou.
As análises divulgadas nesta sexta mostram que sete dessas ossadas apresentam indício de morte violenta com golpes ou armas de fogo. O dado prévio também revela que apenas 112 ossadas são identificáveis. Destas, 84 eram homens, 23 de mulheres e cinco crianças de sexo indeterminado.
A partir do perfil dos 42 presos políticos desaparecidos e dos restos mortais analisados, o grupo iniciará, em janeiro de 2015, os testes de DNA para poder revelar a identidade das ossadas.
Samuel Ferreira, perito médico legista e coordenador científico do grupo de trabalho de Perus, afirma que o caminho pela frente é longo. “Ainda temos cerca de 900 caixas para abrirmos e teremos que ver o conteúdo dessas caixas para saber se tem mais de um indivíduo, dois ou três. Ao mesmo tempo que serão feitas as análises antropológicas, serão coletados materiais para exames genéticos dessas ossadas”, disse.
O coordenador estima que a análise antropológica de todas as caixas será finalizada em março de 2016. A ministra Ideli Salvatti, embora encare o prazo com otimismo, acredita que o resultado sairá antes do estimado.
“São 1049 caixas, já foram analisadas 112. Foram identificados 139 indivíduos, o que demonstra que é possível inclusive nós concluirmos antes do imaginado. É possível encerrar esse trabalho até o final do ano que vem e desta forma podemos dar a oportunidade aos familiares de terem ou não a certeza que seu sente queridos estão entre os restos mortais encontrados na Vala de Perus.”
Fonte: G1