Ataques a Marçal e impulso de Tarcísio: como Nunes subiu nas pesquisas
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição na capital, cresceu além das margens de erro nas pesquisas eleitorais desta semana. O resultado se deu ao aproveitar seu tempo de rádio e TV para atacar o rival Pablo Marçal (PRTB) e se associar ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que conta com a aprovação do eleitorado.
Nunes ainda segue embolado com Marçal e Guilherme Boulos (PSol) nas pesquisas Quaest e Datafolha divulgadas nesta quarta-feira (11) e quinta-feira (12), respectivamente. Mas ambas as empresas registraram uma subida relevante do prefeito. No Datafolha da semana passada, ele havia marcado 22%. Nesta quinta, subiu para 27%.
No início do período eleitoral, em 16 de agosto, antes do horário de rádio e TV começar, Nunes viu Marçal disparar nas pesquisas, saindo da quarta colocação para o empate técnico na liderança, com Boulos e o prefeito.
A campanha do prefeito avaliou que não havia como competir com o domínio do ex-coach nas redes sociais. “Ainda bem que foi agora”, disse um dirigente partidário. Isso porque a campanha em rádio e TV ainda iria começar dali a duas semanas e haveria tempo para recuperar terreno – em meio a dúvidas da equipe sobre o quanto a expansão das redes sociais havia afetado a campanha tradicional.
Para tornar o cenário mais adverso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que havia prometido apoio ao prefeito e vinha sendo considerado uma “arma” da campanha para atrair o eleitorado de direita, estava dando sinais simpáticos ao concorrente que subia nas pesquisas. Adversários do prefeito chegaram a apontar o “desembarque” de Bolsonaro da campanha.
Propaganda eleitoral
Nunes está em uma coligação de 12 partidos, que detêm 66% do tempo total do horário eleitoral. Já Marçal, que pertence a um partido nanico, não tem direito às inserções gratuitas.
Para conter o ex-coach e seus vídeos, já no segundo dia de rádio e TV, a campanha do prefeito o associou ao Primeiro Comando da Capital (PCC), diante das ligações dos dirigentes do seu partido com a facção criminosa. Desde então, manteve a artilharia.
Passada a primeira semana de campanha, a disparada de Marçal foi contida pelos ataques – que vieram também de Boulos. Marçal parou de crescer, mas Nunes ficou com os mesmos índices. O cenário começou a mudar após a entrada de Tarcísio na briga.
Padrinho poderoso
Desde o início do ano, Tarcísio deixou claro para todos os aliados que a eleição de Nunes é uma prioridade sua, empenhando-se em diversas frentes, que vão desde decisões estratégicas de campanha até articulações políticas e interlocuções com Bolsonaro.
O governador também acompanha o prefeito no corpo a corpo nas ruas desde a primeira semana de campanha e, paralelamente, tem feito eventos próprios, sem o prefeito, para pedir votos ao emedebista.
Quando entrou na campanha de rádio e TV, Tarcísio trouxe um discurso direcionado ao eleitorado bolsonarista que havia se interessado por Marçal. Ele disse que sua prioridade era evitar a vitória da esquerda e que o caminho para o triunfo de Boulos era Marçal – o governador se valeu das pesquisas de opinião que mostram que o candidato do PSol derrotaria o ex-coach no segundo turno.
Pesquisas qualitativas da campanha do prefeito sinalizam que Tarcísio transmite mais credibilidade do que qualquer outro político relacionado ao pleito paulistano.
Fator Bolsonaro
A subida de Nunes nas pesquisas ocorreu sem a entrada de Bolsonaro na campanha, e o entorno do prefeito ainda discute o quanto a presença do ex-presidente é necessária.
No entorno de Nunes, uma das avaliações é de que o papel de Bolsonaro seja transferir seu eleitorado para o prefeito. Contudo, esse apoio precisa ser dado da maior distância possível, uma vez que a rejeição a Nunes aumenta quando ele é associado ao ex-presidente.
Havia receio na campanha de que o acordo com Bolsonaro pudesse ser rompido e que Marçal recebesse o apoio do ex-presidente. Mas ambos se desentenderam por conta própria, sem ação direta do prefeito, quando o ex-coach tentou roubar as atenções no ato convocado pelo ex-presidente na semana passada, na Avenida Paulista, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Embora Nunes seja diariamente questionado por jornalistas sobre a entrada do ex-presidente na campanha, o entorno do prefeito já avalia deixar a propaganda com Bolsonaro para o segundo turno.