Avalanche mais violenta da história do Everest deixa 12 mortos

O alpinista Rodrigo Raineri segura a bandeira do Brasil no topo do Everest

Pelo menos doze guias nepaleses morreram nesta sexta-feira em uma avalanche no Everest, o acidente mais violento da história da maior montanha do mundo. As vítimas integravam um grande grupo de sherpas que saíram durante a manhã com barracas, alimentos e cordas, antes do início da temporada de alpinismo, no fim do mês.

A avalanche aconteceu às 6h45 locais a 5.800 metros de altitude, em uma área que leva à geleira de Khumbu. “Até agora retiramos doze corpos da neve. Não sabemos quantos mais se encontram presos”, declarou Dipendra Paudel, funcionário do ministério do Turismo do Nepal, em Katmandu.

Uma equipe de resgate, com o apoio de helicópteros, procura sobreviventes. Sete pessoas que haviam sido cobertas pela neve e gelo foram resgatadas com vida, segundo Paudel.

Um funcionário da equipe oficial de resgate que trabalha no campo base da montanha de 8.848 metros de altura, Lakpa Sherpa, disse que o número de mortos pode chegar a catorze. “Vi onze corpos que foram trazidos ao campo base, mas nos informaram que devemos esperar mais três”, disse por telefone o integrante da Associação de Resgate no Himalaia.

Elizabeth Hawley, considerada a principal especialista mundial em escaladas no Himalaia, afirmou que esta avalanche é o acidente mais letal da história do alpinismo no Everest. O acidente mais grave anterior havia acontecido em 1996, quando oito pessoas morreram em um período de dois dias durante uma tempestade enquanto tentavam escalar a montanha. “Esta é, sem dúvidas, a pior catástrofe no Everest”, disse Hawley.

A empresa Himalayan Climbing Guides do Nepal, com sede em Katmandu, confirmou que dois de seus guias estavam entre os mortos e quatro são considerados desaparecidos. “Quando nossos guias partiram do campo base não nevava, o tempo era fantástico”, declarou o gerente de operações da empresa, Bhim Paudel. “Dezenas de guias de outras agências cruzaram a passagem sem problemas antes”, completou. “Esperávamos segui-los, não recebemos nenhum alerta”, explicou.

A cada verão do hemisfério norte, centenas de alpinistas de todo o mundo tentam escalar as montanhas do Himalaia quando as condições climáticas são favoráveis. O acidente evidencia os grandes riscos para os guias sherpas, que transportam barracas, alimentos, reparam equipamentos e fixam as cordas para ajudar os alpinistas estrangeiros que pagam dezenas de milhares de dólares para chegar ao topo.

Mais de 300 pessoas morreram no Everest desde a primeira escalada com sucesso, de Edmund Hillary e o sherpa Tenzing Norgay em 1953. O pior acidente na história do alpinismo no Nepal aconteceu em 1995, quando uma avalanche atingiu o acampamento de um grupo nipônico, perto do Everest, e matou 42 pessoas. O país pobre do Himalaia tem oito das catorze maiores montanhas do mundo, com mais de 8.000 metros. O governo do Nepal concedeu licenças a 734 pessoas, incluindo 400 guias, para escalar o Everest este verão.

(Com agência France-Presse)

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