Silêncio e rosas amarelas marcam adeus a García Márquez

Gabriel García Márquez (Reuters)

A tranquila calle Fuego, localizada no sul da Cidade do México, ganhou uma movimentação pouco habitual para uma quinta-feira santa – período de feriado prolongado no México – assim que se espalhou a notícia de que um de seus moradores, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, tinha morrido aos 87 anos.

A causa da morte do Prêmio Nobel de Literatura não foi divulgada. Contudo, na última segunda-feira, o jornal mexicano El Universal publicou que o escritor sofria de complicações de um câncer linfático que havia vencido em 2002. A informação não foi comentada pela família que disse apenas que o estado do escritor era grave e que eles haviam decidido fazer um tratamento paliativo em casa.

Pouco antes de morrer, García Márquez já dava sinais de que sua saúde estava debilitada. Ele esteve internado entre 31 de março e 8 de abril  por complicações respiratórias no Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán, na Cidade do México. Ao receber alta, os médicos disseram que o estado de saúde do escritor permanecia grave devido à sua idade.

As primeiras homenagens e visitas começaram a tomar o espaço da casa de número 144 pouco antes das 15h (17h de Brasília). A jornalista mexicana Fernanda Familiar, grande amiga de García Márquez e sua mulher, Mercedes Barcha, foi uma das primeiras a chegar ao local. Antes, manifestou-se brevemente sobre a morte do escritor em sua conta do Twitter. “Deixa de bater o coração de Gabriel García Márquez. Morre Gabriel García Márquez. Mercedes e seus filhos, Rodrigo e Gonçalo, me autorizaram a dar a informação”, escreveu.

Pouco a pouco, jornalistas de diversos meios de comunicação, provenientes de vários países, foram ocupando a frente da casa que é formada por dois andares e uma fachada de tijolos à vista. Do lado esquerdo da residência, a inscrição na parede “Fuego, 144”. Os fãs que apareceram no local quase foram ofuscados por um contingente policial de cinquenta oficiais que chegaram para garantir que a entrada de amigos e familiares da residência fosse feita com tranquilidade. A pequena calle Fuego chegou a ter o trânsito interrompido por algum período e grades foram colocadas em frente à casa para restringir o acesso de fãs e jornalistas.

O site de VEJA acompanhou a movimentação de amigos, familiares, fãs e jornalistas em frente à casa do Nobel de Literatura. O clima era de silêncio e espera de notícias sobre a causa da morte e o destino que teria o corpo de Gabo, como era chamado.

Os fãs apareceram, em sua maioria, trazendo rosas e outras flores amarelas, uma referência às borboletas de mesma cor que aparecem em um dos seus mais importantes livros, Cem Anos de Solidão, título que lhe garantiu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982. Também foram deixados à frente da casa velas e livros escritos por García Márquez.

Alguns ficaram ali por horas, outros passavam de carro e paravam em frente ao número 144 por alguns minutos, deixando as janelas dos veículos abertas. Em sinal de respeito e condolências, uma senhora reduziu a velocidade de seu carro e fez o sinal da cruz ao passar pela residência.

Pouco antes das 17h (19h de Brasília) um carro da funerária García López chegou ao local, levantando suspeitas de que o corpo de García Márquez seria levado para uma cerimônia de velório. Apesar da grande expectativa, a confirmação de que ele foi levado nesse horário só se deu muito mais tarde, por volta das 21h (23h de Brasília). A negativa de policiais e de familiares e amigos que chegavam à casa ampliavam ainda mais o clima de suspense no local.

O estudante de artes cênicas Bruno Oribe, de 21 anos, ficou à porta de García Márquez por volta das 17h30 da tarde. Com uma touca de lã e um crucifixo no peito ele disse que foi ao local para prestar uma homenagem em nome da família. Para ele, os melhores livros do escritor colombiano são Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera. “Eu moro aqui na rua, no número 210 e faz algumas semanas sabíamos que algo ia mal porque passávamos aqui e víamos vários jornalistas”, contou à reportagem dizendo que se sentia muito triste com a perda do escritor.

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