Após 54 anos, família procura filha que foi trocada na maternidade em Arapiraca
Uma família natural de Feira Grande, localizada no Agreste de Alagoas, luta para encontrar uma mulher que foi trocada na maternidade há 54 anos. Ela nunca foi identificada e o caso veio à tona após a vasta repercussão dos gêmeos Gabriel e Bernardo, que foram separados depois do nascimento e se conheceram apenas 2 anos depois. Essa história aconteceu em Craíbas e São Sebastião, também situadas no Agreste de Alagoas.
A família detalhou os fatos que ocorreram em 7 de agosto de 1970, no Hospital Regional de Arapiraca, local onde o parto foi realizado.
De acordo com os parentes, infelizmente a filha que foi trocada, Sandra Bispo, já faleceu. A irmã, Patrícia Bispo, conta que Sandra sempre soube que o erro aconteceu e que os pais nunca tentaram esconder a verdade dela, principalmente através das características físicas que a diferenciava dos outros membros familiares, como o tom de pele de Sandra.
“Quando a minha mãe foi ter bebê, teve uma reforma no hospital. No outro dia, ia tirar os pacientes do quarto e realocar para outra sala, em outro quarto, alguma coisa sobre uma inauguração do governador”, explicou.
Ela ainda contou que a mãe percebeu, naquele momento, que houve a confusão. “Ela percebeu na hora, porque a menina era gordinha, branquinha, como a família toda. Já a outra que veio era moreninha e ela achava que era mais velha, não era nascida daqueles dias, já tinha mais tempo”, relatou.
Patrícia contou que a mãe chegou a contestar que a criança, de fato, não era dela e descreveu as características da filha, para que os profissionais do hospital a identificassem. Em seguida, medicaram a paciente com uma injeção e ela acabou levando a filha postiça para casa, relatando que o erro não era culpa do bebê.
Patrícia Bispo também falou do sonho da mãe em encontrar a filha biológica. “Ela tem 90 anos, mas é lúcida de tudo e fala como se fosse hoje o caso que aconteceu, ela nunca esquece”, completou.
Já Maria Bispo, também irmã de Sandra, falou da angústia que o pai vivia. “Muitas vezes o papai se escondia porque dizia ‘será que vão pensar que não é minha? Ou que você roubou com alguém?’ Nós sabíamos a história todinha do hospital. Meu tio foi no hospital e foi falar com o diretor. Eu fui olhar e pedi a ficha de todas as mulheres que tiveram menina por aqueles dias, aí o diretor disse que não dava a ficha porque a gente ia procurar, gastar muito, não ia encontrar, o hospital ficaria desmoralizado e teria que demitir muitos funcionários”, detalhou.
As parentes disseram que Sandra faleceu em decorrência de um problema de saúde, há cinco anos. Porém, as irmãs ressaltaram que ela sempre soube da história, inclusive os filhos que Sandra teve também estão cientes do caso.
Elas também informaram que, há algum tempo, conseguiram o contato de uma pessoa que poderia ser a irmã biológica e que nasceu na mesma época, mas infelizmente não conseguiram realizar o exame de DNA para comprovar. Até hoje, a família não conseguiu localizar a parente.