A verdade sobre o ‘café fake’: por dentro do ‘parece, mas não é’ que se espalha pelos supermercados

 

 

Já ouviu falar de óleo composto, creme culinário, composto lácteo, cobertura cremosa? O “café fake” – um pó para preparo de bebida à base de café vendido em embalagem muito semelhante à dos cafés tradicionais que viralizou na última semana – é um caso extremo de uma tendência que se fortalece em momentos de aceleração da inflação como o atual: a proliferação dos produtos que parecem com os originais, mas são similares de menor qualidade.

Foi assim que o diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, descreveu, em um vídeo que circulou na última semana, o “cafake”, item que vem sendo encontrado em alguns supermercados com embalagem semelhante à do café, mas que é outra coisa.

Trata-se de um “pó para preparo de bebida à base de café”, que viralizou nas redes sociais como “café fake” e “cafake”, uma mistura de café com impurezas que, segundo a Abic, não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser comercializada.

O “cafake” é um caso extremo de uma tendência que se fortalece em momentos de aceleração da inflação de alimentos como o atual: a proliferação dos produtos que parecem, mas não são.

A lista é longa e tem desde “sósias” mais conhecidos, como a bebida láctea, similar ao iogurte, até outras mais recentes, como o óleo composto, uma mistura de azeite com outros óleos vegetais, e o creme culinário, vendido como similar ao creme de leite.

Nesses casos, as categorias são permitidas pela legislação e estão liberadas para comercialização, desde que deixem bem claro que não se tratam dos produtos “originais” – o que nem sempre acontece (leia mais abaixo).

A discussão sobre os alimentos que ‘parecem, mas não são’ esquentou na semana passada com uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerindo que os consumidores trocassem produtos que estivessem caros por similares como estratégia para baixar os preços.

“Se todo mundo tivesse a consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender , senão vai estragar. Isso é da sabedoria do ser humano. Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro”, afirmou Lula em entrevista a rádios da Bahia na quinta-feira (06/02).

A principal razão de os produtos similares existirem é econômica. Quando o custo dos itens básicos aumenta, comprometendo o orçamento doméstico, as famílias de baixa renda brasileiras tradicionalmente se veem sem outra alternativa a não ser substituir os produtos que costumam consumir por outros de menor qualidade ou similares, diz Luciana Medeiros, sócia e líder do setor de varejo na consultoria e auditoria PwC.

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