Prefeito no RN foi morto a mando da vice, conclui Polícia Civil
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte concluiu que o prefeito da cidade de João Dias (RN), Marcelo Oliveira, e seu pai, Sandi Oliveira, foram mortos a mando da vice-prefeita afastada do município, Damaria Jacome (Republicanos), e de uma irmã dela, Leidiane Jácome. O crime aconteceu em 27 de agosto deste ano, 40 dias antes das eleições em que Marcelo era candidato à reeleição.
Damaria, Leidiane e uma terceira pessoa, que seria um pastor cujo nome não foi revelado, foram alvos de mandados de prisão no âmbito da Operação Profanos, deflagrada nesta sexta-feira (27). Apenas o pastor foi preso, enquanto as irmãs seguem foragidas. Ao todo, segundo a polícia, foram cumpridos seis mandados de prisão e seis de busca e apreensão nas cidades potiguares de João Dias, Patu e Marcelino Vieira.
Ao todo, segundo a polícia, foram cumpridos seis mandados de prisão e seis de busca e apreensão nas cidades de João Dias, Patu e Marcelino Vieira.
Renúncia e ‘desrenúncia’ criaram rixa
O diretor da Polícia Civil do Oeste, delegado Alex Wagner, afirma que a rixa entre o prefeito e a vice começou logo após a posse, em 2021: recebendo ameaças, em julho de 2021, ainda no seu primeiro ano de gestão, renunciou ao cargo.
Um ano e um mês depois, ele recuperou a chefia do Executivo municipal graças a uma decisão judicial. Para isso, alegou que foi ameaçado e forçado pela vice-prefeita e familiares a deixar o cargo. Damária foi afastada do cargo desde então.
Em 2022, Marcelo chegou a ser alvo de tentativa de assassinato, também junto com o seu pai e um irmão, mas escapou. “Isso gerou já uma beligerância, uma cisão política e também pessoal”, diz o delegado.
Mortes como pivô
Depois da volta de Marcelo, o diretor afirma que irmãos da Dámaria e Leidiane foram mortos em confronto com a polícia. “A gente tinha um mandado de prisão por tráfico de drogas internacional expedido contra eles”, conta.
Segundo delegado, a família Jácome começou a imputar a Marcelo as ações policiais. “Ele estaria entregando todas as localizações dessas pessoas. Recentemente, a gente vê uma nova disputa política entre eles, agora com Damária candidata a prefeita”, diz.
Damária foi candidata em 2024, mas acabou derrotada pela viúva do prefeito, Fatinha de Marcelo (União Brasil).
Ela só assumiu a candidatura em setembro e foi eleita com 66,84% dos votos válidos. Damária teve 20,81%, e Irenilda Fernandes (MDB), 12,35%.
Sobre o pastor, Alex Wagner afirma que ele ajudou na logística do crime, ao informar o local onde Marcelo estava. “Ele que encontrou o melhor local para cometer o crime, além do momento mais adequado”, afirma.
Inicialmente, diz, cogitou-se cometer o assassinato de Marcelo durante um culto, mas a ideia foi abortada. “Eles acabaram encontrando um melhor momento, quando eles estavam fazendo uma campanha política, visitando a casa dos moradores”, explica.
O crime
Francisco Damião de Oliveira, conhecido como Marcelo Oliveira, era candidato à reeleição e foi morto junto com seu pai após uma visita de campanha na zona rural de João Dias no dia 27 de agosto.
Marcelo governava uma cidade com cerca de 2.000 habitantes, próxima da divisa com a Paraíba. O político, que deixa a mulher e dois filhos, chegou a ser socorrido, mas teve sua morte constatada no hospital da cidade de Catolé do Rocha (PB).
A morte do prefeito causou comoção no estado. A governadora Fátima Bezerra (PT) prometeu, à época, empenho na elucidação do caso.