Voar, voar… conheça o sonho de Ícaro, um garoto de 12 anos

 

“Voar, voar, subir, subir…”, diz a letra da canção de Byafra: “Sonho de Ícaro”, de 1984. E é esse sonho de voar longe, alçar voos mais altos, mas na dança, no balé, que o pequeno Ícaro, de 12 anos, vai em busca, lá em Santa Catarina.

O significado desse sonho (que diz na música) é que, “se no mundo das lendas o voo de Ícaro nos ensina que o mesmo sol que ilumina é aquele que queima quem se expõe demais, na vida real é fácil perceber que tudo o que desejamos e fazemos tem um preço a pagar, seja financeiro, físico ou emocional”.

E o menino alagoano terá que pagar um alto preço nos três sentidos. Ícaro Larchert de Farias foi selecionado pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, que fica em Joinville, Santa Catarina. É a filial de uma das mais famosas companhias de balé do mundo. O Bolshoi tem sede em Moscou, na Rússia. Para isso, a família precisa de recursos para custear as despesas da viagem e, claro, da mudança. Além disso, precisa de adaptação na nova cidade. Ícaro passou por duas seletivas, antes de ser aprovado.

Tudo começou quando Ícaro ainda praticava ginástica rítmica. E quem conta é a mãe dele, a professora de arte, Carla Farias, em entrevista à Gazeta. Segundo ela, há muito tempo Ícaro demonstra aptidão para a dança. Ela recebeu a notícia da aprovação do filho na sexta-feira (13). As aulas lá em Joinville começam no dia 21 de janeiro do próximo ano.

“Eu vim perceber que gostava e tinha vontade de fazer (balé) quando eu tinha nove anos, quando eu dançava em casa com a minha mãe, ia na academia de dança e fazia dança com ela. Quando foi na sexta, às 11 horas da noite, eu estava quase dormindo, minha mãe ligou para mim. Fui ver o celular e ela tinha mandado a mensagem: ‘Você passou!’”, disse Ícaro, em entrevista.

“Ele sempre teve uma expressão corporal diferenciada. Fora, a flexibilização. Antes de fazer balé, ele fez ginástica rítmica e se saiu muito bem, mas a modalidade é feminina e ele não teria como seguir carreira”, explicou Carla Farias.

“Então, em conversa, decidimos que seria melhor ele seguir o caminho na dança. Ele faz balé apenas há seis meses e isso faz dele alguém diferente, sem dúvidas, um autodidata”, emendou.

Para custear as despesas com a mudança para Joinville, a família está promovendo uma vaquinha. Até essa sexta-feira (27) eles haviam conseguido R$ 2.102,00. Mas é necessário em torno de R$ 15 mil, conforme a meta estipulada por Carla. “Não sei se conseguiremos”, disse.

Ícaro estuda no Colégio Santíssimo Senhor, onde faz 7º ano. Ao ser perguntada sobre como se sente com tal conquista do filho bailarino, Carla disse: “Eu estou muito feliz! Como mãe, não consigo descrever o que estou sentindo, pois é algo novo que nunca senti antes. Eu só quero que ele viva esse sonho e seja feliz!”.

Carla Farias, além de professora de arte, graduada em dança (licenciatura), na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é pedagoga e psicopedagoga. “Queria agradecer ao pai do Ícaro, João Henrique, e à família dele, que sempre ajudaram na criação do meu filho, sem medir esforços. Ele é muito presente na vida do Ícaro”, disse Carla, que atualmente é casada com o corretor de imóveis André, que também abraçou a causa.

Sobre a viagem (a mudança), para Joinville, Carla diz que a família viajará de carro. “Isso porque o custo para ir de avião e levar o carro de cegonha é muito alto”, justificou. Eles ainda estão em Maceió e, segundo ela, só vão para Joinville no início de dezembro.

“Deixaremos nossos trabalhos e recomeçaremos do zero lá em Joinville. Por isso também o motivo da vaquinha. Não sei quanto tempo levarei para conseguir um trabalho lá, fora os custos desse translado. Mas, estou confiante, acreditando que tudo dará certo. Desde que recebi a notícia (de que Ícaro irá para o Teatro de Ballet Bolshoi) Deus me deu a paz, mesmo diante de algo tão grande e desafiador”, acrescentou.

Ícaro estudou balé no Studio de Dança Brise, escola de balé localizada no bairro da Gruta, em Maceió, com os professores Marília Gonçalves e Joseph Morais. “Para eles minha eterna gratidão. Nos acolheram na escola, foram com a gente para Joinville, nos deram suporte. Isso foi muito importante para o Ícaro”, agradeceu Carla.

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