Vinícius Gritzbach era jurado de morte pelo PCC, facção com a qual teria mantido negócios e desviado dinheiro, além de ser subornado por policiais civis — dos quais seis estão presos, entre eles, um ex-delegado e um ex-chefe de investigações do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Joias para pagar dívida
Em seu depoimento à Polícia Civil, após o assassinato do namorado, Maria Helena afirmou que, entre os dias 5 e 6 de novembro passado, ouviu Gritzbach conversando ao telefone com uma pessoa que devia dinheiro a ele. “Posteriormente, ele determinou que [o policial militar] Samuel [Tillvitz da Luz] e [o motorista] Danilo [Lima Silva] fossem até Maceió buscar algumas joias que seriam como parte do pagamento dessa dívida”.
Os dois seguranças de Gritzbach ficaram hospedados em outro hotel, menos luxuoso que o do patrão.
Instantes finais
Na sexta-feira em que Gritzbach foi assassinado, dia 8 de novembro, o policial militar Samuel Tillvitz foi antes dos namorados ao aeroporto de Maceió, de carro, onde teria despachado a sua arma de fogo. Ele aguardou a chegada do casal Gritzbach e Maria, que foi até o embarque em um transfer, saindo do hotel onde ambos estavam hospedados, por volta das 8h30.
Maria Helena relatou à polícia que o casal estava ciente de que seria aguardado, no aeroporto da Grande São Paulo, por policiais militares que faziam a segurança particular de Gritzbach.
Assim que o avião pousou, em Guarulhos, Gritzbach recebeu um telefonema, no qual foi informado de que o Volkswagen Amarok que faria sua escolta estava com problemas mecânicos.
Segundo os quatro policiais que faziam a segurança privada de Gritzbach naquele momento, devido ao problema mecânico, apenas um deles foi buscá-lo, usando outro veículo, enquanto os outros três permaneceram com o carro quebrado em um posto de combustíveis.
Tiros de fuzil no rosto
Maria Helena destacou ao DHPP que o Amarok contava com nível de blindagem 5, ou seja, absorvia até tiros de fuzil. Já a Trail Blazer que aguardava o casal, acrescentou a namorada, contava com nível 3, ou seja, deixava os ocupantes mais vulneráveis.
Gritzbach, porém, não teve tempo de embarcar no carro blindado. Antes disso, foi alvo de mais de 20 tiros, de três tipos de calibre diferentes, incluindo de fuzil — dos quais 10 o atingiram, sendo dois disparos no rosto.
Ele morreu no local, e os assassinos fugiram no mesmo carro com o qual chegaram. O veículo foi encontrado abandonado, perto do aeroporto.
Armas abandonadas
A namorada afirmou, ainda no depoimento, ter ouvido os tiros e que viu Gritzbach cair. Ela, no entanto, não soube afirmar de onde vieram os disparos, porque fugiu na direção contrária para se proteger.
Dentro do aeroporto, ela ficou com o PM Samuel, que, posteriormente, conduziu Maria Helena até a casa de Gritzbach, onde ela foi procurada pela Polícia Civil, para a qual prestou o depoimento.
No dia seguinte, a Polícia Militar localizou as armas que foram usadas na execução do corretor. Um fuzil AK-47, diversos carregadores e também uma pistola foram achados na rua Guilherme Lino dos Santos, após uma denúncia anônima indicar o local ao 15º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep).
Execução
Vinícius Gritzbach foi morto com tiros de fuzil após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, quando voltou da viagem a Maceió com a namorada. Homens encapuzados desceram de um carro, na área de embarque e desembarque, e começaram a atirar. Foram 29 disparos, segundo a polícia. Além do corretor, o motorista clandestino de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais também morreu.
Quatro policiais militares eram responsáveis pela segurança de Gritzbach no momento do ataque. Todos foram afastados e são investigados por suspeita de envolvimento no crime. O PM que acompanhou o delator do PCC na viagem a Alagoas disse à polícia, dias após a execução, não ter percebido qualquer movimentação suspeita no aeroporto.