Caso Maria Aparecida: filha de 15 anos depõe e cita agressões do pai contra toda a família
O julgamento de Alisson José Bezerra da Silva, 46, que está sendo realizado nesta terça-feira, 6, no Fórum da Capital, no Barro Duro, teve o forte depoimento de Ana Beatriz, de 15 anos, filha do réu com Maria Aparecida Bezerra. Ana afirmou que o relacionamento dos pais era tóxico e que Alisson tinha histórico de agressão contra ela, o irmão, 12, e a mãe, 54, que foi assassinada a facadas em julho de 2022, no bairro do Antares, em Maceió.
As informações foram divulgadas à imprensa pela assessoria de comunicação do Ministério Público do Estado de Alagoas, que acompanha o julgamento. Veja alguns trechos destacados pela assessoria:
- Ana Beatriz afirmou que o relacionamento dos pais era conturbado;
- Disse que ele sempre foi violento com a mãe e com os filhos, inclusive, teria dado uma pisa no irmão dela, que chegou a urina devido à agressão;
- Disse que não o reconhecia como pai e se dirigiu o tempo todo a ele como “o Alisson”;
- Disse que, apesar de nova, quando presenciava as agressões, conversava com a mãe e dizia: “Mãe, por que a senhora não separa? Eu nunca vou querer um relacionamento desse na minha vida”;
- Afirmou que Maria Aparecida era dependente emocional dele, que ele a chantageava;
- Falou que presenciou o genitor agredindo a avó materna e que a mãe era proibida por ele de ficar com a avó. Quem ficava era a Ana Beatriz;
- A adolescente relatou que o pai ficava a semana fora, mas mesmo assim a mãe era controlada por câmeras;
- Que saía de casa quando ele chegava. Que ”andava pisando em ovos, com medo de ele entender qualquer atitude dela como errada para apanhar”;
- Que numa das vezes o carro estava com poeira e, como costumam fazer, escreveu o nome dela. “Ele me bateu com muita força por isso”;
- Disse que não tinha contato com a família do pai. “Não há motivos para ter contato com a família do assassino da minha mãe”;
- Também confirmou que quando os pais brigavam, ele levava o carro para a empresa onde trabalhava e também a chave para a mãe não usar;
- Perguntada o que ela queria dizer para a mãe hoje, respondeu: ”Estou preparada para ir até o fim lutando por ela. Que não vou descansar até o assassino dela ser condenado”.
*Os trechos acima foram relatados pela assessoria do MP-AL.
Defesa convocou psiquiatra – Ainda de acordo com a assessoria de comunicação do MP-AL, a defesa de Alisson José Bezerra da Silva convocou um psiquiatra, dentre as oito testemunhas de defesa, para depor e tentar comprovar que o réu teria problemas psiquiátricos graves. No entanto, quando o profissional de saúde entrou no Tribunal, o réu teria dito que nunca o viu antes.
A defesa tentou ressaltar com isso que ele tinha tantos problemas psiquiátricos que não reconhecia o médico. Já a acusação mostrou nos autos que, em nenhum momento, há laudos confirmando tais problemas. E, quando indagado, o médico disse que o réu chegara ao seu consultório triste e com características de que poderia estar num quadro depressivo. Em meio às polêmicas sobre o depoimento, o júri decidiu dispensar o psiquiatra como testemunha. O nome do profissional não foi divulgado.
O juiz responsável pelo caso é Yulli Roter. Ao ser interrogado, ele confirmou ter matado a mulher, mas disse que não se lembrava como.
Relembre o caso – Alisson matou a companheira a facadas no final da manhã do dia 21 de julho de 2022, em um conjunto residencial no bairro do Antares, na parte alta de Maceió. Maria Aparecida Bezerra, de 54 anos, foi morta com golpes de faca pelo marido, de 44 anos. A vítima já havia trabalhado como policial militar, mas tinha pedido baixa para se dedicar à advocacia.
No dia em que o crime ocorreu, Aparecida estava tentando levá-lo para um tratamento em uma clínica, uma vez homem estaria em profunda depressão. Houve discussão e ele a matou. O acusado ligou para uma tia, que foi ao local e o encontrou ao lado do corpo da vítima. Em seguida, Alisson desferiu, com duas facas peixeiras, ferimentos no próprio tórax e pescoço, mas sobreviveu e agora responde pelo crime.