Advogada acusada de morder pessoas relata noite na Sapucaí e dá sua versão: ‘Legítima defesa’

O sonho de assistir ao desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, no último dia de carnaval, se tornou um verdadeiro pesadelo para Danielle Buenaga. A advogada, de 45 anos, apareceu nas manchetes dos principais veículos de comunicação do país, algemada e escoltada por guardas municipais, aos prantos, com cara de desespero, acusada de ter mordido pessoas num camarote, ganhando a alcunha de “Vampira da Sapucaí”.

Em entrevista, ela conta que toda a história é uma farsa para “tentar culpabilizar a vítima”. No boletim de ocorrência contra ela, os guardas dizem que Danielle estava mordendo pessoas no camarote, pois queria ter uma visão privilegiada da Avenida. E, que ao ser conduzida para fora do espaço, ela se descontrolou, em estado de embriaguez. A advogada nega e dá sua versão dos fatos.

“Cheguei ao camarote cedo porque meu objetivo era assistir à minha escola, Mocidade, que era a primeira da noite. Pisei no camarote às 19h27. Sei porque fiz uma foto nesse momento. Andei pelo espaço para conhecer e vi um bom lugar na grade para ver o desfile. Por volta de 20h peguei meu primeiro drinque. Quando começou o esquenta da escola no Setor 1, eu disse ao meu amigo, que foi comigo, que iria lá fora para fumar um cigarro, mas que deixaria a bolsa no cantinho, pois se chegasse alguém, ele diria que estava esperando uma amiga, para não parecer que ele era um folgado”, relembra.

Danielle saiu do espaço vip e ficou no corredor que dá acesso aos camarotes do setor par do Sambódromo. Ao retornar, segundo ela, foi impedida de entrar no Camarote Arpoador, onde estava e pagou pelo ingresso de R$ 2,2 mil reais. E foi aí que a noite acabou para ela.

“O funcionário pediu meu ingresso e eu disse que já estava lá dentro e só saí para fumar. Ele, então, informou que eu não poderia entrar a não ser que mostrasse o ingresso no celular. Argumentei que minhas coisas ficaram lá dentro com meu amigo e pedi para que alguém o chamasse. Ele disse que não podia fazer isso nem ninguém. Pedi para chamar um supervisor, e nada. Então pedi para fazer o reconhecimento facial, já que tive que sair de Itaguaí, onde moro, para ir à Copacabana cadastrar minha face quando peguei o kit. Nada”, relata ela, que foi ficando tensa ao passo que a Mocidade avançava na Avenida:

” Comecei a ficar tensa, a escola passando, e eu sem poder assistir. Ele disse que na porta eu não podia ficar e que teria de ir embora. Gente, como ir embora?” Além do gasto altíssimo que tive, eu sequer tinha minha bolsa. Ia sair dali como. E, aí fiquei nervosa. Foi quando ele chamou os guardas municipais que faziam ronda, e sem me perguntarem o motivo, já foram me levando e me arrastando”.

O que aconteceu depois disso, de acordo com Danielle, foi uma série de arbitrariedades cometidas pela Guarda Municipal.

“Um guarda me deu um mata-leão, me enforcando. Aí, sim, eu mordi o braço dele para me defender. Foi legítima defesa. Eu nunca me senti tão impotente. Uma mulher sozinha, com vários guardas em cima, e ninguém fez nada. Eu não sabia para onde estavam me levando, pois eles não falavam. Eu tive medo de sumirem comigo, sei lá. Todos os dias nesse país pessoas somem do nada. Me desmoralizaram, me acusaram de coisas que eu não fiz e não tiveram o menor cuidado, além de quebrarem todos os protocolos de conduta. Jamais poderiam me algemar daquele jeito, com braços para trás. Estou toda machucada. E era uma guarnição ligada à Lei Maria da Penha! Se eu fosse um homem, teriam feito isso?”, desabafa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *