Pai de universitário morto em abordagem da PM lamenta: “Quem vai devolver meu filho?”

 

Os pais de Marco Aurélio Acosta estão exigindo respostas do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e das autoridades policiais sobre a trágica morte do jovem de 22 anos, que ocorreu durante uma operação policial na última quarta-feira, dia 20.

Julio Cesar Acosta Navarro, pai de Marco e cardiologista, relatou que viu o filho no hospital antes dele ser levado para a cirurgia. “Uma luta no hospital para poder salvar a vida dele. Encontrei ele pedindo socorro, sofrendo“, compartilhou com o Estadão na quinta-feira, dia 21.

O Dr. Acosta, que também é professor colaborador no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, solicitou aos policiais detalhes sobre o tiro para auxiliar os médicos, mas não obteve retorno.

Todo esse bando de 16 policiais, com quatro viaturas, estavam já no hospital quando pedi informações para ver questões técnicas, que distância [do tiro], tudo importante para que o cirurgião tenha uma ideia melhor das consequências. Ninguém me falou nada lamentou.

Antes de ir ao hospital, Julio foi ao hotel onde seu filho estava, em busca de informações. Lá, foi informado apenas que Marco havia sido levado para atendimento médico. “Os caras não me deram informações, disseram que tinha ocorrido um incidente, que tinha que esperar“, revelou.

Na quarta-feira, 20, a família já havia expressado sua insatisfação e pedido por respostas durante uma entrevista no programa Cidade Alerta da TV Record.

Quero ver alguém que me dê explicações para dar conforto a toda a família. Quem vai devolver o meu filho? questionou Julio Cesar Acosta Navarro.

A mãe de Marco Aurélio dirigiu-se diretamente ao governador Tarcísio de Freitas durante a entrevista: “O que o senhor está fazendo para evitar mortes como a do meu filho? O que justifica esse policial ter matado o meu filho?“. Ela exigiu que o governador tivesse “a decência de pedir desculpas“.

Além disso, ela destacou aspectos da vida pessoal de Marco Aurélio: ele era solteiro, estava acompanhado de uma jovem no hotel, vivia com os pais e dois irmãos e era descrito como “um menino bom“. O jovem cursava Medicina na Universidade Anhembi Morumbi.

Como ocorreu o disparo

Imagens de câmeras de segurança de um hotel no bairro mostram o jovem entrando correndo no estabelecimento, seguido por um policial militar que o segura pelo braço enquanto empunha uma arma.

Outro policial aparece em cena e desfere um chute no jovem, que reage segurando o pé do agente, provocando seu desequilíbrio. Em seguida, o policial armado dispara contra o peito da vítima.

Segundo a versão apresentada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, o jovem teria atingido uma viatura e tentado fugir.

Ainda de acordo com a SSP, ele teria investido contra os policiais durante a abordagem, sendo atingido pelo disparo registrado nas imagens da câmera do hotel. A vítima foi levada ao Hospital Ipiranga, mas não resistiu e morreu na manhã de quarta-feira.

A arma utilizada pelo policial que efetuou o disparo foi recolhida e enviada para análise pericial. As polícias Civil e Militar investigam as circunstâncias do ocorrido.

Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e ficarão afastados até a conclusão das investigações informou a SSP.

Além disso, a secretaria afirmou que as imagens das câmeras corporais dos policiais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Entre janeiro e setembro deste ano, 496 pessoas foram mortas em ações da polícia paulista, o maior número registrado para o período desde 2020, quando ocorreram 575 mortes.

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