Em 10 anos, 18 mil pessoas foram assassinadas em AL

images_cms-image-000392989Quase 18 mil pessoas foram assassinadas em Alagoas na última década. Dono de uma taxa, registrada no ano de 2012, de 64,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, o Estado é o mais violento do Brasil. Os dados são do Mapa da Violência 2014, divulgado recentemente pelo Ministério da Justiça (MJ) e uma iniciativa do sociólogo e pesquisador Julio Jacobo.

De acordo com o relatório, o crescimento no número de mortes foi de 106,9% no período que vai de 2002 a 2012. Mesmo com todos os investimentos anunciados pelo Governo e programas como o Brasil mais Seguro, o Estado passou de 11º, lugar que ocupava em 1998, para 1º no ranking da violência do País, ultrapassando locais como São Paulo e Espírito Santo, conhecidos pela grande violenta.

Na opinião do secretário de Defesa Social, Diógenes Tenório, a culpa para toda essa escalada é da falta de policiais. Ele destaca que, atualmente, são cerca de sete mil homens nas ruas – há 15 anos, o efetivo era de 11 mil. Para ele, seriam necessários por volta de 10 mil militares para dar conta de todas as cidades e, sem eles, muitas estão à mercê sem policiamento.

“Hoje, o Estado precisaria, para situação mais ou menos consolidada, com a ajuda da tecnologia, de uns 10 mil homens. Temos município praticamente sem policiamento. São municípios pequenos, mas município sem polícia representa a ausência de uma política estatal de combate à violência. Temos algumas falhas e não podemos esconder. Estou aqui por pouco tempo, mas sou capaz de lhe dizer que é preciso fazer muito mais”, diz.

O secretário reconhece a falta de concursos públicos, mas afirma que, nos últimos anos, a situação vem melhorando. “Essa redução é devido à aposentadoria e à falta de concurso pelo Governo. Se se aposentar e tiver concurso para suprir carências, então ficamos com uma lacuna”, expõe. “Mas preferia dizer que, se comparássemos o mesmo período do ano passado com esse ano, tivemos uma redução. Na capital, foi de 30%”.

Mas, as estatísticas continuam desfavoráveis para Alagoas. No período de janeiro a julho de 2013, por exemplo, o total de mortos por crimes violentos foi de 1.302. Já no mesmo período deste ano, o número chega a 1.363, segundo dados da própria Secretaria de Defesa Social (Seds). Apesar de pequeno, o crescimento na média de assassinatos – que passou de 6,20 para 6,43 por dia – continua gerando dor de cabeça para o Governo.

INTERIOR

E um dos motivos dessa preocupação tem sido a escalada da violência nas cidades do interior alagoano. Segundo Diógenes Tenório, com as ações de combate realizadas em Maceió, boa parte da criminalidade tem mudado de endereço e, agora, assusta a população antes acostumada com um clima um pouco mais ameno. Na Grande Maceió, o crescimento é um dos mais expressivos.

“Se pegarmos a Grande Maceió, vemos que os índices cresceram muito lá. Rio Largo, Satuba, Pilar, todos estão sofrendo desse problema, além de cidades como São Miguel dos Campos e Capela. Estou sendo requisitado para uma reunião em Capela, pois os crimes têm aumentando muito lá. É o efeito do aperto que se pode dar na capital. Estamos chegando lá, mas com ações pontuais, pois não temos efetivo”, destaca.

Arapiraca é outra localidade que vem apresentando dados nada positivos. O segundo maior município do Estado também teve aumento: foram 85 homicídios nos primeiros sete meses de 2013 contra 93 no mesmo período deste ano.

“Se me perguntar como está Alagoas como um todo com relação à violência, não temos grande resultados. Avançamos em Arapiraca, mas hoje a cidade já reclama por uma série de providências para estabilizar a violência, que está grande”, diz o secretário de Defesa Social, que comemora, porém, os resultados da capital.

Ele afirma que os maiores investimentos estão localizados em Maceió, que tem “a maior movimentação turística”. “Quando acontece algo no interior, tenho que tirar alguém da capital. Tiramos uma fatia e deslocamos para esses pontos críticos para atenuar por uma, duas semanas, mas sem poder perder o foco que é a capital. Aqui temos a maior movimentação turística. Seria uma imagem muito ruim para Alagoas.”

DROGAS

“Aqui em Alagoas, a droga conseguiu formar um quartel de menores muito maior que em outros locais”. As palavras são do secretário de Defesa e, segundo ele, ajudam a explicar os números da violência no Estado. De acordo com Diógenes Tenório, esse é o principal perfil das vítimas de assassinato aqui: jovens envolvidos com o uso ou o tráfico de drogas.

Para ele, o problema é menor em outros locais do País. “Conversando com alguns policiais de outras cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, e lá isso é muito menor. Não sei se o fato é o nível educacional ou outro motivo. Isso requer um levantamento social”, acrescenta o gestor da Seds.

Ele afirma que algumas ações estão sendo tomadas, mas ainda insuficientes. “Algumas praticas já estão sendo adotadas com relação a isso. Orientações pedagógicas, institutos de ressocializações, mas tudo isso muito diminuto em relação à grandeza do uso e do trágico em alagoas. E temos uma legislação que tutela o direito do menor. Ele é livre para fazer o que quer e quando vem a ser pego como infrator é algo raro”.

Com 138,3 homicídios para cada 100 mil habitantes, Alagoas tem uma taxa cinco vezes maior que estados como São Paulo e Santa Catarina. Conforme o Mapa da Violência 2014, as maiores estatísticas estão entre os jovens de 12 a 29 anos. O secretário de Defesa Social contesta os dados e destaca que o Governo não maquia os números locais.

“Se considerarmos proporcionalmente, não é assim. E tem um detalhe: São Paulo tem outra maneira de trabalhar a estatística do crime. Registramos aqui todos os crimes que tenham tido morte sem nenhuma maneira enganosa. Se pegarmos um latrocínio, eles dão isso como um crime contra o patrimônio e não como homicídio. Registra só o efeito patrimonial. E tem outros jogos dessa natureza”.

Ainda assim, e mesmo afirmando não ter conhecimento do estudo do sociólogo Julio Jacobo, Tenório expõe que não há muito a comemorar. “Temos que comemorar na capital, mas ela não diz tudo. Diria que não temos muito o que comemorar enquanto não soubermos que todo o estado está sentindo o efeito do combate à violência”, opina o gestor.

 

 

Fonte:  Alagoas 247

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