Alagoas registra 112 transplantes de órgãos este ano
Em Alagoas, graças às pessoas que expressam em vida o desejo de serem doadoras de órgãos, à solidariedade dos parentes enlutados em autorizar a doação e ao trabalho desenvolvido pela Central de Transplantes o estado tem alcançado números bastante expressivos quanto à doação de órgãos.
De janeiro até setembro deste ano, Alagoas registrou 112 transplantes de órgãos. No mesmo período do ano passado, foram 77. Os dados mostram um crescimento de 45,45% nos primeiros nove meses deste ano em comparação a 2023.
Conforme a Central de Transplantes de Alagoas, atualmente há 526 pessoas na lista de espera por um órgão. Destes, 509 pessoas aguardam por um transplante de córnea, 15 por um rim, uma aguarda por um fígado e um espera por um transplante de coração.
As pessoas que esperam pela córnea aguardam, em média, 15 meses na fila. A esperança de recebe um fígado soma 10 meses, aproximadamente. Ter a vida ligada a um fio de esperança de receber um rim pode custar longos 82 meses ou praticamente sete anos.
Quando a família autoriza a doação, é dada a largada para um processo que necessita da agilidade dos profissionais. Quando os órgãos são captados, é preciso correr contra o tempo para que cheguem ao receptor. Isso porque, cada órgão tem um tempo de validade. O coração, por exemplo, tem quatro horas, o fígado oito horas, os rins 24 horas e a córnea dura um pouco mais, 15 dias.
Doação em cartório
Em Alagoas, cerca de 40 pessoas manifestaram, em cartório, a vontade de doar órgãos depois de falecidas. A medida passou a ser possível desde abril deste ano, quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os cartórios lançaram a campanha e o sistema de Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos.
A procura foi motivada pela campanha “Um Só Coração: Seja Vida na Vida de Alguém”. Quem desejar doar seus órgãos poderá manifestar e formalizar a sua vontade por meio de um documento oficial, feito digitalmente em qualquer um dos 8.344 cartórios de notas do Brasil. Em Alagoas, existem 106 cartórios de notas.
A iniciativa também marca a regulamentação do sistema de Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO). Desde então, doar órgãos está mais fácil, rápido e seguro.
Caso do RJ
A notícia de que seis receptores de órgãos foram contaminados com o vírus HIV na ocasião das respectivas cirurgias de transplantes, no Rio de Janeiro, deixou todos os brasileiros estarrecidos. Os órgãos infectados vieram de dois doadores. São casos sem precedentes no Sistema Público de Saúde. A Polícia Federal investiga o caso.
A diretora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos afirmou que está aguardando um parecer do Ministério da Saúde sobre uns pontos que estão investigando no caso do Rio de Janeiro para, posteriormente, se pronunciar.´
Sistema Nacional é considerado um dos mais seguros em todo o mundo
A primeira ação tomada foi de transferir todos os exames de sorologia dos doadores desse laboratório para o Hemorio, uma unidade de saúde estadual que vai rastrear material armazenado de 286 doadores.
Ministério da Saúde – O Ministério quer garantir confiabilidade do sistema. A situação está sendo tratada com extrema seriedade, visando cuidar dos pacientes e suas famílias e preservar a confiança da população nesse serviço essencial.
Brasil é o quarto entre os países que mais operam
As 526 pessoas que estão na fila de transplantes em Alagoas, aguardam, com fé e esperança, pela atitude altruísta dos familiares das pessoas que tiveram o diagnóstico de morte encefálica confirmado, seguindo todos os rígidos protocolos que a situação requer.
Brasil referência
Referência no transplante de órgãos, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking entre os países que mais operam no mundo.
Segundo o governo do Rio de Janeiro, o erro foi em dois exames do PCS Lab Saleme. A unidade privada fica em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e foi contratada pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, em dezembro do ano passado, em um processo de licitação via pregão eletrônico no valor de R$ 11 milhões, para fazer a sorologia de órgãos doados.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária descobriu ainda que o PCS não tinha kits para realização dos exames de sangue nem apresentou documentos comprovando a compra dos itens, o que levantou a suspeita de que os testes podem não ter sido feitos e que os resultados tenham sido forjados.
A situação foi descoberta no último dia 10 de setembro, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para HIV positivo; ele não tinha o vírus antes.
Esse paciente recebeu um coração no fim de janeiro. A partir daí, as autoridades refizeram todo o processo e chegaram a dois exames feitos pelo PCS Lab Saleme.
A primeira coleta foi feita no dia 23 de janeiro deste ano – foram doados os rins, o fígado, o coração e a córnea, e todos, segundo o laboratório, deram não reagentes para HIV.
No último dia 3 de outubro, mais um transplantado também apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. Essa pessoa também não tinha o vírus antes da cirurgia. Cruzando os dados, chegaram a outro exame errado, o de uma doadora no dia 25 de maio deste ano.
O Sistema Nacional de Transplantes é reconhecido como um dos mais transparentes, seguros e consolidados do mundo. Existem normas rigorosas que visam proteger tanto os doadores quanto os receptores, garantindo que os transplantes realizados no país mantenham um alto nível de confiabilidade.
O Sistema possui dispositivos regulatórios que já preveem protocolos específicos para a redução de riscos, como a transmissão de doenças infecciosas, e está em constante atualização para acompanhar os avanços médicos e científicos nessa área.
O Ministério da Saúde e os demais agentes sanitários reforçaram as normas e orientações técnicas, que já são robustas, com o intuito de aprimorar os procedimentos de identificação de doenças transmissíveis antes da doação. Esse esforço visa reduzir ainda mais as chances de transmissão de infecções como o HIV ou a Hepatite C, garantindo que o sistema de transplantes no Brasil continue a operar dentro dos mais altos padrões de segurança.
Por fim, o Ministério da Saúde reforçou ainda o compromisso com a segurança e a transparência no processo de doação de órgãos, assim como com a supervisão dos processos de trabalho envolvidos.
Todas as ações tomadas até o momento visam proteger a saúde da população e aprimorar ainda mais o Sistema Nacional de Transplantes, que se mantém sólido e seguro.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por cerca de 95% dos procedimentos no país.
O transplante de órgãos no Brasil é gratuito e previsto em Lei. O custo do transplante para o SUS varia de acordo com o órgão. Em média, um rim de um doador falecido custa R$ 27 mil, enquanto o rim de um doador vivo custa, em média, R$ 21 mil.
O Ministério da Saúde gerencia a lista de espera por transplantes no Brasil e divulga dados atualizados diariamente. Atualmente, mais de 60 mil pessoas no Brasil aguardam por um órgão para transplante. Dessas, mais de 37 mil aguardam um transplante de rim. Cerca de 370 pessoas aguardam por um coração na fila do transplante atualmente.