Mãe denuncia que filha de um ano morreu por negligência em UPA do Benedito Bentes
Uma criança de um ano, identificada como Aurora, morreu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Benedito Bentes, administrada pela Prefeitura de Maceió. A mãe dela, Kettly Ferreira, acusa negligência médica na morte da criança. Ela questiona a transferência da bebê da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para área pediátrica e procedimentos que, segundo o relato, não teriam sido adotados pelos profissionais.
De acordo com a mãe de Aurora, a criança deu entrada na UPA no dia 22 de dezembro apresentando manchas roxas no corpo e com problemas na respiração. No entanto, a Kettly afirma que os profissionais presentes não fizeram a auscultação da respiração da criança, que é uma técnica usada para avaliar os sons pulmorares com estetoscópio.
Devido à gravidade da situação, a criança foi encaminhada para a área vermelha da UPA. “Já me desesperei como qualquer pessoa, mas falaram que estavam estabilizando ela. Até então estabilizaram a minha filha”, relata a mãe, em vídeo de trinta minutos publicado nas redes sociais.
Nesse momento, ela disse que foi autorizada a entrar na área vermelha e ficou ao lado da filha, a observando. “Ela tava parecendo com os sintomas de bronquiolite”, conta ela, afirmando que a criança fazia uso da máscara de Hudson.
A máscara de Hudson é usada para administrar o oxigênio em situações de emergência, de forma rápida e com alta concentração.
“Estava dando suporte que ela estava precisando, porque ela estava com falta de oxigênio. Colocaram para verificar saturação com um aparelho de adulto. Primeiro que já não é certo, que o aparelho de adulto não serve para criança”, disse a mãe.
Segundo ela, a saturação deu como boa. Mas a mãe critica o hospital, alegando que a criança deveria ter continuado na área vermelha da UPA, ou fosse transferida para um hospital. Em vez disso, ela diz que Aurora foi encaminhada para a área pediátrica.
“Nisso causou a piora da Aurora, porque tiraram uma máscara que tava dando o suporte que ela precisava e colocaram como se fosse nebulizador normal que a gente tem em casa, que não tava dando oxigênio para ela. Quem me conhece sabe que Aurora sempre foi apegada a mim. Ela não saiu do meu colo por nada. A minha filha tava tão agoniada, tão agoniada com a respiração, que ela ficava todo tempo deitada de bruços na maca”, relatou Kettly.
Na área pediátrica, a mãe disse que chegou a pegar a criança no colo e, um dado momento, a menina, que se mexia, perdeu o acesso ao soro. A mãe denuncia ainda que a menina pedia água, mas ela não encontrou água na UPA. Assim, a Kettly foi informada que Aurora voltaria para a área vermelha.
“Minha filha estava pedindo água e não tinha. Ela estava desidratada. Nesse meio tempo, tentaram achar a veia dela. Como ela estava desidratada, não dava para achar. Furaram de novo, não acharam. E ela [Aurora] tava se aperreando com todas as furadas, puxando mais ainda. Até que chegou um momento que furaram um pé dela, mas ela não estava mais reagindo”, descreveu a mãe a situação.
Kettly disse que chamou pela filha e a menina a olhou. Na ocasião, a mãe relata ainda que não havia presença de médicos, estando próximas as enfermeiras coletando sangue. Segundo a mãe, a saturação da criança baixou, a médica chegou e só então escutou os batimentos da criança.
A mãe relatou que, aos escutar os batimentos, a médica disse que havia um “chiadinho no peito” da menina. Na ocasião, Ketlly conta que começou a chamar por Aurora.
“Aurora não estava mais ali. A gente que é mãe sente. Aurora ficou com aquele olhar gelado, paralisado e já saiu durinha do meu colo. Levaram ela para a enfermeira, que pegou e tirou a máscara de oxigênio que ela tava e correu para a ala vermelha”, contou a mãe em detalhes.
Segundo a mãe, inicialmente na UPA a causa da morte foi inconclusiva, mas ela diz que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou que foi por broncopneumonia, que é uma inflamação que afeta os pulmões, comprometendo a respiração.
“Os médicos poderiam ter feito mais pela minha filha. Poderiam, mas não fizeram. As condutas médicas foram erradas. Como a minha filha foi para a área vermelha e foi transferida novamente para outra ala em questão de minutos? A minha filha não ficou na área vermelha por uma hora de relógio. Ela ficou bem e já tiraram ela de lá e trocaram uma máscara”, relatou a mãe.
Em desabafo, a mãe fala que Aurora “foi embora de surpresa” e que a passagem dela deixou luz aos que a conheceram.
“Muita gente não chegou a conhecer ela pessoalmente, mas mesmo pelo celular eu sinto que a minha filha era amada pelas pessoas que viu o nosso dia a dia aqui. Então tem gente que tá entrando na live agora e eu quero dizer: a minha filha faleceu. […] Foi por conta de uma conduta médica errada”, finalizou a mãe.