Mulheres denunciam dono de academia por assédio, estupro e violência psicológica em AL
Um grupo de mulheres registrou boletins de ocorrência contra o dono de uma academia no bairro de Serraria, na parte alta de Maceió. Elas denunciam assédio sexual, estupro e violência psicológica. A Polícia Civil já colheu depoimentos e deu início à investigação do caso.
Elas preferiram não ser identificadas na reportagem e deram detalhes do comportamento e das atitudes do proprietário da unidade.
“Ele ultrapassou todos os limites quando ele falou que sabia onde eu morava. Como ele tem acesso ao cadastro dos alunos, ele é proprietário da academia, ele foi bem enfático quando disse: eu estou indo à sua casa, porque eu sei onde você mora, sei o bloco e o apartamento. Então foi aí que realmente eu me assustei, acionei meus familiares, na época eu morava com meu pai, comentei com ele o que estava acontecendo. E realmente para mim, ali foi o momento em que eu fiquei com medo”, disse uma mulher.
Uma outra aluna da academia disse ter sido assediada dentro do local, e mesmo negando as investidas, segundo ela, o homem continuava a importuná-la. “Ele sempre me chamava na sala, luz apagada, trancava a porta e ali ele começava forçar uma intimidade que não existia. Ele perguntava sobre meu relacionamento, perguntava sobre a minha vida, falava que a academia era um ambiente familiar. Que ali ele tratava também de assuntos como sexo com outras medidas. E que eu me sentisse à vontade para falar com ele também sobre isso. Comigo, ele tentava não tratar de profissional, mesmo eu insistindo, mas ele não aceita “não” de mulher. Sempre que dava, que surgia uma oportunidade, ele fazia o que ele entendia”, declarou.
Mais três alunas denunciaram crimes de estupro, assédio sexual e violência psicológica. Abaixo, você confere o relato de cada uma delas.
Estupro dentro de sala da academia:
Porta trancada, luzes apagadas e tentativa de beijo forçado:
Abuso psicológico e pensamento de suicídio de vítima:
A delegada Ana Luiza Nogueira, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM 2), disse que, inicialmente, dois inquéritos estão abertos, porém outras pessoas já entraram em contato com a unidade policial para formalizar mais denúncias.
“Já foram abertos dois inquéritos, um para apurar o crime de stalker, e outro para apurar o crime de assédio sexual. Com a narrativa da segunda vítima, ficou muito claro que existia uma situação de hierarquia entre vítima e autor. Esses inquéritos estão tramitando, já foram ouvidas as vítimas, e algumas partes também estão sendo ouvidos, para se realmente houver um conjunto probatório, haver o indiciamento do agressor pelos dois crimes”, destacou.
“Também tomamos conhecimento de outras vítimas, que efetuaram ligações telefônicas para a delegacia já para agendar oitiva. Não foi formalizada a denúncia, mas provavelmente outras serão formalizadas na DEAM2 com relação a fatos similares infelizmente de natureza sexual contra o mesmo agressor”, continuou.
A orientação da delegada é para as mulheres procurarem pessoalmente a DEAM 2, no Tabuleiro do Martins, ou irem até a sede do Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Mangabeiras, que funciona 24 horas por dia.